Respeito ao nome social é premissa do acolhimento de Gustavo aos pacientes do CR POP TT

Para o estudante de Farmácia, é preciso entender a importância do respeito ao nome social dentro do processo de acolhida de travestis e transexuais na rede

O Sistema Único de Saúde (SUS) prevê o acesso universal e igualitário a todos, e o uso do nome social, em especial para pessoas travestis e transexuais, que não se identificam com as características do sexo atribuído a elas no nascimento, é reconhecido no âmbito do sistema público desde 2009, quando o Ministério da Saúde (MS) publicou a portaria no 1.820.

Gustavo Henrique Vilas Boas Almeida, de 20 anos de idade, é assistente administrativo há um ano no Centro de Referência para a População de Travestis e Transexuais (CR POP TT) – Janaína Lima, na região central da cidade. Estudante de Farmácia na Universidade Nove de Julho (Uninove), desde a adolescência já pensava em trabalhar na área da saúde. Quando soube que sua trajetória iniciaria na unidade especializada em atendimento a pessoas trans, serviço inaugurado em 11 de janeiro de 2023 pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), foi estudar sobre o tema e as necessidades dessa população.

Preparar-se para cumprir bem a função no acolhimento do centro de referência incluiu entender a importância do respeito ao nome social. “Confesso que comecei a criar uma ansiedade muito grande com medo de errar e, para a minha surpresa, foi supertranquilo. Participamos de uma capacitação com a psicóloga da unidade sobre expressão e identidade de gênero”, conta. Segundo Gustavo, a abordagem é um momento “muito delicado.” Uma pergunta sem o respeito e o cuidado devidos pode afastar aquele paciente que precisa do serviço. “Meu papel é garantir acolhimento e o direito validado. Aqui esse paciente será acolhido da melhor maneira.”

Na imagem, Gustavo está com os braços cruzados em frente a uma placa do CR POP TT. Ele é um jovem de 20 anos, branco, cabelos escuros, de bigode e cavanhaque. Ele usa uma camiseta branca com símbolos do SUS e um crachá com sua foto e nome. Na sua lateral esquerda, aparece parte de um bebedouro preso à parede

Gustavo no CR POP TT - Janaína Lima, localizado no bairro Bom Retiro (Foto: divulgação/SMS)

Já nos seus primeiros dias na unidade, Gustavo recebeu uma adolescente trans. De pronto perguntou o nome social para preencher o cartão do SUS e não esquece o momento da reação. “Os olhos dela brilharam, e até a mãe ficou emocionada pela garantia desse direito, porque na escola haviam tido problemas para respeitarem seu nome social”, relembra.

O jovem atendente do CR POP TT reforça que é muito importante enxergar além, sobretudo ao atualizar os dados do paciente com o nome social, pois há muitos casos de pessoas que vão até a unidade somente para mudar o nome de registro para o nome social no cartão do SUS justamente porque sabem que lá terão esse direito garantido, ainda que seja possível fazer isso em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS). “Se a gente for pensar no SUS, estamos falando da democratização do acesso à saúde, um direito de todos, e nós da recepção temos o dever de facilitar esse acesso”, afirma.

Q+

Nas horas livres, Gustavo adora atividades e passeios. O estudante conta que viajar com amigos e a família, se conectar com a natureza e conhecer lugares novos é algo que o deixa muito feliz e renovado para a rotina no trabalho.