Secretaria é premiada por estudo de epidemiologia

Trabalho aponta que negros são mais penalizados pela Aids

O estudo foi desenvolvido pela médica do Centro de Controle de Doenças (CCD) Débora Coelho e por Eliana Battaggia Gutierrez (foto), coordenadora da área técnica de DST/Aids

 

Texto e foto: Keyla Santos

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) recebeu, no 10º Congresso da Sociedade Brasileira de DST e 6º Congresso Brasileiro de Aids, o primeiro lugar entre cerca de 500 trabalhos (28 deles da SMS), sendo apresentação oral e pôsteres. O evento ocorreu entre os dias 17 e 20 de maio, no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. Organizado pela Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST), com apoio do Ministério da Saúde (SMS) e das secretarias estadual e municipal da Saúde, o Congresso também contou com apresentações de aulas e palestras.

O prêmio recebido pela SMS corresponde à categoria epidemiologia, com o trabalho “Informações sobre raça/cor aprimoram as estratégias de enfrentamento de HIV/Aids na cidade de São Paulo”. O estudo foi desenvolvido pela médica do Centro de Controle de Doenças (CCD) Débora Coelho e por Eliana Battaggia Gutierrez, coordenadora da área técnica de DST/Aids. Utilizando a classificação do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como negros, pretos, brancos, amarelos, indígenas e outros, além dos dados da Pesquisa de Conhecimentos, atitudes e Práticas da População (PCAP), o trabalho conseguiu apontar que os pretos estão sendo penalizados pela epidemia. De acordo com Eliana, as taxas de detecção nesta raça são mais altas, assim como as taxas de morte por Aids.

“A gente começou a ter um olhar epidemiológico sobre isso. O que está acontecendo? Porque, até onde eu saiba, não há motivo biológico que explique isso. O que há é, provavelmente, falta de acesso. Eles se testam menos”, disse a coordenadora. “A gente precisa se preocupar com essa comunidade, tornar o teste mais acessível, ver como chegar a essa comunidade que está desassistida em relação à Aids”, complementou Eliana.

Segundo lugar na categoria pôster

A SMS também contabiliza mais um prêmio na área de Prevenção ou Experiência em Serviços. O trabalho ficou com o segundo lugar e teve como tema abordado “Sífilis congênita: monitoramento das crianças por meio de trabalho integrado da vigilância e assistência”.

Os autores do pôster são: Giselle Okada, Liliam Cobra, Selma Costa, Carlos Demutti, Denise Menezes, Eliana Lopes e Regina Zanetta.


Caminhos da Prevenção

Esse programa consiste na distribuição de preservativos em pontos estratégicos, como as instituições de entretenimento adulto da região central de São Paulo e também terá lançamento oficial antes da Parada Gay. Trata-se de uma parceria com o Programa de Braços Abertos. Nela, os beneficiários estão sendo capacitados para entrar no mercado de trabalho.

De acordo com Eliana, foram mapeados mais de 200 estabelecimentos desse segmento no entorno. “Achamos muito importante que essas instituições disponham de display de preservativos, que tenham sempre preservativos à mão. Eles já fazem a distribuição a pé, mas vão começar a usar triciclos”, afirmou.


Parceria

O Grupo de Incentivo à Vida (GIV) também lançou no estande do PM DST/Aids a cartilha “Direitos Humanos: Jovens Gays e Prevenção”, resultado do trabalho realizado no Núcleo “Viver Jovem”. A publicação relata as vivências de jovens gays soropositivos e soronegativos, além de informar sobre estratégias de prevenção atuais. A elaboração da Cartilha faz parte das atividades do Projeto “Adesão à Vida, Prevenção Primária e Positiva”, que tem apoio do Programa Municipal DST/Aids de São Paulo.

Todos os trabalhos e resumos apresentados podem ser visualizados em http://goo.gl/LyubI9