Na manhã de quinta-feira (08), começou o mutirão de emprego com mais de 200 vagas destinadas prioritariamente para pessoas trans e travestis. A ação vai até as 16h no Cate Central (na Avenida Rio Branco, 252, Centro) e o público não precisa se inscrever previamente, apenas comparecer portando os documentos. Essa iniciativa é realizada em conjunto pela Coordenação de Políticas para LGBTI+, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET).

As vagas são em uma rede de farmácias que selecionará para cargos como farmacêutico(a), atendente, orientador(a) de loja, motorista, ajudante de motorista, analista de abastecimento, analista de marketing, designer de produto, entre outros.

Na abertura, o secretário municipal adjunto de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Armando Junior, destaca que “Datas comemorativas, como o Mês da Visibilidade Trans em janeiro, são o gancho necessário para a realização desses grandes mutirões, porque é quando surge espaço para sensibilizar as empresas a receber esse público, a oferecer vagas direcionadas”. E ainda complementa que “O grande diferencial é que esta é primeira vez que a gente teve uma parceria muito forte e efetiva da Coordenação de Políticas para LGBTI+”.

Soninha Francine, secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, explicou a função da pasta e dessa ação. “A gente se dedica às pessoas, grupos e populações particularmente vulneráveis, aquelas que mais frequentemente tem os direitos ameaçados, às vezes nem reconhecidos. A dificuldade que as pessoas trans – e LGBTI+ como um todo – para ter acesso a uma oportunidade de trabalho é uma violação. Então estamos aqui reagindo a isso e promovendo esse acesso com a parceria imprescindível do setor privado”.

A idealização da ação foi de Léo Áquilla, a coordenadora de Políticas para LGBTI+ da Prefeitura de São Paulo, que é também uma mulher trans. Na fala, logo antes de começarem os atendimentos, explicou sobre as oportunidades, “Todas essas vagas que eu negociei com essas empresas são muito especiais. São postos com oportunidade de promoção a cada seis meses, é plano de carreira. Me emociona pensar que vocês vão sair daqui hoje empregados e talvez, por conta disso, as vidas de vocês serão salvas”.

Até as 11h, mais de 130 pessoas já haviam sido atendidas para o processo seletivo. Na fila para pegar as primeiras fichas, Rafa Oliveira ressaltou a importância desse tipo de iniciativa. “Nossos corpos precisam ocupar todos os espaços, ter dignidade de fato. Mas falta sensibilidade por parte das empresas, da sociedade como um todo, para nos oferecer essas chances. Eu tenho mais de 10 anos de contribuição no mercado de trabalho, mas foi sempre por meio de indicação, nunca de primeira”.

Já Luca Rafael Lourenço, que vai fazer 19 anos, estava lá em busca do primeiro emprego, acompanhado do pai. “Acho que eu estou com uma expectativa bastante alta, principalmente porque é um projeto organizado por uma pessoa trans e para pessoas trans, então isso dá uma certa segurança. Espero que dê certo para mim e para todo mundo que está aqui”.

Ele também diz que se sente otimista em relação ao futuro dos direitos para pessoas transgênero e travestis. “Para uma população que historicamente precisou muitas vezes recorrer à prostituição e trabalhos mais marginalizados, agora com essas oportunidades, cursos e especialização, vejo o pessoal conquistando o próprio espaço, com trabalhos mais dignos e salários melhores”.

Serviço
Processo seletivo para pessoas trans e travestis
Data: 08 de fevereiro (quinta-feira)
Horário: até as 16h
Local: Cate Central (Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo), localizado na Avenida Rio Branco, 252 – República – Centro/SP.

 

 

 

Por Camila Sales Machado 

 

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