Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 19 / 1º trimestre 1995

Anos potenciais de vida perdidos no município de São Paulo no ano de 1994

Os indicadores de mortalidade têm se revelado importantes instrumentos para mensurar as condições de vida de populações, fornecendo subsídios para a definição de prioridades e alocação de recursos na área da saúde. Dentre estes, destaca-se o indicador anos potenciais de vida perdidos (APVP), proposto com o objetivo de definir as principais causas de morte prematura. Seu uso proporciona uma ordenação das causas, diferente da obtida com a utilização dos indicadores tradicionais de mortalidade, tendo em vista que estes atribuem igual peso a todos os óbitos e no cálculo do APVP é atribuído um peso maior aos óbitos de pessoas mais jovens. O indicador APVP oferece uma visão não só da freqüência de uma causa de morte, mas também da sua precocidade.

Neste estudo, realizou-se uma análise da mortalidade prematura no município de São Paulo, no ano de 1994, através da utilização do indicador APVP. Definiu-se morte prematura como aquela que ocorreu antes dos 70 anos de idade. O número de APVPs é obtido multiplicando-se o número de mortes devidas a uma determinada causa ou todas as causas, em cada idade (0 a 70 anos), pelo número de anos que faltavam para que as pessoas atingissem a idade limite de 70 anos. A somatória destes produtos fornece o total de anos potenciais de vida perdidos.

No ano de 1994, o PRO-AIM processou 65.279 óbitos de residentes e que ocorreram no município de São Paulo. Dentre estes, 42.879 (65,7%) foram de pessoas com menos de 70 anos, o que representou uma perda de mais de 1,2 milhões de anos potenciais de vida por mortes prematuras no município. As pessoas que morreram antes de completar 70 anos perderam, em média, 28,7 anos de vida.

Segundo indicadores tradicionais, utilizando as proporções, as principais causas de morte, de acordo com os capítulos da Classificação Internacional de Doenças - CID 9, no município de são Paulo, em 1994, foram as doenças do aparelho circulatório-DAC (31,5%), cânceres (14,5%), causas violentas/acidentes (14,3%), doenças do aparelho respiratório-DAR (13,1%), vindo em seguida o agrupamento que contém diabetes, AIDS e desnutrição (8%). Quando calculados os APVP's, as causas violentas/acidentes passam a ocupar o primeiro lugar, respondendo por 26,5% das perdas. Em seguida, vem as causas perinatais (13,4%), DAC (12,3%), DAR (11,3%), o capítulo que engloba a AIDS/diabetes/desnutrição (10,1%) e os cânceres (7,8%). As doenças que acometem pessoas em idade avançada perdem importância, enquanto se destacam as causas que atingem precocemente a população.

Em relação aos APVP's pelas causas de morte específicas, foram os homicídios que provocaram a maior parte das perdas de anos potenciais de vida no município 14,7%), vindo, em seguida, a AIDS com 8,4%, pneumonias (7,9%), acidentes de trânsito (4,6%), doenças isquêmicas do coração - DIC (3,9%) e doenças cerebrovasculares - DCV (3,6%).

Os APVP's estimados para o sexo masculino representaram quase 70% do total das perdas. As principais causas específicas entre os homens foram os homicídios (20,3%), a AIDS (9,9%), as Pneumonias (7%), os acidentes de trânsito (5,2%) e as DIC (4,1%). Todas as mortes por causas externas englobaram mais de 34% das perdas neste sexo. Entre as mulheres, foram as Pneumonias (10,1%), AIDS 5,3%), DCV (5,1%), DIC (3,5%), acidentes de trânsito (3,3%), câncer de mama (2,8%) e homicídios (2,8%). No sexo feminino destacaram-se as doenças crônico-egenerativas que ocorreram prematuramente.

Uma proporção considerável dessas mortes que atingiu pessoas em idade jovem e produtiva, poderia ter sido evitada através do controle de fatores de risco, além de diagnóstico e tratamento precoces. A AIDS e a violência, com destaque para os homicídios e acidentes de trânsito, representam desafios para a saúde pública. As repercussões destes agravos são problemas que, ao ultrapassarem os limites da área da saúde, exigem medidas sociais eficazes para atender as reais necessidades da população do município.

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