Plano de Combate à Dengue reforçará ações no município

Comitês Regionais de Combate à doença atuarão na conscientização dos munícipes, na prevenção e no planejamento de ações integradas

Agentes de zoonoses realizam ações de orientação aos munícipes e monitoramento de pontos estratégicos como ferros-velhos, locais de grande circulação de pessoas e escolas, entre outros

 

Por Keyla Santos
Fotos Edson Hatakeyama

O secretário municipal de Saúde José de Filippi Jr. e a vice-prefeita de São Paulo Nádia Campeão se reunirão nesta sexta-feira (28/11), às 11h, na sede da Prefeitura, com os subprefeitos e agentes de zoonoses para abordar o Plano de Combate à Dengue. Na reunião serão apresentados os Comitês Regionais de Combate à Dengue que atuarão na conscientização dos munícipes, na prevenção ao Aedes aegypti e no planejamento de ações integradas. A portaria 2.286/2014, de 5 de novembro deste ano, estabelece que os serviços públicos e privados de saúde devem realizar, em até 24 horas, a notificação compulsória dos casos suspeitos.

O Plano de Combate à Dengue será implementado em todas as subprefeituras. É o resultado do processo de revisão do Programa Municipal de Vigilância e Controle de Dengue do Município de São Paulo. A revisão se fez necessária para reduzir cada vez mais os vetores de transmissão (Aedes aegypti e o Aedes albopictus, mosquitos que transmitem a dengue) nas regiões classificadas como de altíssimo risco e de alto risco, a fim de evitar novo surto da doença.

De acordo com a médica sanitarista Bronislawa Ciotek de Castro, integrante do Grupo Geral de Coordenação de Combate ao Aedes  da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), entre os componentes do plano estão ações de combate ao vetor, com visitas mais intensas dos agentes de zoonoses em todas as regiões. Eles terão como objetivo educar e apontar o que é um criadouro (local onde o mosquito pode se reproduzir) e o que fazer para eliminá-lo. “Isso é muito importante na prevenção porque de 80% a 90% dos criadouros estão no quintal ou dentro da casa”, disse Bronislawa.

Chikungunya

Outros itens do plano são o atendimento às denúncias dos munícipes e o plano de contingência. Estas ações organizam desde a notificação dos casos até a assistência, o atendimento dos pacientes, a classificação e a porta de entrada de cada região. Também estão sendo realizadas capacitações dos integrantes das equipes sobre dengue e chikungunya. “A chikungunya é outra doença, mas é transmitida pelo mesmo mosquito. O vírus é diferente, mas é o mesmo mosquito que transmite essa doença. Por isso, o pessoal da Vigilância Epidemiológica está capacitando as equipes de todas as regiões”, afirmou a médica.

O total de agentes de zoonoses varia de 2.500 a 2.700. Eles estão divididos em 25 Supervisões de Vigilância em Saúde (Suvis). Realizam ações de orientação aos munícipes e monitoramento de pontos estratégicos como ferros-velhos, locais de grande circulação de pessoas e escolas, entre outros. As ações de controle da dengue na cidade seguem o Plano Nacional de Controle da Dengue e o Plano Municipal de Vigilância e Controle da Dengue. Elas são divididas em ações preventivas e de bloqueio da transmissão.

A ajuda da população é fundamental para o combate à dengue. “Dessa forma, é possível apontar onde está acontecendo a transmissão para as secretarias e para as subprefeituras. Assim, a gente consegue otimizar o trabalho. Todo mundo trabalhando junto contra a dengue tem uma chance muito maior de dar certo”, disse Bronislawa.


Médica sanitarista, Bronislawa Ciotek de Castro alerta para a necessidade da conscientização dos municípes, porque de 80% a 90% dos criadouros estão no quintal ou dentro da casa
 

Dengue em São Paulo

Dados da Secretaria Estadual da Saúde apontam 188.922 casos confirmados até o momento em todo o estado. Na capital, até a semana epidemiológica 44 (1º de novembro), foram registrados 27.721 casos autóctones (contraídos no município). Do total de casos da doença na cidade de São Paulo, 98,6% ocorreram no primeiro semestre de 2014, com 12 óbitos. No segundo semestre a incidência despencou - de 21 de setembro a 13 de novembro, por exemplo, o município registrou apenas 36 casos.

A taxa de incidência na cidade, considerando o ano todo, é de 246,3 casos para cada 100 mil habitantes, considerada média pelo Ministério da Saúde. As regiões oeste e parte da norte – que fazem divisa com os municípios de Osasco, Mairiporã e Guarulhos, cidades que também apresentaram aumento da doença –, foram as que registraram maior número de casos. Desde julho o município já está em fase de baixa transmissão.

Segundo Bronislawa, em 2010 foram notificados 5.866 casos de dengue e em 2011 foram 4.191. Já em 2012, foram registrados 1.150 casos e em 2013 foram 2.617. “Nossa cidade tem potencial de gerar muito mais casos do que os registrados em 2014. Por isso existe esse programa, por isso há investimentos, comunicação, divulgação e o trabalho com os agentes”, disse.

Os dois casos de chinkungunya registrados em São Paulo não foram contraídos no município. “Os casos registrados são de pessoas que viajaram para áreas de transmissão e retornaram doentes. Logo, são casos importados”, afirmou a médica.