Equipes APD dão suporte e acompanhamento a pessoas com deficiência intelectual

Estratégia conta com 28 equipes multidisciplinares que trabalham para promover a autonomia e inserção social destes cidadãos.

Em 2010 a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) criou a estratégia APD (Acompanhante da Pessoa com Deficiência), que oferece suporte e apoio para o cuidado em saúde de pessoas com deficiência intelectual nos diferentes ciclos de vida. O objetivo da Área Técnica Saúde da Pessoa com Deficiência foi ampliar o protagonismo e a participação destas pessoas na sociedade.

A estratégia APD conta atualmente com 28 equipes e está presente em grande parte dos Centros Especializados em Reabilitação (CERs) da capital que atendem na modalidade de reabilitação intelectual. O programa conta com 278 profissionais como enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e acompanhantes de saúde da pessoa com deficiência, que têm como objetivo fornecer suporte diferenciado para o cuidado, autonomia, independência e para evitar o abrigamento ou internação das pessoas atendidas.

Somente ao longo de 2022 estas equipes realizaram 26.162 atendimentos. O tempo médio de permanência das pessoas com deficiência intelectual no programa é de dois a três anos, podendo variar conforme a necessidade de cada usuário. O APD também realiza a articulação com outros serviços de saúde, como as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Centros de Convivência e Cooperativa (Ceccos), Centros de Atenção Psicossocial (Caps), além outros setores, como assistência social, educação e trabalho, entre outros.

Como parte integrante do CER, a estratégia APD recebe novos integrantes a partir do encaminhamento da UBS mais próxima à residência. Após a realização de uma avaliação multiprofissional no centro de reabilitação, o usuário é inserido no programa, caso se confirme a demanda pelo serviço.

“Depois desta avaliação e da inclusão no programa, a equipe multi elabora um projeto terapêutico singular (PTS), no qual olhamos para este paciente a partir de sua idade cronológica, pensando em que condição ele deveria estar, em termos de saúde, de educação, de interações sociais”, explica a coordenadora da equipe APD Tucuruvi, Lindinalva de Castro. A equipe, que conta com seis acompanhantes, atende em média 80 pessoas.

Se tem data para começar, este acompanhamento da pessoa com deficiência não tem prazo para acabar. “Nossa meta é a máxima autonomia, desenvolvimento e inserção social destas pessoas, e esse é um processo que pode levar anos”, ressalta a coordenadora.

Trabalho começa com orientação e treinamento dos familiares
Um acompanhante pode dar assistência à pessoa com deficiência intelectual até cinco vezes na semana. Dentre as diversas ações da estratégia APD estão: acompanhamento aos equipamentos de saúde, inserção em espaços de lazer, cultura e esporte do território, auxílio no processo de inclusão escolar e no mercado de trabalho, ampliação da convivência familiar, social e auxílio para aquisição de benefícios. Além disso, o foco destas intervenções também está na promoção do autocuidado, mobilidade e comunicação.

Lindinalva conta que o primeiro desafio é sempre a própria família da pessoa assistida. “Temos cuidadores idosos, cuidadores exaustos pela carga de trabalho, e, também, por falta de conhecimento e orientação, temos cuidadores que superprotegem a pessoa com deficiência ou não permitem que ela execute tarefas e assuma responsabilidades de acordo com sua condição, o que compromete sua autonomia”.

Por isso, o primeiro passo do trabalho depois da inclusão de uma pessoa com deficiência intelectual no APD é conhecer sua família e as condições em que vive. A partir daí é feito um trabalho de construção de vínculo, com a pactuação dos dias e horários da visita do acompanhante. Muitas vezes, além de exercícios envolvendo a pessoa atendida, toda a família recebe treinamento para auxiliá-la da forma correta em tarefas do dia a dia, como banho, escovação de dentes, preparos básicos de comida, entre outras. Os cuidadores também têm suporte para atendimento em saúde, incluindo sessões com psicólogos, se necessário.

Grupos trabalham dinâmica interpessoal e também preparam para emprego
Além de todo o trabalho individual, a equipe APD do Tucuruvi também coordena grupos voltados aos cuidadores e às próprias pessoas assistidas. Às sextas-feiras, por exemplo, uma área da Biblioteca São Paulo, dentro do Parque da Juventude, é ocupada por um grupo de 15 a 20 adolescentes e jovens adultos assistidos por vários acompanhantes; em cada encontro, novas dinâmicas são propostas: rodas de conversa, jogos e dinâmicas variadas.

Outro grupo é o de jovens e adultos que já concluíram a etapa de escolarização e estão aptos e dispostos a ingressar no mercado de trabalho. Para estes, o Estratégia APD dá todo o suporte na preparação para este importante passo, por meio da iniciativa Emprego Apoiado, que orienta desde o aspecto comportamental no ambiente de trabalho até o encaminhamento para as vagas disponíveis no território em que a pessoa vive.

A foto mostra um grupo com cerca de 12 pessoas, em sua maioria rapazes, juntamente de mulheres usando coletes azuis com os símbolos do SUS e da Prefeitura Municipal de São Paulo; eles estão de pé em frente à fachada de vidro de uma biblioteca

Os jovens do grupo de convivência, juntamente com acompanhantes do APD Tucuruvi (Acervo SMS)

 

A foto mostra jovens sentados à volta de uma mesa grande; eles manipulam lápis de cor e folhas coloridas de cartolina

O grupo de convivência durante atividade manual (Acervo SMS)