Vamos falar sobre sexo?

Fórum recebe adolescentes para conversar sobre sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência

Jovens durante a Dinâmica das sensações. A intenção foi apresentar o preservativo e quebrar um antigo tabu de que ele impede a sensibilidade durante o ato sexual


Por Cristiane Guterres

Falar sobre sexo com jovens ainda é tabu para muita gente. Mas os números de grávidas ou contaminados por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), nesta faixa etária, está crescendo. É evidente a necessidade de conversar sobre o tema com eles. Na última quarta-feira (25/03), o Fórum da Criança e do Adolescente de Pinheiros (Foca Pinheiros) organizou, em parceria com o Sesc (Serviço Social do Comércio), um encontro entre estudantes de escolas publicas municipais da região e profissionais de saúde. Temas: sexualidade, DST e gravidez na adolescência.

O evento “Calma aí! Tá ligado?” foi organizado para envolver no tema garotos e garotas, na faixa etária de 12 a 16 anos, de forma descontraída e inteligente. O público que compareceu ao auditório do Sesc Pinheiros foi recebido pelos Agentes de Prevenção e Promoção do SAE Lapa (Serviço de Atendimento Especializado em DST/AIDS) com a dinâmica das sensações.

A técnica consiste em convidar os jovens a colocar um preservativo nas mãos e depois colocar as mãos num balde de gelo, num pote de arroz cru, ou até mesmo ter as mãos esfregadas por uma bucha. A intenção é apresentar o preservativo e quebrar um antigo tabu de que ele impede a sensibilidade durante o ato sexual.

“Eles podem brincar, colocar na mão, fazer bexiga com o preservativo, fazer o que eles quiserem. O importante é que tenham contato com o preservativo de uma maneira ludica, pois é dessa maneira que se aprende, é dessa maneira que eles vão criando interesse”, afirmou Reginaldo Bortolato, Assessor Técnico de DST/AIDS, da Coordenadoria Regional de Saúde Oeste (CRS Oeste).

Filmes

Em seguida, a turma assistiu a dois filmes sobre gravides na adolescência: “Bonezinho vermelho” e “ E agora, Elena?”. Depois puderam fazer perguntas aos profissionais do Foca e aos médicos hebiatras (especialistas em adolescentes) Belito lourenço e Valéria Franzezi, à professora Sueli Massaro, aos psicólogos Odonel Serrano e Reginaldo Bortolato, à médica pediatra Mafalda Hemmann, à assistente social Sara Maria Sares e à ginecologista Ana Lucia Cavalcante.

Como que magnetizados pelo tema, os jovens participaram intensamente do evento enviando perguntas aos especialistas por meio de bilhetes. Alguns, mais corajosos, pegavam o microfone e faziam suas perguntas. “Eu achei muito legal e diferente dos outros que eu já fui, porque este foi mais explicativo. Eles (especialistas) responderam todas as minhas perguntas” disse Caroline, estudante da Escola Municipal José Dias da Silveira.

‘Sexualidade com naturalidade’

A ginecologista Ana Lucia Cavalcante, assessora de saúde da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, foi convidada pelo Foca para responder as dúvidas dos adolescentes. “Este é um espaço muito importante porque agente pode falar de sexualidade com naturalidade. Infelizmente não existe este espaço nas escolas. Os meninos são carentes de tudo. E aí você diz: eles sabem, eles têm internet. Mas o problema é que conhecimento não quer dizer saber. Eles têm conhecimento do assunto, acesso ao assunto, mas eles não têm reflexão sobre o assunto”, afirmou.

Em todo o Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), nos últimos 20 anos o número de adolescentes grávidas, entre 11 e 19 anos de idade, cresceu em média 26%. São Paulo é uma das cidades com a maior concentração de mães com menos de 19 anos. Na região oeste, os números confirmam as pesquisas do MS. Segundo a Coordenadoria de Epidemiologia e Informação da Secretaria Municipal de Saúde, de janeiro de 2010 até dezembro de 2014 o número de crianças nascidas de adolescentes com menos de 19 anos aumentou em mais de 25%. Se formos falar em HIV, os número não são diferentes. Segundo o MS, em todo o Brasil os homens entre 15 e 24 anos são os que mais contraem a doença.

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