A oficina de banda promoveu eventos externos, aprofundando ainda mais a ideia de reinserção social entre a populção em situação de rua e os profissionais de saúde

 

Por Anna Carolina Alves

Reafirmar valores pessoais e culturais. Esse é o principal objetivo do projeto diferente e acolhedor desenvolvido pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Adulto III Mandaqui. Esses valores podem ser encontrados na oficina da banda “Tamu Junto e Misturado”, desenvolvida por pacientes, psicólogos e auxiliares técnicos e de enfermagem.

O projeto teve início em 2012, com a inauguração de um espaço terapêutico e de encontros musicais solicitados por usuários. Meses depois de tratamento terapêutico bem encaminhado, nasceu a banda “Tamu Juntos e Misturados”. Os participantes escolheram o nome por considerar que "Juntos" tem significado de dividir, conviver, além de refletir a vivência comunitária e social da maioria dos usuários.

A oficina visa propiciar inserção social através de estímulos à participação em cursos, eventos comunitários (shows, saraus etc), além de apresentações do repertório em eventos. O técnico de enfermagem Cláudio afirma que a banda “representa um momento de relaxamento, aquela parte da semana onde há entrega à música, ao som dos instrumentos e que a banda, através da confraternização entre os companheiros de trabalho e usuários, possibilita se libertar do estresse da vida”.

O fato de a oficina ter sido direcionada num primeiro momento apenas para um espaço terapêutico facilitador de interação e expressão de conteúdos musicais, na festa de Natal de 2012, realizada no CAPS, não desanimou os integrantes. Logo eles decidiram realizar a apresentação do seu repertório a amigos, familiares e funcionários.
A psicóloga Vanessa, do CAPS Adulto III Mandaqui, sintetiza a grande importância dessa oficina da “Tamu Juntos e Misturados”: “É notório o quanto, através da música, os usuários têm conseguido manifestar sentimentos e emoções, resgatando laços, pois a oficina proporciona essa relação interpessoal, somando para o processo de reabilitação psicossocial. É um momento no qual os pacientes vivenciam suas escolhas e seus desejos de uma maneira única, tornando tudo muito significativo este espaço. De fato, a música tem proporcionado a transformação interior dos nossos usuários”.

Projetos em 2015

Um dos momentos marcantes da oficina ocorreu no último dia em 27 de fevereiro, em parceria com a banda do CAPS Alcool e Drogas III Santana, no Programa Consultório na rua. Os participantes vivenciaram o momento com entusiasmo e cidadania, além de fazerem o papel de agentes de inclusão social. Segundo o gerente do CAPS AD III Santana, Vilmar Ezequiel dos Santos, “essa participação e parceria promoveu um espaço terapêutico, de reabilitação psicossocial e de promoção, possibilitando novas experiências e lugares sociais aos portadores de graves sofrimentos psíquicos”.