Doença de Chagas

  

Trypanosoma sp, forma promastigota, na corrente sangüínea
(Fonte: Atlas de parasitologia Clínica Viqar Zaman, 1979)

 

 

 

 

O que é?

Parasitose causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, cujo vetor são os triatomíneos, insetos popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo.

Transmissão:

As formas habituais de transmissão de T. cruzi para o ser humano são descritas abaixo:

  • Vetorial: pelo contato com fezes de triatomíneos infectados que após o repasto/alimentação sanguínea defecam, eliminando formas infectantes do parasito, que penetram pelo orifício da picada, pelas mucosas ou pelo ato de coçar;
  • Oral: pela ingestão de alimentos contaminados com triatomíneos infectados ou suas fezes. Também pode ocorrer por meio da ingestão de carne crua ou malcozida proveniente de animais de caça infectados;
  • Vertical: pela passagem de parasitos de mulheres infectadas por T. cruzi para seus bebês durante a gravidez ou no momento do parto. Há possibilidade de transmissão pelo leite, durante a fase aguda da doença, na fase crônica a transmissão durante a amamentação pode ocorrer em casos de sangramento por fissura mamária;
  • Transfusão de sangue ou transplante de órgãos: pela doação de sangue ou órgãos/tecidos de doadores infectados a receptores sadios;
  •  Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de animais de caça.

Vetores:

São insetos da subfamilia Triatominae, tanto os machos quanto as fêmeas são hematófagos em todas as fases de seu desenvolvimento.

No ciclo silvestre podem infectar roedores, marsupiais e outros animais silvestres, que constituem os reservatórios do parasita.

As modificações ambientais tem favorecido a adaptação dos insetos vetores a fontes alternativas de alimento, tanto no peridomicílio, como no intradomicílio.

As principais espécies vetoras do T cruzi são: Triatoma infestans, Triatoma brasiliensis, Panstrongylus megistus, Rhodnius neglectus, Triatoma pseudomaculata e Triatoma sordida.

As espécies do gênero Rhodnius encontram-se predominantemente associadas a palmeiras, enquanto as espécies dos gêneros Triatoma e Panstrongylus vivem preferencialmente em associação com hospedeiros terrestres.

Panstrongylus megistus é a espécie de maior importância epidemiológica no Estado de São Paulo estando normalmente associadas aos gambás.

Período de incubação:

O período de incubação da doença é dividido da seguinte forma:

  •  Transmissão vetorial: de 4 a 15 dias;
  • Transmissão oral: de 3 a 22 dias;
  • Transmissão vertical: tempo indeterminado, a transmissão pode ocorrer em qualquer período da gestação ou durante o parto;
  •  Transmissão transfusional/transplante: de 30 a 40 dias ou mais;
  • Transmissão acidental: até, aproximadamente, 20 dias.

Sintomas:

Doença caracterizada por fase inicial aguda, assintomática ou com sinais ou sintomas quase sempre inespecíficos, podendo evoluir para a fase crônica, com comprometimento cardíaco ou digestivo.

Gravidez e Doença de Chagas Humana:

Em casos de gestante sabidamente infectada, é preciso instituir o tratamento ao recém-nascido/criança, imediatamente após a confirmação do diagnóstico, para aumentar a chance de cura. O tratamento antiparasitário em mulheres em idade fértil pode reduzir o risco de transmissão vertical.

Prevenção:

  • Instituir práticas de manejo sustentável do ambiente, de higiene e melhoria nas condições de moradia;
  • Manter quintais limpos, evitando acúmulo de materiais, e manter criações de animais afastadas da residência;
  •  Vedar frestas e rachaduras nas paredes e usar telas em portas e janelas;
  •  Adotar medidas de proteção individual, como o uso de repelentes e roupas de mangas longas durante a realização de atividades noturnas, bem como o uso de mosquiteiros ao dormir;
  •  Realizar ações de educação em saúde as populações que vivem em áreas afetadas ou sob risco;
  •  Realizar ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, educação e comunicação;
  •  Controle de qualidade do sangue utilizado em transfusões.

 Veja também :

 

PROFISSIONAIS:

Tratamento

É importante identificar a fase da doença para definir o tratamento adequado. O tratamento precoce e bem conduzido pode elevar a expectativa de sobrevida e melhorar a qualidade de vida do paciente. 

Diagnóstico Laboratorial

Pesquisa de anticorpos em soro humano e animal. 

 

 Humano 

·        Imunofluorescência Indireta (IFI): detecta anticorpos IgM (fase aguda) e IgG (fase crônica); 

o   Resultado: 24 a 48 horas. 

·        Ensaio imunoenzimático (ELISA): detecta anticorpos da classe IgG. 

o   Resultado: em até 5 dias úteis 

 

Animal 

·        Imunofluorescência Indireta (IFI): detecta anticorpos IgG. 

o   Resultado: 24 a 48 horas. 

Interpretação

Na IFI, considerar soro-reagente amostras com título ≥ 80. Títulos mais baixos podem ser provenientes de reações cruzadas e, portanto, recomenda-se colher nova amostra de sangue do paciente com intervalo de 10 dias.  

No teste de ELISA, um soro será reagente quando sua absorbância for maior que o Cut Off (ponto de corte). 

A confirmação laboratorial de um caso de doença de Chagas na fase crônica ocorre quando há positividade em dois testes sorológicos de princípios distintos. 

 

Envio Correto de Material

 

Material 

·         Soro (1 ml); 

·         Sangue (5 ml).  

 

Conservação/Transporte 

·         Soro: refrigerado ou congelado; 

·         Sangue: refrigerado. 

 

 

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