Tuberculose: a importância do tratamento contínuo

Dia Mundial da Tuberculose alerta sobre os riscos da doença e a necessidade de tratá-la até o final para evitar complicações do quadro clínico

Cerca de 70 mil novos casos de tuberculose e 4,5 mil óbitos são notificados todos os anos no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Na capital, em 2023, foram registradas 7.106 ocorrências da doença, o que representa a incidência de 59,19 casos por 100 mil habitantes. Os dados são do Programa Municipal de Controle da Tuberculose da Divisão de Vigilância Epidemiológica (DVE), ligada à Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Com o objetivo de conscientizar a população sobre o contágio e o tratamento de pacientes infectados, o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado neste domingo (24), faz um alerta para a doença infecciosa causada pelo bacilo de Koch que acomete geralmente os pulmões, mas pode atingir outras partes do corpo, como a pele e até o cérebro.

Apesar da alta taxa de mortalidade – segundo o Ministério da Saúde, a doença mata 14 pessoas por dia no Brasil -, a tuberculose tem cura quando o tratamento, cuja duração é de seis meses, no mínimo, é feito de forma adequada e até o final. A falta de adesão, a interrupção do tratamento ou o uso irregular dos medicamentos podem causar resistência dos bacilos ao tratamento, o que complica o quadro clínico e demanda tratamento por um período de até 24 meses.

Saiba mais sobre sintomas e contágio
O principal sintoma da tuberculose é tosse prolongada acompanhada de expectoração, conhecida como escarro ou catarro. Também pode aparecer febre baixa no final da tarde, suor noturno, perda de peso, cansaço e fraqueza, e dores no corpo, podendo variar de acordo com o órgão atingido pela tuberculose.

A doença é transmitida de pessoa a pessoa pelo ar, quando o doente fala, tosse ou espirra, pelas gotículas da saliva, que se transformam em aerossóis e podem permanecer suspensas no ambiente por horas, e alcançar os pulmões. Os grupos mais vulneráveis são pessoas com HIV, privadas de liberdade, em situação de rua, indígenas, profissionais de saúde, usuário de álcool e outras drogas, com diabetes mellitus e tabagistas.

Apenas indivíduos com tuberculose pulmonar são capazes de transmitir a doença, que não é adquirida pelo compartilhamento de roupas, lençóis, copos ou outros objetos. Os bacilos que neles se depositam dificilmente se dispersam na forma de aerossóis.

Tratamento disponível na rede
Em caso de sintomas, procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua casa para avaliação e orientação. Na rotina dos serviços de atendimento da rede municipal, todos os pacientes que relatam tosse por um período superior a três semanas são submetidos ao teste rápido molecular (TRM), com coleta de secreção para detecção de tuberculose.

A localização de todas as unidades da rede municipal pode ser consultada na plataforma Busca Saúde. 

Caso a doença seja diagnosticada, o tratamento é iniciado imediatamente com medicamentos. São administrados ao paciente quatro comprimidos, contendo quatro substâncias, que devem ser ingeridos diariamente durante ao menos seis meses. Para a cura é necessário completar todo o ciclo e o risco de transmissão reduz após 15 dias de tratamento.

Pessoas que entram em contato com indivíduos diagnosticados com tuberculose também devem ser avaliadas na UBS. Caso estejam infectadas, mas não doentes (infecção latente por tuberculose), devem fazer tratamento profilático para não adoecer.

A Secretaria Municipal da Saúde realiza também busca ativa de casos sintomáticos respiratórios (SR), embora seja uma ação contínua durante o ano, que é intensificada nos meses de março e setembro, com atividades externas de conscientização. A ação também contempla moradores em situação de rua. Os usuários diagnosticados são tratados de modo supervisionados por profissionais da saúde diariamente, para a conclusão do tratamento e a cura da tuberculose.

A capital também dispõe de unidades de referência em tuberculose em todas as regiões da cidade. Nelas podem ser tratados casos que são mais resistentes aos medicamentos básicos.

Tratamento observado junto ao paciente
O município incentiva os pacientes em seus cuidados contra a doença por meio do Tratamento Diretamente Observado (TDO), que consiste na observação da ingestão dos medicamentos para o tratamento de tuberculose (TB) pelo profissional de saúde, importante em todos os casos e essencial nos casos de resistência do Micobacterium tuberculosis às drogas do esquema básico. Além da possibilidade de reforço do vínculo, a realização do TDO permite a identificação de eventos adversos precocemente, e de possíveis dificuldades na adesão ao tratamento.

Prevenção da doença
A vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin), ofertada na rede municipal de saúde, protege a criança das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. O imunizante deve ser dado às crianças ao nascer, ou, no máximo, até os quatro anos, 11 meses e 29 dias.

Ações para eliminação da tuberculose
A capital tem o Plano Municipal pela eliminação da tuberculose: 2022 a 2025, cujo objetivo é programar as ações para o enfrentamento da doença, baseado nas diretrizes de metas e estratégias internacionais, nacionais e estaduais, e em paralelo com as necessidades locais, para fornecer um direcionamento às regiões para que as ações sejam programadas de acordo com as suas realidades.

São três pilares principais de ações, com objetivos específicos:
- Pilar 1: prevenção e cuidado integrado centrado na pessoa com tuberculose;
- Pilar 2: políticas arrojadas e sistema de apoio, garantindo recursos, monitoramento e vigilância, estratégias de enfrentamento;
- Pilar 3: intensificação de pesquisa e inovação, a fim de estabelecer parcerias e promover iniciativas para aprimorar o controle da doença.

Saiba mais sobre o plano clicando aqui.