Por Fernando Rodrigues dos Santos e Waleska Rodrigues

 

O mês de junho é dedicado à pauta da Diversidade e do Orgulho LGBTIA+. O tema é a celebração e defesa dos direitos dessa parte da população, assim como a divulgação de ações e iniciativas que reconhecem, acolhem e fortalecem sua luta.

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS/SP) possui uma interlocução dedicada à promoção de políticas públicas de saúde para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, pessoas não binárias, intersexo e assexuais, que tem como objetivo garantir a universalidade do acesso e a equidade da oferta de ações e serviços nos campos da atenção integral, da promoção e vigilância em saúde, da educação permanente, da informação e da pesquisa, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Visando a educação permanente dos trabalhadores da saúde, no que diz respeito à atualização sobre temáticas direcionadas à saúde da população LGBTIA+ e das crianças e adolescentes com variabilidade de gênero, foi criado o curso “Atualização sobre Atendimento a Pessoas Transexuais, Travestis e com Variabilidade de Gênero”. Destinado a toda rede de profissionais da SMS-SP, essa ação educativa tem o objetivo de qualificar o acolhimento e atendimento, acompanhamento ambulatorial e procedimentos clínicos.

 

Página inicial do curso na plataforma AVA

 

O curso foi criado por uma equipe conjunta de profissionais da Escola Municipal de Saúde (EMS-SMS/SP), Secretaria Municipal da Saúde (SMS/SP), Comitê Técnico de Saúde LGBTIA+ da SMS/SP e o Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual da Universidade de São Paulo (AMTIGOS/USP). Com carga horária de 12 horas, ele é dividido em 20 aulas dinâmicas, de 15 a 20 minutos, ministradas totalmente à distância pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da EMS. As aulas foram gravadas por profissionais de saúde da rede municipal, de universidades e do Comitê LGBTIA+, tendo representação de pessoas gays, lésbicas e transexuais.

As videoaulas iniciam com uma professora transexual relatando sua trajetória, dificuldades e desafios para conseguir atendimento após se descobrir uma mulher trans, com o intuito de sensibilizar os alunos e despertar a empatia. Os temas abordados no curso incluem: Conceitos Básicos Sobre Sexualidade e Características do Corpo; Gênero; Despatologização de Identidades e outras aulas sobre o assunto que possam subsidiar uma prática profissional mais respeitosa no atendimento a essa população.

“Diversidade é um tema relativamente novo para os profissionais de saúde, principalmente na atenção básica”, diz Tânia Regina Correa de Souza, coordenadora da área de Saúde Integral da População LGBTIA+ da Secretaria Municipal da Saúde, e declara que é de extrema importância preparar os profissionais da Atenção Básica para os temas LGBTIA+, para que essa população que é muito vulnerável quanto ao atendimento e ao acesso aos serviços públicos de saúde, seja acolhida, orientada, acompanhada e tenha seus direitos respeitados na Rede de Atenção à Saúde do município.

Marina Pereira, Interlocutora da Saúde Integral da População LGBTIA+ da Coordenadoria Oeste, concluinte do curso, afirmou que foi fundamental sua participação para avaliação do conteúdo disponibilizado e sugestões de futuras capacitações. “O curso é essencial para quem chega para o cuidado a esta população, e dá uma visão ampliada de aspectos fundamentais nos cuidados das pessoas LGBTIA+”, conclui Marina.

O curso já qualificou 597 profissionais da rede municipal de saúde e já está em sua terceira turma, que possui 508 alunos atualmente matriculados através das Escolas Municipais de Saúde Regionais (EMSRs).

Aluno acessando o curso através da plataforma AVA

 

Certificados com nome social no Ambiente Virtual de Aprendizagem da EMS (AVA-EMS)

Oportunamente no mês do Orgulho, a Divisão de Educação da EMS anunciou a disponibilização da opção de escolha do nome social do aluno no certificado de conclusão de cursos da plataforma de ensino à distância da Escola. Esta é uma iniciativa muito importante para a causa LGBTIA+, pois garante inclusão e respeito à autodeterminação de cada indivíduo.

Segundo Lucia Langanke, diretora da Divisão de Educação da EMS, é um direito legal dos cidadãos ter seu nome social em qualquer lugar. “A gente tem que diminuir os preconceitos e as barreiras e, como uma escola municipal, temos que fazer essas coisas acontecerem intencionalmente”, conclui Langanke.