Mulheres têm ainda muito a conquistar no mercado de trabalho, revela seminário

Por: Regina Ramalho

Seminário realizado pela Semdet- Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho e organizado pela Coordenadoria do Trabalho debateu a participação e a liderança da mulher no mercado de trabalho. Dentre as conclusões do evento destacam-se que apesar das conquistas, as mulheres ainda enfrentam muito preconceito em algumas áreas profissionais com aumento da desigualdade de salário e de trabalho.

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, antigamente seminário funcionava como uma das muitas tentativas para inserir a mulher no mundo do trabalho. “Hoje a pauta é a liderança e participação da mulher dentro desse universo antes predominantemente masculino. Estamos falando sobre qual o impacto dessa liderança para o bem da sociedade”, afirma. Ainda citou o banco de microcrédito São Paulo Confia que tem como clientes mulheres vetores de empreendimentos: “Talvez isso aconteça porque os homens são muito voláteis até para largarem suas famílias. As mulheres criam raízes e talvez essa seja uma das muitas características que as destacam”, completa o secretário.

A abertura do evento contou ainda com a presença do presidente do Conselho de Administração do São Paulo Confia Hugo Duarte e do secretário adjunto da Semdet. Segundo Duarte a força da mulher quando o assunto é empreendedorismo é muito grande. “O maior número de clientes do São Paulo Confia são empreendedoras, totalizando 60%, pois a mulher consegue fazer a vocação virar oportunidade”.  Lembrou que há 20 anos as reivindicações e lutas eram por direitos básicos. “A mulher lutava por direitos básicos, como os adquiridos após o parto, ou a acidentes de trabalho. Hoje a luta é pela mudança de mentalidades que ainda permanecem machistas”, explica.

O primeiro a palestrar no seminário foi o diretor da Txai Consultoria e Educação, Reinaldo Bulgarelli, que explanou sobre a importância da diversidade no mundo do trabalho. “Oportunidades e condições para o desenvolvimento da mulher no mercado de trabalho, com respeito e consideração pelas suas singularidades, incluindo sensibilidade para com as adversidades que enfrentam, beneficiam não só a mulher mais a sociedade”, disse Bulgarelli.

A diretora da Escola de Administração da Fundação Getulio Vagas (FGV), Maria Tereza Leme Fleury, aponta: “Mesmo conquistando os cargos mais altos dentro das instituições, as mulheres não são reconhecidas, pelo cargo que ocupam”, expõe. “Pesquisas mostram que mais mulheres em ralação aos homens conseguem terminar o segundo grau por serem mais dedicadas. Estudos também revelam o perfil empreendedor, mas ainda em concentrados setores específicos como cosméticos, confecção e varejo”, informa Maria Tereza.

Mesa redonda- Durante debate mediado por Hugo Duarte, o economista da Fundação Seade, Alexandre Loloian sustenta que apesar das conquistas, as mulheres ainda enfrentam muito preconceito no mercado de trabalho “Nos nichos de mercados ocupados culturalmente por homens, como metalurgia e construção civil, elas ainda têm mais dificuldade de entrar o que impede a inserção e contribui para o aumento da desigualdade", afirmou o economista. Segundo o Seade, na Região Metropolitana de São Paulo a taxa de desemprego feminina ficou em 17,8%, e a masculina, 12,3%, a maior diferença dos últimos 19 anos.

Para a presidente da Comissão da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB/SP, Fabíola Marques, os direitos devem ser iguais tanto para homens como para mulheres, assim como está especificado na Constituição. "Queremos direitos iguais e a igualdade implica na divisão de tarefas de forma proporcional. Precisamos, portanto, mudar a mentalidade de homens e mulheres", explicou Fabíola. E exemplifica, citando a questão da licença maternidade “A licença maternidade deve ser legalizada em todas as empresas e os homens também devem ter, no mínimo, três meses, e até intercalar com a licença das mulheres porque, muitas vezes, elas ganham mais que eles e necessitam retornar antes para o trabalho pelo bem da renda familiar”, propõe.

O seminário também contou com a participação e o apoio da Coordenadoria do Núcleo da Mulher, da Secretaria Municipal de Participação e Parcerias, que por intermédio da assessora, Renata Aparecida Ferreira, apresentou aos participantes, a atuação do órgão. “A Coordenadoria acompanha políticas referentes à mulher, trabalhando a defesa de seus direitos e garantindo a plena manifestação das suas capacidades com autônoma”, diz. Hoje existem na cidade, três centros de referência e atenção às mulheres que sofrem violência doméstica. Nesses locais, elas recebem atendimento psicológico, social e jurídico.

A executiva do IBEF- Instituto Brasileiro de Finanças de São Paulo e coordenadora do Ibef Mulher, Luciana Medeiros, falou sobre a necessidade de programas de incentivos para a atuação de mulheres em funções de liderança nas empresas. A participante Regina Célia Salles, do Centro de Cidadania da Mulher de Itaquera considerou importante o seminário. “Por meio de eventos como esse, a mulher que vive na periferia, passa ter consciência do seu poder. Por isso, é necessário que aconteçam mais durante o ano todo”, reivindica. 

 

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