Saúde bucal atua no tratamento e prevenção odontológica do bruxismo

Doença acomete até 20% da população adulta, mas com o tratamento multidisciplinar do SUS em São Paulo, pode ser controlada

Por Keyla Santos

O bruxismo, também conhecido como ranger ou apertamento involuntário dos dentes, pode ocorrer tanto durante o sono (bruxismo do sono) quanto acordado (bruxismo de vigília). De acordo com a responsável pela área técnica de Saúde Bucal da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Doralice Severo da Cruz, essa condição pode afetar pessoas de todas as idades, sendo a incidência entre crianças de 14% a 20%. Entre os adultos, até 20% são acometidos pelo bruxismo de vigília e de 8% a 16% pelo do sono. Já entre os idosos, a prevalência fica entre 3% e 8%.

A SMS conta com 466 estabelecimentos com equipes de Saúde Bucal na Atenção Básica, 30 Centros de Especialidades Odontológicas, serviços de urgência e equipes em hospitais. Em 2018, foram atendidos 539.788 pacientes odontológicos nas unidades básicas de saúde (UBS) e foram realizados 1.244.506 procedimentos.

O diagnóstico do bruxismo é baseado em relatos de sons de “trituração” dos dentes durante o sono e pode ser confirmado por exames específicos. Esses movimentos involuntários podem provocar dores de cabeça frequentes e de grande intensidade, além de desgastes dentais severos, com perda do encaixe e da altura da mordida, dores nos músculos da mastigação, incapacidade para comer alimentos duros, sensação de cansaço no rosto e pode causar incômodos aos companheiros devido aos sons produzidos pelo ranger dos dentes.


Medidas preventivas

Ter controle nem sempre é fácil, mas é o caminho. “Para prevenir o bruxismo são necessárias ações de controle ou preventivas nos fatores que desencadeiam essa condição, com o objetivo de diminuir a frequência ou até mesmo eliminá-lo”, ensina a especialista da Saúde municipal.

É necessário que a pessoa controle os padrões de contração muscular aprendidos e que se tornaram prejudiciais por causa da repetição constante. Além disso, a redução do estresse e da ansiedade e a melhoraria da situação muscular podem contribuir para a diminuição dos episódios.
 


Tratamento

Doralice esclarece que o bruxismo não tem cura, por isso, seu tratamento varia de acordo com o tipo da contração e com os sinais e sintomas mencionados pelo paciente. “Pode-se fazer uso de várias terapias e, geralmente, o sucesso vem da integração de várias delas. Qualquer terapia em pacientes com bruxismo é mais bem aplicada por uma equipe multidisciplinar, que inclua médicos, psicólogos e dentistas”, recomenda.

As crianças recebem menos terapias invasivas e definitivas, pois os sintomas tendem a diminuir. De modo geral, pode-se fazer uso de abordagens comportamentais, tais como:

- Biofeedback: estimula e ensina o paciente a controlar os movimentos tornando-os cada vez mais conscientes;

- Exercício do N: consiste em repetir várias vezes a letra N para diminuir o apertamento dentário;

- Abordagens como psicanálise, autossugestão, hipnose, relaxamento progressivo, meditação, autocontrole, técnicas de respiração, medidas de higiene específicas para antes de dormir e reversão ou retreino do hábito (padrões de contração muscular aprendidos);

- Abordagens oclusais, como as placas miorrelaxantes;

- Abordagens fisioterapêuticas, como massagem e alongamento muscular, exercícios, ultrassom etc.;

- Acupuntura;

- Fármacos de ação central e periférica.

Vale lembrar que a Unidade Básica de Saúde (UBS) é a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). Procure a equipe de Saúde Bucal da sua UBS de referência. Acesse o Busca Saúde e localize o serviço de saúde próximo à sua casa.