Biblioteca itinerante utiliza livros para ajudar dependentes de drogas

Projeto educacional aproxima população do Programa São Paulo De Braços Abertos

Quando se pensa em uma biblioteca, logo vem à memória um ambiente repleto de mesas, cadeiras, estantes cheias de livros. A Secretaria Municipal da Saúde criou a Biblioteca Psicoativa Itinerante. Considerado uma poderosa ferramenta de aproximação da equipe Consultório na Rua (do Programa de Braços Abertos) com os usuários de drogas e da população em situação de rua com alguma patologia mental, o livro atua como substância psicoativa. Os resultados se mostram positivos.

Os trabalhos são feitos na região da Lapa e de Pinheiros. Porém, atividades semelhantes já ocorrem nas proximidades da Avenida Paulista e na região da Mooca, zona leste da cidade. Um dos precursores da ação é o assistente social Diego Lagatta. Após obter uma doação de 260 livros - e um carrinho para transportá-los – ele providenciou para que os exemplares fossem levados à região da Luz, onde agentes da Prefeitura atuam no Programa São Paulo De Braços Abertos.

O grupo - que faz intervenções em diversas regiões da cidade - tem uma estratégia própria para abordar os usuários de drogas. Em um objeto de madeira batizado de “Árvore do Saber” são colocados kits com um livro, uma mensagem inspiradora, um texto falando sobre o poder daquele kit e onde ele poderá ser entregue e/ou trocado por outro. “O conjunto é envolvido em um saco plástico para evitar a degradação causada pela chuva”, disse a enfermeira Ana Paula Cruz Almeida, integrante da equipe Consultório na Rua.

Um dos trechos do texto entregues afirma: “Pesquisas com a substância (livro) revelaram que seu consumo, mesmo que moderado, melhora seu relacionamento interpessoal e comunitário. Em caso de dependência, procure a equipe de Consultório na Rua ou vá aos endereços abaixo para solicitar a troca de seu livro psicoativo”.

O psicólogo Álvaro Belloni afirma que, dentre todos os livros, os que fazem mais sucesso, e “causam dependência”, são as histórias em quadrinho. “Precisamos de mais desses exemplares, pois são os que eles mais pedem”. Além disso, o psicólogo frisa a importância de ter doações. “Somente assim teremos variedades capazes de estimular as trocas entre eles”, disse.

Bons frutos

Entre os casos de sucesso, o pessoal do Consultório na Rua aponta o de um senhor na região da Lapa. “Quando fomos lá fazer uma ação, levamos um violão e fizemos uma roda de música e conversa. Um senhor que estava lá pediu para tocar. Ele tocava muito bem. Quando terminou, pediu lápis e papel, e voltou para o lugar onde ficava”, contou o psicólogo Rodrigo Sette, outro membro da equipe. Quando o senhor voltou, ainda segundo Sette, entregou aos agentes uma poesia. Ao ler, todos perceberam que se tratava de uma despedida. “Ele falou que, quando voltássemos, certamente não o encontraríamos mais lá, pois tinha decidido voltar para a casa da família”, finalizou o psicólogo.

Colaborador: Bruno Di Giaimo


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