Raiva: prevenir é o melhor remédio

A vacinação continua sendo a melhor estratégia de prevenção e enfrentamento contra essa doença quase cem por cento fatal na maioria dos casos

Por Marie Serafim / Samantha Leite

O Dia Mundial de Combate à Raiva é comemorado no dia 28 de setembro. Doença de origem viral transmitida pelo contato com a saliva ou secreções de animais infectados (principalmente cachorros e morcegos), em geral por mordidas, arranhões ou lambidas, a raiva é uma doença fatal em quase cem por cento dos casos.

Em animais, os sintomas da enfermidade são dificuldade para engolir, salivação abundante, mudança de comportamento e de hábitos alimentares e paralisia das patas traseiras. Em seres humanos, há, entre outros, inquietude, perturbação do sono, pesadelos, queimação, formigamento e dor no local da infecção, com posterior instalação de um quadro de alucinações, febre e crises convulsivas (saiba mais sobre os sintomas em animais e humanos no quadro abaixo) *.

Tendo sido mordido por um animal, mesmo se ele estiver vacinado contra a doença, deve-se lavar imediatamente o ferimento com água e sabão e procurar com urgência o serviço de saúde mais próximo para avaliação e atendimento médico logo após o incidente. No Brasil, a vacina contra a raiva é gratuita e está disponível em toda a rede do SUS – Sistema Único de Saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, desde 1990, os casos de raiva humana diminuíram bastante no país, chegando a zero no ano de 2014; em 2016, foi mapeado o seguinte quadro da doença: raiva canina: 11 casos; raiva felina: 8 casos; raiva em morcegos hematófagos: 19 casos; raiva humana: 2 casos.

Devido à sua gravidade, é muito importante se precaver contra a doença sendo a vacinação de cães e gatos a melhor estratégia de prevenção. Todos os anos, em geral no mês de agosto, as Unidades de Vigilância em Saúde (UVIS), sob Coordenação do Centro de Controle Zoonoses (CCZ) organizam a Campanha de Vacinação Antirrábica de cães e gatos.

Além da campanha, o município tem postos fixos de vacinação antirrábica; na região Sul, por exemplo, eles estão localizados nas UVIS Capela do Socorro, Parelheiros e Santo Amaro Cidade/Ademar, onde também é possível realizar a emissão do Registro Geral Animal (RGA).

Sintomas da raiva nos animais (*)

Os principais sintomas da raiva nos cães são: mudança de comportamento, excitação, agressividade, tendência a morder objetos, outros animais e o homem. O animal morde a si mesmo, provocando, muitas vezes, graves ferimentos. A salivação torna-se abundante, pois ele não consegue deglutir a saliva, em virtude da paralisia dos músculos da deglutição. Há alteração no latido, em virtude da paralisia parcial das cordas vocais. Os cães infectados pelo vírus rábico têm propensão a abandonar suas casas e percorrer grandes distâncias, podendo atacar outros animais, disseminando, assim, a raiva. Na fase final da doença, é frequente observar convulsões generalizadas, que são seguidas de falta de coordenação motora, paralisia do tronco e dos membros, e morte.

Nos gatos, na maioria das vezes, a doença se manifesta do tipo furioso, com sintomatologia semelhante à raiva canina.
(*) Fonte: http://www.saude.sp.gov.br/instituto-pasteur/paginas-internas/o-que-e-raiva/quadro-clinico-da-raiva-em-animais

Sintomas da raiva no homem (*)

A raiva humana se manifesta inicialmente com febre moderada, cefaleia (dor de cabeça difusa), tontura, sensação de mal-estar geral, com dores generalizadas pelo corpo. Alguns casos apresentam aumento de gânglios. O quadro evolui para parestesia (coceira com formigamento ou sensação de arrepio e queimação local), em geral ao redor do local da agressão, apresentando-se, posteriormente, como paralisia parcial e paralisia flácida.

Também são sintomas da doença em humanos: dor de garganta, disfagia e/ou odinofagia (dificuldade e/ou dor ao deglutir), salivação excessiva, tosse seca, rouquidão e pigarro. Pela dor e dificuldade de deglutir, o paciente fica ansioso e mesmo estando com sede, recusa-se a ingerir líquidos, não consegue engolir a saliva, que fica “sobrando” na boca, “baba” bastante, ficando, consequentemente, cada vez mais desidratado. Figuram, ainda, entre os sintomas da enfermidade: anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal (vaga e difusa), constipação intestinal, diarreia e/ou disenteria ou fezes sanguinolentas, hemorragia digestiva, desorientação, diminuição na audição ou surdez, visão dupla e turva e estrabismo.

