Todos por uma causa! Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase

Doença tem cura e tratamento é oferecido na rede pública de saúde

Por William Amorim

Neste domingo, dia 25 de janeiro, é celebrado o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. Popularmente conhecida como lepra, a doença infectocontagiosa é considerada endêmica em todo o país, com maior incidência em cinco estados: Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Pernambuco.

Todos os anos, o Ministério da Saúde lança uma campanha de conscientização para alertar a população sobre as causas e sintomas da lepra. O tratamento é oferecido pela rede pública de saúde. Mesmo assim, ainda existem pessoas que esperam o seu quadro clínico se tornar grave para procurar atendimento. “Apesar da intensa busca ativa, ainda aparecem muitos pacientes em estágios avançados da doença, já com algumas incapacidades”, explica a enfermeira da UBS Jardim Nakamura, Márcia Pascoalito. “A maioria destes casos são de pacientes que viviam em outros Estados, geralmente regiões endêmicas da doença”, completa.

A boa notícia é que, nos últimos dez anos, constatou-se um resultado positivo na tentativa de eliminar a doença do país. Os números mostram que nesse período houve uma queda de 68% na taxa de prevalência da hanseníase e um aumento de 21,2% na taxa de cura.

O diagnóstico precoce adianta o tratamento e elimina o risco da pessoa infectada iniciar uma cadeia de transmissão da doença. “As ações que o SUS têm desenvolvido vêm mudando o perfil da hanseníase no nosso país. O aumento no número de casos registrados, na verdade, significa que estamos sendo mais eficazes em fazer o diagnóstico e também no encaminhamento do paciente para tratamento e investigação de possíveis casos no ambiente familiar, o que é fundamental para interromper a transmissão”, explica o Ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Foi durante uma visita domiciliar que a agente comunitária de saúde (ACS) Edneide Ferreira identificou um paciente com a doença. “Nós sempre orientamos a população sobre a doença. Um dia um usuário relatou que estava com essas manchas. Ele já havia tido hanseníase na adolescência e veio imediatamente fazer tratamento aqui na UBS Jardim Nakamura”, relata a ACS.

Premiação

Na Coordenadoria Regional de Saúde Sul, ligada à Secretaria Municipal de Saúde, as ações de prevenção e combate à doença são levadas a sério. Tanto que na 5ª edição do Fórum da Hanseníase do Município de São Paulo, realizado em setembro de 2014, no Hospital Santa Catarina, a região foi premiada em várias categorias.

A SUVIS de M’Boi Mirim foi premiada na categoria Supervisão de Vigilância em Saúde, com 100% das UBS do seu território treinadas e com maior número de profissionais treinados por unidade para detectar e tratar a doença.

Na região sul, que atingiu cerca de 90% de taxa de cura dos pacientes, as seguintes unidades foram premiadas por fazer o controle da doença: UBS Vila Prel (STS Campo Limpo), UBS Jardim República (STS Capela do Socorro), UBS Chácara Santa Maria (STS M’Boi Mirim), UBS Jardim Santa Fé (Parelheiros) e UBS Jardim São Carlos (STS Santo Amaro/Cidade Ademar).

Referência e exemplo

Sendo referência para 33 unidades da região sul, o Ambulatório de Especialidades Dr. César Antunes da Rocha (AE Pedreira) oferece tratamento completo contra a hanseníase. Todos os funcionários, independentemente se são da área da saúde ou não, são capacitados para compreenderem melhor sobre a doença - até mesmo os seguranças e atendentes recebem a capacitação.

No passado, as pessoas com essa patologia era discriminadas e isoladas. Hoje o preconceito ainda existe, mas a coordenadora de enfermagem e gerente interina da unidade, Maria Zaira B. Gonçalves, conta que a equipe encoraja os pacientes a irem atrás do diagnóstico, “A hanseníase tem cura. Não há motivo para ter vergonha, o quanto antes o médico for solicitado mais rápido se iniciará o tratamento e menor será o risco de ficarem sequelas”.

A AE Pedreira mantém suas portas abertas das 7h às 19h, pronta para atender qualquer suspeita. Se diagnosticada, a pessoa conta com acompanhamento, tratamento e reabilitação, que inclui o apoio de uma equipe multiprofissional com terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo e enfermeiro. Hoje existem 15 pacientes em tratamento e 30 em acompanhamento pós-alta.