Teatro conscientiza crianças sobre riscos da dengue

Agentes de saúde levam às escolas informações necessárias à luta contra o mosquito

Objetivo do espetáculo é levar conhecimento aos pequenos, para que assim orientem os pais a receberem em casa os agentes de zoonoses

 

Texto e fotos por Keyla Santos

A conscientização em relação aos cuidados com a saúde, com a própria higiene e com a alimentação deve acontecer desde a infância. Em meio ao aumento dos casos de dengue na cidade, um espetáculo de teatro da Companhia Vigi Ação aborda com a criançada os cuidados necessários para a eliminação dos criadouros, principais sintomas da dengue e eliminação do mosquito transmissor Aedes aegypti. O objetivo é levar conhecimento aos pequenos, para que assim orientem os pais a receber em casa os agentes de zoonoses.

A Vigi Ação existe há cerca de dois anos. Já realizou cerca de 25 apresentações para crianças de quatro a dez anos. Na última sexta-feira (27/3), a peça “Todos Contra a Dengue” foi montada na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) José Bonifácio de Andrada e Silva, em Santana. Lá, os 334 alunos dos dois períodos puderam aprender um pouco mais sobre o mosquito.

Durante o espetáculo, dez agentes de zoonoses da Supervisão de Vigilância em Saúde (Suvis), de Santana (zona Norte), levam às crianças informações necessárias para a luta contra o mosquito. O texto, desenvolvido por eles, gira em torno de Godofredo, garoto de cinco anos que vive com sua avó, dona Maria. Ela mantém o quintal desorganizado, com muitos criadouros do mosquito e resiste em deixar Sherlock, agente de zoonoses, verificar se há criadouros da dengue em sua casa. Enquanto isso, os mosquitos fazem a festa no quintal e depositam suas larvas. Até que um dia Godofredo fica doente e recebe o diagnóstico de dengue. Dona Maria, enfim, recebe Sherlock.

As crianças ficam o tempo todo concentradas na história e interagem com as personagens. Dessa forma, captam a informação e podem ajudar a conscientizar os pais. Elas percebem a importância de receber o profissional de saúde.


Os resultados ocorrem de fato e os agentes, que também são atores, já puderam perceber a influência exercida pelas crianças no sentido de conscientização dos pais

 

Influência positiva

De acordo Fernanda de Almeida Santos, bióloga e uma das responsáveis pela Companhia Vigi Ação, a iniciativa de realizar essa ação partiu dos técnicos da Suvis Santana, que tinham a ideia de desenvolver um projeto voltado para as escolas, para o público infantil.

“A gente acredita que esse seja um público que cobra muito dentro de casa, que costuma levar muita informação e que está muito aberto a receber novas informações. Como as ações voltadas para a dengue envolvem muito a mudança de comportamento, a gente acha que, ao atingir o público infantil, consegue alcançar um público que vai crescer com aquela consciência e, além disso, vai cobrar dentro de casa também, para que os pais tomem algumas inciativas”, explicou Fernanda.

A bióloga destacou que os resultados ocorrem de fato e os agentes, que também são atores, já puderam perceber a influência exercida pelas crianças no sentido de conscientização dos pais. “Uma das agentes de zoonoses que participa do grupo foi à casa de um munícipe para fazer as ações de prevenção, mas a dona da casa não queria deixá-la entrar para fazer as ações de controle. E aí, lá do fundo da casa, ela ouviu a voz da criança pedindo para a mãe deixá-la entrar, porque ela tinha ido à sua escola. O retorno é legal e a gente já sente na prática”, afirmou.

O agente de saúde e integrante da companhia de teatro Nézio Arantes, de 43 anos, interpreta o menino Godofredo e se diverte ao mesmo tempo em que transmite informação para as crianças. “Nesses pouco mais de dois anos, o teatro tem sido proveitoso. Quando as crianças nos encontram na rua, nos seus lares, enquanto fazemos as visitas e nos reconhecem é muito gratificante. O teatro faz a diferença no combate à dengue porque as crianças acabam adquirindo mais conhecimento e costumam aplicá-lo quando chegam às suas casas”, disse.

A coordenadora pedagógica da EMEI, Andrea Dias Ferreira, disse que além da apresentação teatral, outras ações de conscientização são realizadas com as crianças. “É fundamental, pois às vezes os pais e a família não têm essa consciência e a criança dá um puxão de orelha mesmo. Eles aprendem a fazer a prevenção e passam o aprendizado para as famílias e ajudam a cuidar para que não haja proliferação do mosquito”, comentou.