A destruição causada pelo vírus da raiva atinge inúmeras áreas do sistema nervoso central e produz uma síndrome paralítica generalizada, que evolui para o coma e a morte por parada respiratória.

“Se uma pessoa for mordida por um animal, o ideal é que lave imediatamente o ferimento com água e sabão e se dirija ao posto de saúde para atendimento médico. Lá, a equipe de saúde poderá prescrever um esquema vacinal, que inclui soro e vacina, de acordo com a gravidade do acidente e com a procedência do animal agressor”, adverte a veterinária da UVIS do M’Boi Mirim, Flávia de Carvalho Vechi.


Para Isabela Pereira Ricci Rocha, veterinária da UVIS de M’boi Mirim, “vacinar cães e gatos é um ato de amor ao próximo; uma forma de proteger a população”.

No município de São Paulo a raiva está controlada por vacinação, porém o vírus se mantém no ambiente silvestre (animais silvestres e morcegos), sendo então demasiado importante manter os cães e gatos vacinados, pois são animais que ficam em contato cada vez mais próximo e constante com o ser humano

(*) Fonte: http://www.saude.sp.gov.br/instituto-pasteur/paginas-internas/o-que-e-raiva/quadro-clinico-da-raiva-humana

Campanha Vacinação antirrábica 2017 / O papel do veterinário na UVIS

Neste ano, a Campanha aconteceu entre 21 de agosto e 3 de setembro. Na zona Sul foram vacinados 282.759 animais, sendo 199.451 cães e 83.308 gatos.

“Como veterinária, vejo a saúde como sendo uma coisa só, ou seja, cuidamos da saúde dos animais e isso, consequentemente, repercute positivamente na saúde humana como um todo”, diz a veterinária Flávia.

Nas UVIS, o veterinário realiza diversas ações de saúde pública:

• Organização da campanha de vacinação contra a raiva, auxiliando também no atendimento de casos de reação vacinal;

• Organização e coordenação de mutirões de castração de cães e gatos;

• Coordenação dos postos fixos de vacinação antirrábica e emissão de Registro Geral Animal (RGA), bem como castração de animais nos postos fixos de castração (Núcleo de Esterilização e Castração NEC);

• Fiscalização zoosanitária em imóveis comerciais ou residenciais, atendendo às denúncias de maus-tratos aos animais e de irregularidades no saneamento ambiental;

• Participação na formação do Comitê Regional de Atenção Integral às Pessoas em Situação de Acúmulo (CRASA);

• Fiscalização de estabelecimentos de bens de consumo de interesse à saúde de: indústria, distribuição/comércio e consumo de alimentos: cozinhas industriais, hipermercados, supermercados, refeitórios, açougues, abatedouros de animais (SIM, SIP e SIF), bares, lanchonetes, ambulantes, e congêneres;

• Fiscalização de estabelecimentos de serviços de interesse à saúde seja relacionados a atividades veterinárias (hospitais, clínicas, consultórios, laboratórios de análises clinicas e de biotecnologia, estabelecimentos de diagnóstico por imagem, cemitérios, drogarias veterinárias, pet-shops e outras formas de comércio animal, no uso e prescrição de medicamentos sob controle especial), seja em outras atividades não veterinárias (hospitais, controladoras de pragas, saneantes domissanitários, farmácias e drogarias, da indústria de correlatos e cosméticos, de saneamento ambiental);

• Manejo da fauna sinantrópica (incluindo o controle integrado de vetores e roedores e o manejo populacional de cães e gatos);

• Ação integrada com a vigilância epidemiológica em surtos alimentares e outros agravos, transmissíveis ou não, no controle de zoonoses emergentes e reemergentes, nas campanhas de imunização;

• Desenvolvimento e execução de programas zoosanitários junto às Unidades de Saúde e nas comunidades;

• Capacitação das equipes de agentes de endemias para controle de zoonoses, técnicas de vacinação antirrábica e de comportamento animal;

• Organização de atividades educativas para a população.

“O Médico Veterinário faz a ligação entre os seres humanos e os animais. Atua em diversos setores que abrangem desde a produção de alimentos, aspectos sanitários e nutricionais, fiscalização da qualidade dos produtos de origem animal, saúde dos animais, zoonoses, até indústrias de medicamentos e pesquisas. Enfim, o veterinário é fundamental tanto para a produção de alimentos quanto para a saúde humana e animal”, finaliza Isabela.

Dia do Veterinário

Comemorado em 9 de setembro, o Dia do Veterinário homenageia um ofício bem antigo, cujos primeiros registros datam do ano 4000 a.C. No Brasil, desde 1910 já existiam cursos de formação veterinária. Em 09/09/1933, o presidente da República, Getúlio Vargas, assinou a lei nº 23.133, que regulamenta a profissão.