No Dia do Catador, conheça o programa que faz a diferença para quem trabalha com resíduos em São Paulo

A data celebra a profissão e propõe a reflexão sobre como melhorar as condições de trabalho no setor

Em 1º de março, comemora-se o Dia do Catador de Materiais Recicláveis – que antes eram denominados “catadores de lixo”. A data homenageia as vítimas do massacre ocorrido há 32 anos na Universidade Livre de Ottawa, na Colômbia, quando uma quadrilha de tráfico de órgãos assassinou 11 catadores enquanto trabalhavam.

Hoje, a celebração serve para enaltecer e refletir sobre a categoria, em busca de melhorias nas condições de trabalho. Uma das medidas atuais de apoio ao setor é da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, por meio do programa SP Coopera, que fomenta ao todo 60 cooperativas de reciclagem que empregam e são formadas por catadores de toda a cidade de São Paulo.

“Os catadores oferecem um serviço essencial para a cidade, contribuindo para as condições de saneamento e limpeza, a manutenção dos espaços públicos e, sobretudo, para a conservação do meio-ambiente. Eles apoiam o desenvolvimento econômico sustentável colocando realmente a mão na massa e mostrando que todas as profissões merecem e devem ser valorizadas”, destaca a secretária municipal responsável pelo órgão, Aline Cardoso. “Por este motivo, a Prefeitura de São Paulo busca alavancar o crescimento de cooperativas que os empregam de forma digna, formalizada, com todos os equipamentos e benefícios necessários”, completa.

“O que para muitos é lixo, para nós é ouro”

No programa SP Coopera, existem 30 cooperativas de reciclagem habilitadas para atuar junto à Prefeitura e outras 30 ainda em fase de incubação, recebendo orientação e suporte para melhorar a estrutura do seu trabalho.

Uma das incubadas atualmente é a Renascer, que foi formalizada em 2017, mas já está no ramo há mais de 20 anos. Ela surgiu de um grupo de catadores que trabalhavam informalmente, liderada por Elias Ferreira. “O grupo foi crescendo e vimos que éramos capazes de nos juntar para ser uma só cooperativa. Essa é a importância do cooperativismo, um grupo se unindo para criar meios de garantir renda para todos, de forma que sozinhos não conseguiríamos”, relata o diretor.

Já entre as habilitadas, está a Rainha da Reciclagem, fundada em 2016 com a missão de ser um passo na reabilitação e reinserção social de dependentes químicos em Ermelino Matarazzo. Um desses catadores cooperados, Wallace Costa, fala sobre o acolhimento e a mudança de perspectiva depois de começar a trabalhar com os resíduos. “Admito que antes, eu não tinha quase nenhum conhecimento e reconhecimento do trabalho de um catador. Agora, considero um dos trabalhos mais lindos que existem. Trabalhando aqui na Rainha da Reciclagem, amadureci muito esse lado da sustentabilidade, da importância de preservar a natureza o meio ambiente”, declara.

Quem dirige a cooperativa é Elinéia Gomes, que já atua na reabilitação de adictos desde 2009, após superar a própria história de dependência química. Com o crescimento da Rainha da Reciclagem, hoje o grupo conta com equipamentos como esteiras, compressores, balanças e uma organização impecável.

Ela ressaltou a importância de se ter uma cooperativa com toda a documentação em dia e legalizada. “Ter o termo de parceria firmado com a Prefeitura permite que a sua cooperativa receba os resíduos da coleta municipal, além de garantir total legalidade para poder firmar contratos com empresas privadas”, explica.

Neia também explica a importância da dedicação de toda a sociedade civil para facilitar o trabalho das cooperativas. “Não descarte os resíduos da sua casa de qualquer jeito. Limpe, organize e leve até um ecoponto ou uma cooperativa. Porque, para você, pode até ser lixo, mas hoje gera renda para milhares de catadores – só aqui na Rainha da Reciclagem hoje são mais de 120 famílias dependendo disso”.

Últimas ações
Por meio do SP Coopera, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, as ações de coleta de resíduos recicláveis, realizada por agentes da Cooperativa Central Tietê, durante os desfiles das escolas de samba, resultou no recolhimento de mais de 13 toneladas de resíduos recicláveis diversos no Sambódromo, em cinco dias de atividades. Entre os resíduos coletados durante a folia, a maioria era de plástico, alumínio, papel e vidro.

 

Por: Camila Sales Machado

 

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