Geração de trabalho ao público LGBT é discutido em seminário promovido pela Semdet

Por: Marta Régia Vieira

Discutir e apresentar ações concretas que vêm sendo desenvolvidas pelo poder público e iniciativa privada para geração de trabalho, emprego e renda à população LGBT- Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (Travestis e Transexuais), na cidade de São Paulo. Este foi um dos principais objetivos do 1º Seminário sobre Promoção dos Direitos LGBT, promovido pela Semdet- Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho nessa quinta-feira, dia 10.

Com a presença de representantes de entidades de classe, sindicatos, instituições, organizações e mais de 200 pessoas ligadas ao segmento, que lotaram o auditório do Cine Olido, no centro da capital, o Seminário abordou a importância da inserção desse público no mercado de trabalho e do resgate da cidadania. “O trabalho é a melhor forma de inserção social, portanto, é nossa obrigação, como governantes, promover essa inclusão via atividade econômica. Não basta aceitar ou ser tolerante. É preciso promover geração de trabalho e renda e ter a participação ativa desse público nos segmentos público e privado”, ressaltou em seu discurso de abertura, o secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho,

O secretário destacou, ainda, que o projeto de reinserção social e cidadania para esse segmento, desenvolvido desde 2008 pela Semdet, por meio do POT-Programa Operação Trabalho, tem efeito difusor relevante e pode servir como exemplo de um começo, ajudando a propagar ações em prol do segmento.

A escritora e editora de livros voltados ao público LGBT, Laura Bacellar, apresentou um panorama sobre o segmento do ponto de vista do mundo empresarial e destacou o grande filão de mercado que o empresariado brasileiro deixa de atender, se virar as costas a esse público. “Hoje, 10% da população brasileira é homossexual, ou seja, 18 milhões de pessoas. Só na cidade de São Paulo somos 1,1 milhão de pessoas invisíveis. As empresas devem pensar nesse público e começar a oferecer produtos e serviços atraentes”, argumenta.

Uma mesa redonda mediada pelo sócio-diretor da Txai Consultoria e Educação e coordenador da área de sustentabilidade, meio ambiente e terceiro setor do Programa de Educação Continuada da Fundação Getúlio Vargas, Reinaldo Bulgarelli, reuniu representantes da Caixa Econômica Federal, Banco Itaú, São Paulo Convention & Visitors Bureau entre outros especialistas, que apresentaram experiências sobre a implantação de programas internos em suas instituições, visando promover o bem estar e a inserção de colaboradores que assumiram sua opção sexual.

O evento buscou promover a sensibilização da sociedade para a necessidade e possibilidade de trabalho conjunto na promoção dos direitos LGBT, sobretudo na empregabilidade e geração de renda para travestis, além de atualizar os presentes sobre legislação e ações governamentais de políticas públicas em andamento no país.

O presidente do banco de microcrédito São Paulo Confia, Hugo Duarte, ressaltou as linhas de crédito específicas para esse público, que, em grande parte, buscam seu negócio próprio, uma vez que encontram dificuldade de inserção no mercado de trabalho. “Não é preciso ficar se humilhando e implorando por um emprego em lugares que o discriminam. A Prefeitura, por meio do São Paulo Confia, acredita nesse potencial e ajuda fornecendo o crédito”, ressaltou.

A certeza ao final do evento foi uma só: muito já se avançou nas questões que envolvem o público LGBT, porém, ainda existe muito a ser feito, principalmente com relação à inserção no mundo do trabalho. “As empresas precisam parar de misturar identidade sexual com qualificação e competência. A inclusão não é responsabilidade social, é dever de entender o cidadão como um ser”, declarou a assistente social, especialista em gestão e implantação de políticas públicas e Conselheira Municipal de Assuntos para Diversidade Sexual do Município, Taís Diniz Souza.