Esporotricose animal

Informações técnicas

ATENÇÃO: A notificação da esporotricose em animais é obrigatória no Município de São Paulo (PORTARIA Nº 470/2020-SMS.G). Favor encaminhar a Ficha de Notificação para esporotricosesp@prefeitura.sp.gov.br


  •   Agente etiológico

A esporotricose é uma zoonose causada pelo fungo dimórfico Sporothrix brasiliensis, o qual pode apresentar-se na forma de bolor ou levedura de acordo com a temperatura (Montenegro et al., 2014). O agente patogênico é saprófita do solo e já foi isolado de palha, cascas de árvores, madeiras, espinhos de plantas e terra (Campbell, 1998) bem como de lesões de pele, cavidade oral e fragmentos de garras de felinos doentes (Schubach et al., 2001).

As espécies patogênicas do complexo Sporothrix mais relevantes são S. schenckii strictu sensu, S. brasiliensis, S. globosa e S. mexicana (Marimon et al., 2007).

  •  Epidemiologia

 A esporotricose é uma zoonose de distribuição cosmopolita principalmente em países tropicais e subtropicais,de maior ocorrência em áreas urbanas (Sampaio et al., 2000; Larsson, 2011). Sendo a espécie S. Brasilienses a única de caráter zoonótico.

Em 1956 ocorreu o primeiro relato da doença em felinos no Brasil (Freitas et al, 1956) e a transmissão de gatos para humanos a partir de arranhadura foi descrita em São Paulo, em meados do século XX (Almeida et al., 1955 apud Borges, 2007). A esporotricose humana tem sido relacionada à arranhadura ou mordedura de animais como cães e gatos, ratos, tatus e esquilos (Kaufman, 1999).

Nas últimas décadas, um aumento alarmante do número de casos tem sido relatado nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, principalmente no estado do Rio de Janeiro, e tem sido considerado uma hiperendemia de longa duração associada à transmissão felina (Barros et al., 2004). As espécies de Sporothix recuperadas de gatos foram positivas para S. brasiliensis em 96,5% dos casos estudados. Esse achado tem sido também demonstrado nos humanos, o que confirma a transmissão zoonótica associada a essa espécie predominante no Brasil (Barros et al., 2004; Almeida-Paes, 2014).

No município de São Paulo há uma crescente de casos de Esporotricose, houve um aumento de 42% nos casos positivos entre os anos de 2021 e 2022 (São Paulo, 2023). O Núcleo Vigilância Epidemiológica (NVE) da Divisão de Controle de Zoonoses (DVZ) realiza a investigação e acompanhamento para controle zoonótico dos animais acometidos por meio da notificação compulsória

  • Transmissão

Normalmente a infecção é transmitida por inoculação traumática do fungo em pele ou mucosas a partir de solo, plantas ou matéria orgânica contaminada. A esporotricose era considerada uma zoonose ocupacional associada a atividades de agricultura e floricultura. A inoculação do fungo por mordidas ou arranhaduras de animais infectados, em especial felinos vem sendo observada, sendo considerado um fator de risco para os cuidadores dos animais e profissionais da área veterinária.

  •  Sintomas

A doença se manifesta com lesões que costumam restringir-se à pele, panículo e linfonodos e vasos linfáticos adjacentes. Em gatos as lesões ocorrem principalmente em região cefálica, auricular, plano nasal e membros torácicos. Em raras ocasiões, pode disseminar-se para outros órgãos e levar à morte (Barros, 2004). Em felinos, é comum observar-se úlceras na pele e mucosas, podendo também causar sintomas respiratórios.

Lesões de Esporotricose

 

  • Diagnóstico Laboratorial

 O Laboratório de Diagnóstico de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores (LabZoo) da Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ-SP) realiza gratuitamente exame diagnóstico de isolamento do fungo em meio de cultura (ágar Mycosel) a partir de exudato das lesões, coletadas por swab estéril. 

  • Tratamento em animais

O tratamento em animais é realizado com antifúngicos via oral, sendo o Itraconazol o medicamento de eleição, com necessidade de acompanhamento periódico por médico veterinário. O medicamento deve ser administrado em alimento palatável de consistência pastosa (patês ou ração úmida, por exemplo) para evitar a manipulação e risco de infecção dos tratadores no momento de medicar.

Casos de reinfecção ou recidiva podem ocorrer, devendo então reavaliar o animal e reiniciar a medicação.

É muito importante que o médico veterinário oriente o tutor quanto à manutenção dos animais restritos ao ambiente doméstico, impedindo fugas. A domiciliação é a única forma eficaz de prevenir a doença. 

Orientações imprescindíveis de serem dadas aos tutores


• Evitar arranhões e mordeduras e se ocorrer, procurar a UBS mais próxima.
• Não manipular o animal sem luvas, bem como não passar pomadas ou dar banho.
• Higienizar o ambiente e objetos do animal com água sanitária de uso doméstico, na diluição recomendada pelo fabricante. Usar luvas durante a higienização e manter o ambiente ventilado.
• Domiciliar o animal.
• Em caso de óbito do animal: não deve-se enterrar o corpo de animais com diagnóstico positivo para esporotricose.

A prefeitura do município de São Paulo disponibiliza o serviço de recolhimento e destinação correta dos cadáveres gratuitamente. É realizado pela equipe de plantão por demanda.

O serviço pode ser solicitado por contato telefônico:
Núcleo de Vigilância Epidemiológica: (11) 2974-7817 ou 2974-7886
Equipe de Plantão: (11) 2974-7863 ou 2974-7813
 

  • Vigilância e Controle

 O Núcleo de Vigilância Epidemiológica da DVZ-SP realiza ações de investigação, busca ativa de casos em animais e pessoas contatantes, diagnóstico em animais, orientação e o acompanhamento do tratamento nos animais infectados, em conjunto com as Unidades de Vigilância em Saúde - UVIS.

Para a detecção precoce de casos humanos e em animais e é importante que seja feita a notificação para o DVZ-SP de animais suspeitos e/ou positivos. 

  • Fluxo de Notificação e encaminhamento de amostra para diagnóstico

 A Ficha de Notificação de caso suspeito ou confirmado ou de envio de material para diagnóstico de esporotricose deve ser encaminhada para o e-mail: esporotricosesp@prefeitura.sp.gov.br.

O material para diagnóstico deve ser coletado por meio de swab estéril de exsudato das lesões de pele e enviado, ao LABZOO da Divisão de Vigilância de Zoonoses, Rua Santa Eulália, 86 – Santana, São Paulo, juntamente com as informações sobre o animal e proprietário (ficha de encaminhamento de amostra - anexo).

Para mais informações confira a Nota Técnica de Esporotricose Animal.

Acesse AQUI o folheto explicativo que pode ser impresso e distribuído aos tutores.