Projeto de capacitação transforma vidas por meio da costura

Por: Solange Borges

Um novo horizonte está surgindo para Rita de Cássia Bezerra de Moura. A poucos dias de concluir o curso de máquina reta e overloque do Projeto São Paulo Costurando o Futuro, a aluna já faz planos para concretizar um sonho de infância, possível pela parceria proporcionada pela Semdet - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho com a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP), Senai, Sebrae e a Singer do Brasil.

Rita tem 52 anos, mora no bairro de Cidade Tiradentes e, segundo ela, a extrema proteção da mãe a impediu de arriscar-se em atividades fora de casa. Os cuidados tinham razão de existir por Rita ter paralisia infantil. “Antes do curso de costura eu vivia em um mundo fechado. Vou me formar pela primeira vez. É uma conquista importante e estou ainda mais feliz por ser na área de costura, algo que eu sempre desejei fazer. Infelizmente, nunca trabalhei e meus estudos foram até o segundo ano do ensino fundamental, mas sei ler e escrever”, salienta.

A aluna, que já possui um modelo antigo de máquina reta industrial, pretende abrir o negócio próprio. “Eu agradeço por esse curso estar acontecendo no CEU (Centro Educacional Unificado Água Azul), pois é perto de minha casa e não tenho dificuldade para chegar. Aqui todos me ajudam e não será difícil dar novos passos como fazer o curso de modelagem (corte)”.

A docente do curso, Maria Cristina de Almeida Joanete, exalta o esforço de Rita. “Ela é muito empenhada e tem apresentado bom desenvolvimento. A deficiência não impôs nenhuma limitação para o manuseio das máquinas e ela me surpreendeu desde o início”, relata.

Maria Cristina destaca também o perfil empreendedor do grupo de alunas que pretendem constituir uma cooperativa. “O curso promove também a mudança de comportamento. Elas chegam com a vontade de ter uma profissão e veem na confecção a oportunidade de se qualificar para o mercado, sustentar a família e de ter o negócio próprio”.

É o caso de Magnolia Jesus Silva, 35 anos, que já comprou uma máquina de costura e planeja montar uma microempresa. “Já adquiri uma máquina reta em prestações e quero montar a minha empresa. Em três meses desejo comprar uma overloque”. A dona de casa Auria Marcia Guedes dos Reis, 49 anos, também está animada com o aprendizado. “Foi uma oportunidade muito boa costurar, pois já tinha noção da área, mas aqui aprendi a usar outras técnicas”.

 

 

Projeto São Paulo Costurando o Futuro: qualificará 7 mil pessoas na área de confecção dos mais variados tipos de vestuário, além de dar assistência a 1.170 empresas que participam da iniciativa. Os trabalhadores serão capacitados em oficinas-escola implantadas nas subprefeituras da Zona Leste em parceria com Senai, Sebrae-SP, Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP) e Singer do Brasil.