Colesterol é responsável por 80% dos cálculos biliares

Maior grupo de risco é o de mulheres em idade fértil e obesas

De uma maneira geral, 20 a 40% dos pacientes podem desenvolver alguma complicação ao fim de dez anos de evolução - 80% corresponderão a uma cólica biliar como primeira manifestação, explicou Psanquevich

 

Por Caroline Pellegrino
Foto: Edson Hatakeyama


O colesterol é responsável pela maioria dos cálculos biliares. A colelitíase é uma doença que leva à formação de cálculos na vesícula biliar. Os cálculos são justamente o resultado da saturação das substâncias que compõem a bile e da baixa contratilidade da vesícula biliar - a chamada “vesícula preguiçosa”. Os cálculos da vesícula biliar são de três tipos: de colesterol, de bilirrubina ou mistos. Pelo menos 80% dos cálculos são de colesterol, puros ou mistos (pigmentados por bilirrubina). O restante é de bilirrubina. A colelitíase não apresenta sintomas em 50% dos casos.

O grupo populacional de maior risco ao problema é o das mulheres em idade fértil, ao redor dos 40 anos e obesas. Nelas há também aumento da incidência da doença na gravidez. Nos demais grupos há aumento da incidência com o aumento da idade devido a predisposição genética (histórico familiar), bem como no jejum prolongado, na obesidade e em alguns males como a doença de Crohn- doença inflamatória intestinal, cirrose hepática e diabetes tipo 2.

“A vesícula biliar é um órgão em forma de ‘saco’, situado junto ao fígado, debaixo das costelas, à direita. Ela é responsável pelo armazenamento de bile produzida no fígado. Quando o alimento, principalmente gorduroso, alcança o duodeno (parte inicial do intestino delgado), há estímulo para a contração da vesícula, que expele o conteúdo de bile para dentro do tubo digestivo, cuja função principal é atuar como ‘detergente’ e auxiliando na digestão das gorduras”, explica o gastroenterologista Paulo Kron Psanquevich, da Secretaria Municipal de Saúde.

Os principais sintomas são dor localizada debaixo das costelas à direita ou na região do peito. “É geralmente do tipo cólica, chamada de ‘cólica biliar’, mas pode se apresentar como ‘pontada’ ou sob outros aspectos, podendo irradiar-se para o dorso”, complementa Psanquevich. Durante a crise, o paciente apresenta-se inquieto, já que não existe posição para a melhora da dor.

De uma maneira geral, 20 a 40% dos pacientes podem desenvolver alguma complicação ao fim de dez anos de evolução - 80% corresponderão a uma cólica biliar como primeira manifestação. “O restante apresentará um quadro mais grave, como a inflamação aguda da vesícula, ou do canal biliar principal ou ainda do pâncreas”, completa o especialista.

Tratamento

Segundo diretriz da Organização Mundial de Gastroenterologia, a cirurgia não apresenta benefício em pacientes assintomáticos portadores de colelitíase ou naqueles com apenas uma crise dolorosa sem complicações. O risco da cirurgia, nessas situações, é superior às complicações da conduta expectante.

São exceções a essa posição:

a) Pacientes com diagnóstico de colelitíase que residam em local distante demais para tratamento médico se houver alguma complicação.

b) Pacientes moradores em áreas de alto risco para câncer do canal biliar principal (colédoco), como Chile e Bolívia.

c) Pacientes imunossuprimidos (transplantados em uso de medicamentos imunossupressores).

d) Pacientes idosos com diabetes insulinodependente.

e) Pacientes com perda rápida ou alterações constantes do peso.

f) Pacientes com vesícula biliar calcificada (chamada em "porcelana"), pelo risco acentuado de desenvolvimento de câncer.

Já nos pacientes sintomáticos (com cólicas biliares) ou com complicações, o tratamento cirúrgico é regra.

Cuidados

- Siga dieta rica em fibras (vegetais e frutas) e pobre em gordura saturada (especialmente frituras e gordura animal).

- Faça exercício físico moderado.

- Evite perda rápida do peso nos tratamentos de obesidade.

- Evite longos períodos de jejum.