Por dentro dos hospitais: há 46 anos Flavia trabalha para aprimorar instituições

Gestora, que iniciou carreira como residente no Hospital Municipal do Tatuapé, coordena atuação dos 24 equipamentos da rede municipal

 “Tatu”. É com esse apelido carinhoso que Flavia Porto Terzian, coordenadora de assistência hospitalar da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) se refere ao maior hospital municipal de São Paulo. A intimidade não soa estranha quando se sabe que foi no Hospital Municipal do Tatuapé que a médica iniciou sua vida profissional em 1978, como residente de cirurgia geral.

Também não é exagero dizer que, desde então, há mais de 40 anos, ela nunca mais deixou os hospitais municipais: foi plantonista do próprio Dr. Cármino Caricchio (o nome oficial do Hospital Municipal do Tatuapé) na década de 80, em uma época anterior à própria criação do Sistema Único de Saúde (SUS), na qual o pronto-socorro da instituição, que funcionava de portas abertas à população, recebia até mil pessoas por dia, desde casos graves como infarto até gripes.

Depois, por 18 anos, trabalhou no Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa, na Mooca, inicialmente como plantonista, depois como chefe do pronto-socorro, diarista da Clínica Médica e finalmente como diretora clínica. Desde então, vem ocupando cargos de gestão na área hospitalar.


Em 2009 ela assumiu a superintendência da Autarquia Hospitalar, que de 2008 a 2020 foi responsável pela gestão das instituições municipais. Em 2021, com o fim da autarquia e a integração da área hospitalar à estrutura da SMS, Flávia foi convidada a assumir a coordenação, trabalhando em conjunto com a secretária executiva de Atenção Hospitalar, Marilande Marcolin.

Responsável por supervisionar o que acontece em todos os hospitais ligados à rede municipal (são 12 administrados diretamente pela SMS e outros 12 por organizações sociais, as OSs, reunindo cerca de 28 mil trabalhadores), Flavia sabe de trás para frente os nomes, portes e características de cada um dos mais de 50 hospitais públicos da capital, inclusive aqueles que estão sob administração estadual.

A foto mostra Flavia, uma mulher branca de cabelos loiros curtos, sorrindo.

Favia está há 46 anos atuando na rede pública de saúde. (Foto: Divulgação/SMS)

Em sua trajetória de décadas na rede, já trabalhou com a maioria dos gestores das instituições municipais e mantém com eles uma relação próxima. “Converso com todos diariamente, mas ao mesmo tempo dou liberdade aos gestores; eu brinco que tenho ao mesmo tempo 24 creches e 24 repúblicas independentes aqui dentro”.

Atualmente, a rede municipal conta com 5.005 leitos, além de outros 800 nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), que hoje são responsáveis pela qualificação de boa parte dos atendimentos na cidade, encaminhando aos HMs apenas os casos urgentes. Os números vão dos 48 leitos no Hospital Municipal Dr. Alexandre Zaio, na Vila Matilde, o menor da rede municipal, aos quase 400 leitos do Hospital Municipal do Tatuapé, o maior dentre os municipais. Mensalmente, são quase 150 mil atendimentos de urgência, seis mil cirurgias e 4.500 partos realizados em todas as instituições.

Nos próximos anos esta realidade deve mudar – para melhor - com a reforma e ampliação de pelo menos 13 hospitais municipais. No caso dos hospitais Dr. Alexandre Zaio, Dr. Benedicto Montenegro e Professor Mario Degni, haverá uma ampliação geral da estrutura, que ao final deixará cada um com cerca de 200 leitos. “Ao todo, a previsão é que tenhamos uma ampliação de leitos na rede municipal ao final deste processo”, comenta a coordenadora, que cuidou da formatação do termo de referência para as obras.

Após 46 anos de atividade, incluindo os três anos mais críticos da pandemia de Covid-19, Flavia tem uma certeza: os desafios para a equipe Hospitalar são múltiplos, complexos e sempre renovados, o que exige uma estrutura azeitada, atenta e ciente de que oferecer a melhor assistência ao paciente é primordial. Aposentada desde 2016, ela diz que continuará a dar expediente de segunda a sexta-feira na SMS ao menos até que o marido, que também é médico (os dois se conheceram durante a residência no Tatuapé), decida fechar sua clínica. “Aí finalmente será hora de parar”.