Reunião Ordinária do GTEPS – Novembro de 2023

A reunião foi marcada pela apresentação dos projetos de TCC das trabalhadoras da Escola Municipal de Saúde e uma apresentação sobre avaliação das ações educativas

Por Fernando Rodrigues dos Santos

 

No último dia 16 de novembro, aconteceu a reunião mensal do Grupo Técnico de Educação Permanente em Saúde no qual teve a apresentação de dois Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) das trabalhadoras de saúde da Escola Municipal de Saúde (EMS-SMS/SP), junto a dois comunicados e uma apresentação final sobre os Instrumentos de Avaliação de Ação Educativa.

O primeiro comunicado foi feito por Edyra Damasceno, (representante) do Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos (CEP), que trouxe à tona a importância de esclarecer o fluxo de submissão de projetos ao CEP. Identificando erros recorrentes cometidos pelas mesmas coordenadorias, ela propôs a apresentação do fluxo na próxima reunião, visando esclarecer dúvidas e otimizar o processo. Edyra também informou a mudança na coordenação do CEP, agora sob a responsabilidade de Carmen Silva Carmona de Azevedo, e sobre possível mudança do CEP, que pode sair do seu lugar atual (na EMS), pois deverá ficar subordinado ao secretário.

Edyra Damasceno dando comunicado sobre o CEP

Edyra Damasceno dando comunicado sobre o CEP

O segundo comunicado, apresentado por Cláudia Abreu, diretora da Escola Técnica do SUS (ETSUS), revelou uma iniciativa do Ministério da Saúde. O programa nacional visa promover equidade de gênero, raça, etnia e valorização das trabalhadoras do SUS. Cláudia destacou a importância de um olhar transversal sobre essas questões e informou sobre dois editais lançados. O primeiro, destinado à sociedade civil, e o segundo, para ações nos municípios, estados e universidades.

Cláudia explicou que o programa abrange diversas temáticas, indo além de raça e gênero. Ele propõe a transversalidade das ações, integrando-as aos programas educativos existentes. Ela também mencionou a oferta virtual de módulos educativos pela UNASUS em 2024, visando o letramento sobre questões de equidade. Cláudia apresentou um projeto elaborado pela ETSUS, que visa envolver as trabalhadoras nas discussões sobre suas realidades e desafios a partir de rodas de conversa nas regiões do município, para identificar demandas e, posteriormente, desenvolver cursos e ações transversais.

Cláudia então deu início à apresentação do seu projeto de TCC com Claudia Cassavia, “Ensino na Saúde na SMS/SP: Identificando o perfil do preceptor desejado”, para o curso de Especialização em Educação na Saúde do Centro de Desenvolvimento de Educação Médica (CEDEM), na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. As pesquisadoras escolheram o tema devido às inquietações sobre o trabalhador de saúde que se relaciona com as ações de preceptoria, ao se perceber educador na saúde; como foco nas residências em saúde. Sendo a educação um processo contínuo e progressivo, apresentou as analogias no processo educativo e na transformação do trabalhador em educador enquanto realiza suas ações nos serviços de saúde. O Projeto de pesquisa foi submetido aos CEP do HC e da SMS e aguardava parecer favorável, para a realização da coleta de dados, por meio de Grupo Focal, que aconteceu em no início de novembro de 2023.

Uma vez que a especialização encerrou em maio de 2023, as inquietações, traduzidas em perguntas, as reflexões e a discussão com a literatura foram apresentadas aos participantes.

Durante a apresentação, as Cláudias, como as autoras se intitularam, compartilharam suas experiências no curso, a busca pela identidade como educador na preceptoria em saúde foi central, inspirada pela lógica de ensino em serviço, tendo como base a Pedagogia de Paulo Freire. A escassez de literatura abrangente sobre formação em saúde para as categorias de saúde, fora da medicina foi um desafio.

Cláudia Abreu e Cláudia Cassavia (As Cláudias)

Cláudia Abreu e Cláudia Cassavia (As Cláudias)

Destacaram também, a necessidade de reconhecimento e espaço para os preceptores, apontando a complexa equação entre as demandas de assistência em saúde e a preceptoria. O trabalho, mesmo “inacabado”, revela reflexões ricas sobre a identidade do preceptor em saúde, indicando a importância de continuar essa jornada de construção coletiva.

Márcia Fernandes continuou a reunião com a apresentação do seu projeto de TCC com Fernanda Ferrari, “O SUS como escola: o olhar dos profissionais de saúde que exercem papel de preceptores de estágio na Atenção Básica do Município de São Paulo”, para o mesmo curso.

O trabalho visa compreender como o SUS atua na formação em São Paulo, focalizando a perspectiva dos profissionais de saúde que atuam como preceptores na Atenção Básica. Com mais de 12 milhões de habitantes e 1.020 equipamentos de saúde, a cidade concedeu 127 mil estágios em 2022, totalizando 8 milhões de horas de ensino em serviço, de acordo com algumas contas feitas pelas pesquisadoras.

Destacando o papel do SUS como ordenador da formação, as pesquisadoras ressaltam a adesão ao COAPES e a importância da integração ensino-serviço, e o estudo, que deve ter aproximadamente 940 participantes, visa mapear os preceptores, compreender suas dificuldades e avaliar o impacto de suas atividades. O projeto que já foi aprovado pelo CEP do HC e tem a carta de anuência da CAB, mas aguarda aprovação final da instituição coparticipante, o CEP da prefeitura, enfatiza a capacidade de recomeçar e reconstruir, conforme a filosofia de Paulo Freire.

 

Avaliação

 

Após as apresentações dos TCCs, Márcia abordou o tema da avaliação na educação, com foco em modelos de instrumentos de avaliação. A discussão destacou a complexidade da avaliação na educação permanente, enfatizando a necessidade de tornar o processo significativo e capaz de gerar mudanças no comportamento.

Márcia Fernandes durante apresentação do tema central do GTEPS

Márcia Fernandes durante apresentação do tema central do GTEPS

A médica ressaltou a falta de avaliação dos profissionais já formados, e enfatizou a importância de considerar o tempo de maturidade da formação e como isso impacta a prontidão do profissional para o trabalho. Ela também compartilhou a experiência de outros países, como a Suécia, onde a formação do médico da família é avaliada ao longo de um período flexível de 4 a 6 anos.

Foi discutido, ao longo da apresentação, o desafio de avaliar a atitude dos profissionais, com ênfase no local de trabalho, onde trouxe instrumentos de avaliação úteis, como o MiniCEX, DOPS e discussão de casos clínicos. A Dra. Márcia deixou claro que o propósito da avaliação foi enfatizado como uma oportunidade para aprendizado contínuo, com a necessidade de feedback construtivo.

A próxima reunião foi adiantada e acontecerá no dia 14 de dezembro.