Semana alerta para câncer bucal

Doença possui alto índice de letalidade por ser descoberta normalmente em estágio avançado, por isso é importante ter atenção aos sintomas

Instituída em 2015, a semana nacional de prevenção do câncer bucal (1 a 7 de novembro) alerta para a importância da detecção precoce deste tipo de neoplasia, além dos cuidados para preveni-la. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), em 2020 o Brasil registrou 15.190 novos casos de câncer de boca, sendo 11.180 em homens, que também foram as principais vítimas fatais da doença. Para 2022, o Inca estima que o Brasil também tenha mais de 15 mil casos novos da doença.

Sintomas e fatores de risco
O câncer de boca afeta partes como lábios e outras estruturas da cavidade oral, como bochechas, gengivas, céu da boca, língua (nas bordas, principalmente, mas também embaixo do músculo lingual). Para detectar precocemente o problema é importante ficar atento a sinais como lesões que não cicatrizam nos lábios ou na cavidade bucal, com eventuais sangramentos, manchas ou placas vermelhas ou esbranquiçadas, mudanças na coloração da boca, nódulos no pescoço, rouquidão, dificuldade para mover a língua, para mastigar e engolir.

Um dos principais fatores de risco para o câncer de boca é o tabagismo, o que inclui cigarros de palha, fumo de rolo, charuto, narguilé e outros produtos derivados de tabaco. Outros possíveis fatores são o consumo de bebidas alcoólicas, exposição ao sol sem proteção, obesidade, infecção pelo vírus HPV e exposição a substâncias como agrotóxicos e vários tipos de poeiras comuns em setores como têxtil, indústria do couro, metalúrgica e construção civil.

Atendimento na rede municipal
No município de São Paulo, anualmente é realizada campanha de prevenção ao câncer bucal em dois momentos: durante a campanha de imunização contra influenza e na semana nacional de prevenção ao câncer bucal, entre outras ações de rastreamento nos serviços de saúde. O objetivo, além da prevenção, é o diagnóstico deste tipo de câncer durante as triagens realizadas pelas equipes de saúde bucal nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Em 2020, foram notificados 209 casos de câncer bucal na capital, sendo 72% do sexo masculino, 56% da raça branca, 37% da raça negra e 61% com idade igual ou maior que 60 anos; dentre os pacientes diagnosticados, 77,5% informaram que já foram tabagistas e 57% que já foram etilistas. A língua foi a região acometida em 40% dos casos, seguida do assoalho bucal (19%) e lábios (16%).

Já em 2021, foram notificados 231 casos, sendo que 83,5% do sexo masculino, 58% da raça branca, 34% da raça negra e 57% com idade igual ou superior a 60 anos; naquele ano, 82% afirmaram já terem sido tabagistas e 66% etilistas. A língua foi acometida em 37% dos casos, seguido do palato (16%) e do lábio (15%). Em 2022, até o mês de outubro, já foram notificados 148 casos, mantendo índices semelhantes.

Diante destas estatísticas, os órgãos de saúde alertam para a predominância do câncer de boca entre homens (principalmente na faixa etária acima dos 40 anos), para o fato de que uma parte significativa dos casos é descoberta em estágio avançado e também para a predominância de fatores ambientais entre as causas da neoplasia.

Confira alguns cuidados para prevenir o câncer de boca:

- não fumar;
- evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
- evitar exposição prolongada ao sol;
- ter uma alimentação saudável;
- cuidar da higiene bucal;
- manter-se atento a sinais como feridas e alterações na cavidade bucal;
- usar preservativo (camisinha) na prática do sexo oral, uma vez que o vírus HPV poder ser causador de câncer na região de orofaringe.

Um ponto importante para a prevenção da doença é justamente levar à população informação sobre o câncer oral. O autoexame, que ajuda na detecção precoce da doença, possui um guia disponível no site da área técnica de Saúde Bucal.

Caso se perceba qualquer um dos sintomas associados à doença, deve-se procurar imediatamente um serviço de saúde para consulta e encaminhamento para exames e tratamento, se necessário.

Havendo suspeita de malignidade em uma lesão, o paciente é encaminhado pela equipe de saúde bucal da UBS para o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) de cada região, para acompanhamento do caso e realização de biópsia, quando necessário. Os casos confirmados são encaminhados para atenção terciária para tratamento do câncer.

 A localização de todos os equipamentos da rede municipal está disponível na página Busca Saúde.