Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 14 / 4º trimestre 1993

Mortalidade por câncer no município de São Paulo

No Brasil tem-se observado nas últimas décadas uma tendência de queda das taxas de mortalidade e fecundidade e de elevação da esperança de vida ao nascer, levando a um envelhecimento populacional. Concomitantemente a estas alterações na estrutura da população, ocorreram mudanças nos perfis de morbi-mortalidade, que se caracterizaram, na mortalidade, por um declínio das doenças infecciosas e aumento da importância como causa de morte das doenças cronico-degenerativas (cardio-vasculares, câncer, diabetes, etc), com maior incidência nas idades mais avançadas.

Observando-se o perfil da mortalidade no Município de São Paulo em 1993, verifica-se que os cânceres ocuparam a segunda posição, sendo responsáveis por 8.894 óbitos ou 13,8% do total de mortes de residentes ocorridas no período, o que confirma a sua importância como causa de morte e grave problema de saúde pública.

No estudo dos cânceres é freqüente o uso das estatísticas de mortalidade tanto porque, para a maioria dos tipos de câncer, estas refletem a sua incidência devido a elevada letalidade de grande parte destas doenças, quanto pela maior fidedignidade das informações registradas na Declaração de Óbito referentes aos cânceres, quando comparadas com as demais causas de morte.

O "ranking" dos principais cânceres em 1993 de acordo com a localização anatômica no sexo masculino foi: pulmão, estômago, próstata e esôfago e no sexo feminino: mama, colo e porção do útero não especificada, pulmão e cólon.

Com o objetivo de realizar comparações nos riscos de morte dos principais tipos de câncer entre as diversas regiões do Município, foram definidas áreas homogêneas (AH) segundo indicadores de condições de vida, indo da AH1 com melhores condições, ate a AH4 com as piores.

Entre as mulheres, o câncer de colo e porção do útero não especificada apresentou riscos(*) crescentes da AH1 para AH4 (5,8 e 12,9/100.000 mulheres), o que também se verificou em relação às taxas especificas por idade, com riscos mais elevados em idades mais jovens nas áreas com maiores níveis de carência. O contrário foi observado em relação ao câncer de mama que apresentou taxas(*) de mortalidade decrescentes da AH1 (27,0/100.000 mulheres) para a AH4 (20,5/100.000 mulheres).

No sexo masculino verifica-se que o câncer de pulmão apresentou taxas(*) maiores na AH1 do que na AH4 (36,8 e 29,8 por 100.000 homens). Observa-se o inverso em relação ao câncer de esôfago, que apresentou taxas de 4,1/100.000 homens na AH1 e 9,9/100.000 homens na AH4. O câncer de próstata apresentou uma mortalidade mais tardia com maiores taxas acima de 60 anos de idade.

Os cânceres de estômago e pulmão apresentaram riscos maiores no sexo masculino (13,5 e 18,7/100.000 homens) do que no sexo feminino (6,9 e 5,7/100.000 mulheres). Analisando estas taxas(*) por AH, nota-se um risco de morte crescente do câncer de estômago da AH1 para a AH4 em ambos os sexos e um risco decrescente do câncer de pulmão.

A importante participação dos cânceres como causa de morte no município de São Paulo aponta para a necessidade de organização dos serviços para dar respostas a esta demanda, onde questões como o diagnóstico e tratamento precoces estão colocadas e poderão levar a redução da mortalidade por cânceres como os de mama, colo de útero, próstata, entre outros.

As diferenças nos riscos de morte por câncer entre as áreas homogêneas indica a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre os fatores de risco associados a determinados tipos de câncer, tais como poluição ambiental, padrões de consumo, tabagismo, etc., e da sua relação com as condições de vida, incluindo o acesso a serviços de saúde com qualidade adequada.

(*) taxas de mortalidade por câncer, padronizadas por idade.

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