Conheça Marineusa, interlocutora do programa Voluntários da Saúde

Atuando há 31 anos no Hospital Tatuapé, a servidora recebe e orienta os cidadãos que desenvolvem atividades voluntárias junto aos pacientes da unidade

Neste ano, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) retomou o programa Voluntários da Saúde, regulamentado por meio da portaria 470/21 SMS.G, que estava suspenso por causa da pandemia e as medidas de segurança que a crise sanitária exige.

Em 28 de agosto, quando o Brasil celebra o Dia do Voluntariado, a interlocutora local de Desenvolvimento e Voluntariado, Marineusa Jesus Ferreira, de 67 anos de idade, tem mais um motivo para comemorar: os 31 anos de trabalho no Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, conhecido como Hospital Tatuapé, fundado em 1969, e pioneiro na estruturação do voluntariado em saúde na rede municipal.

Em 1991, quando iniciou lá, a funcionária escolheu trabalhar na clínica de ortopedia como psicóloga, sua formação. Porém, três anos depois, recebeu um convite para o setor de RH da unidade e topou. Por volta de 1995, Marineusa decidiu não aderir ao Plano de Atendimento à Saúde (PAS) – que pretendia ser um modelo de gestão do serviço público de saúde. Então, a servidora foi transferida para o RH da Prefeitura Regional da Mooca. No ano seguinte, para o ambulatório, onde trabalhou por cinco anos até voltar para o Hospital Tatuapé.

O programa de voluntariado da SMS é formado por cidadãos, que desenvolvem suas atividades de acordo com seu interesse e talentos. Eles trabalham com acolhimento e inclusão, orientação, entrega de kits de higiene pessoal doados ao programa, arte e cultura, entre outras atividades oferecidas pelos hospitais e demais unidades. “A maioria é de mulheres, que querem dedicar o tempo a ajudar ao próximo. O interlocutor do programa faz a ponte entre a coordenação geral e o hospital ou outra unidade em que esse profissional trabalha”, explica.

A foto mostra Marineusa, uma mulher de meia idade de pele negra, junto a um grupo de cerca de 15 mulheres, também de meia idade; elas usam um jaleco cor-de-rosa, que distingue os membros do programa de voluntariado

A psicóloga e a equipe de voluntárias do programa gerido pela Cogep (Foto: Acervo Pessoal)

Interface entre voluntários e instituição hospitalar
No Hospital Tatuapé, Marineusa é a responsável por receber os voluntários, auxiliá-los no que precisarem e dar uma devolutiva das ações realizadas. Sabe quantos voluntários há na unidade e faz a interface com o programa, que é gerido pela Divisão de Desenvolvimento de Carreiras e Qualidade de Vida no Trabalho (DDCQVT), da Coordenadoria de Gestão de Pessoas (Cogep). O hospital ganhou a primeira edição do Prêmio Voluntários da Saúde, organizado pela coordenadoria, em 22 de junho de 2009. O reconhecimento foi na categoria “Perseverança”, pelo tempo de existência do programa e a atuação dedicada aos pacientes e familiares. “Nós temos muitas histórias tristes, alegres, muitas coisas boas acontecem aqui, porque tentamos ajudar as pessoas, promovemos ações e eventos que as deixam felizes.”

A foto mostra Marineusa, uma mulher de meia idade, junto a um homem e uma mulher jovens e a um menino
Marineusa com a filha Juliana, o filho Luiz e o neto Nicolas (Foto: Acervo Pessoal)

Com tantos anos de solidariedade na rotina profissional diária, uma história em especial a marcou. Foi no setor de queimados, no qual o Hospital Tatuapé é referência. Uma das voluntárias acabou adotando um menino que havia sido levado ao hospital para tratamento, após o sítio onde vivia ter incendiado. Internado durante um mês, ele recebeu o apoio dessa voluntária com quem construiu um vínculo. “Ela decidiu adotá-lo, já que o garoto realmente necessitava de um lar e cuidados”, conta. Atualmente, com 81 anos, a mulher que fez esse gesto continua sendo uma voluntária.

A interlocutora Marineusa também já teve essa experiência algumas vezes. Entre 2013 e 2014, foi recrutada para atuar como voluntária na Copa das Confederações, no Rio de Janeiro, e na Copa do Mundo, em São Paulo. Ficou responsável por orientar o trânsito na avenida Itaquera e pelo estacionamento dentro da Arena Corinthians, receber o público e guiá-lo no estádio. “A gente estava lá pra conhecer o local, ver onde era, mas quando entramos ainda estavam terminando a construção do estádio do Corinthians”, relembra.

Feliz por estar sempre perto de pessoas, cuidando, ouvindo, colaborando na busca de soluções, em eventos, encontros e capacitações, Marineusa afirma que a psicologia foi uma escolha acertada. Segundo ela, o voluntariado é para quem tem o dom. “As pessoas que buscam ser voluntárias demonstram o que existe dentro delas para oferecer ao próximo.”

Q+
A interlocutora do voluntariado da SMS conta que “adora viajar”. Marineusa já visitou a Alemanha, onde a filha Juliana Ferreira, de 35 anos, mora. Gostaria de conhecer ainda a França, África do Sul, Croácia e a Dinamarca. “Só não considero sair do meu país para morar em outro”, afirma.

 

A foto mostra Marineusa posando em frente a um grande monumento, o Portão de Brandemburgo, na cidade de Berlim, na Alemanha; o monumento é composto por seis colunas e encimado por uma estátua mostrando uma deusa grega em uma biga puxada por quatro cavalos

Marineusa diante do portão de Brandemburgo, na Alemanha (Foto: Acervo Pessoal)