Mais de 5 mil pessoas param de fumar com auxílio da rede municipal

Tratamento pode ser acessado de qualquer uma das 451 UBS; tratamento específico está presente em 168 unidades da atenção básica

Por Camila Brunelli

Mais de 13 mil pessoas aderiram ao Programa Municipal de Controle do Tabaco, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), desde 2013. Desse total, 5.002 pararam de fumar após um mês de tratamento, correspondendo a 38,06% do grupo. É uma importante conquista a comemorar no próximo domingo, 31, Dia Mundial sem Tabaco. A taxa de abandono do tratamento também caiu: de 37,3% em 2013 para 31,2% nos primeiros três meses desse ano.

A data foi criada pela Organização Mundial de Saúde para evidenciar os malefícios que o cigarro pode causar à saúde. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia apontam que a possibilidade de um fumante morrer antes dos 65 anos é três vezes maior, assim como o risco de problemas cardíacos. A probabilidade de um fumante sofrer de câncer no pulmão é dez vezes maior, em relação a quem nunca fumou. Existem 56 doenças causadas diretamente pelo fumo, como alguns tipos de cânceres, aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias, bronquite crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), problemas circulatórios e enfisema. No homem, também há risco de impotência sexual.

Em 2013, apenas 49 unidades ofertavam o Programa Municipal de Controle ao Tabaco. Atualmente, são 168 unidades, nas quais são realizadas atividades específicas de combate ao fumo, por meio de abordagem cognitiva e comportamental em três meses de tratamento e um ano de acompanhamento. Todas as 450 Unidades Básicas de Saúde (UBS) oferecem acolhimento ao tabagista, ou seja, mobilizam o paciente para que pondere a possibilidade de deixar de fumar e direcionam o paciente.

A dona de casa e artesã Djanira Caetano Brandão Cavalcante, de 55 anos, fumava havia 35 anos e conseguiu largar o cigarro com muita força de vontade e ajuda do grupo da UBS Paraisópolis III, na zona sul. Duas semanas antes do início do grupo, Djanira fumava três maços de fumo diários e teve uma crise de falta de ar que durou três dias. “Eu estava tão cansada que eu não conseguia nem acender um cigarro. Resolvi jogar os maços no lixo e dar um jeito de segurar.”

Segurou por 14 dias, até o início do grupo. “Eu cheguei e disse que precisava da ajuda de todos. Era como um remédio que, ao final da semana tinha que tomar. O meu remédio era ir ao grupo”, disse. “Eu comecei a ficar sem o cheiro de cigarro na roupa, com a pele mais bonita, e a chegar numa sala para falar e não sair aquele cheiro ruim da sua boca.” Faz um ano e nove meses que Djanira está sem cigarro. Frequentemente, vai aos novos grupos de ajuda aos fumantes para dar seu depoimento. “Eu encontro gente que fumava comigo e acho maravilhoso que eles estejam lá, dou a maior força.”

O tratamento intensivo contempla quatro encontros semanais de abordagem cognitivo comportamental e uso de medicação, quando necessário, sempre com avaliação médica. O foco do tratamento é terapêutico. A medicação é a última escolha, como apoio aos casos mais complexos. Quem procura deixar de fumar deve se dirigir a uma UBS e será encaminhado a uma unidade de referência para tratamento intensivo ao fumante.

A SMS atende dentro do protocolo do Programa Nacional de Controle do Tabaco, do Ministério da Saúde. Dentre as diretrizes para o cuidado às pessoas tabagistas estão o reconhecimento do tabagismo como fator de risco para diversas doenças crônicas, a identificação e acolhimento às pessoas tabagistas em todos os pontos de atenção e a formação profissional e educação permanente dos profissionais de saúde para prevenção do tabagismo e tratamento das pessoas tabagistas.