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Boletim PRO-AIM nº 21 / 3º trimestre 1995

Mortalidade por causas relacionadas ao uso de álcool no município de São Paulo

As causas relacionadas ao uso do álcool apresentam uma participação importante na estrutura da mortalidade no município de São Paulo. Em 1995, este grupo de causas foi responsável por 1,7% do total de mortes, ocupando o 13º lugar no "ranking" das causas. Entre os óbitos ocorridos no sexo masculino, estes agravos representaram 2,5%, sendo a nona causa de morte neste sexo. A faixa etária de 30 a 49 anos foi a que apresentou a maior concentração de óbitos por estes agravos (10,6%), ocupando a quinta posição entre as causas de morte neste grupo etário, o que mostra a relevância deste problema para a saúde pública.

Em 1995, do total de 1.112 óbitos por causas relacionadas ao uso do álcool, 52,8% tratava-se de alcoolismo crônico, 46,7% de doença crônica do fígado e cirrose hepática devidas ao álcool, e 0,5% de psicose alcoólica. Quase 90% dos óbitos deste grupo de causas ocorreram no sexo masculino. Entre os homens, a faixa etária de 30 a 49 anos concentrou 60,3% das mortes, o que indica a precocidade das mortes por causas relacionadas ao uso do álcool.

Ainda em relação ao ano de 1995, comparou-se os coeficientes das diversas regiões da cidade, que foram padronizados de acordo com a estrutura etária municipal. Observou-se que o risco de morte por causas relacionadas ao uso do álcool entre os homens foi maior na região de Pirituba, com coeficiente de 41,3 óbitos por 100.000 homens, seguida pela região de Campo Limpo (38,5) e a região de Santana/ Tucuruvi/ Nossa Senhora do Ó (36,8). Entre as mulheres, a região de Campo Limpo foi a que apresentou o maior risco, com coeficiente de 7,8 óbitos por 100.000 mulheres, seguida pelas regiões de Santo Amaro (5,8) e de Itaquera (5,2).

Ao longo dos últimos cinco anos (ver Tabela 1), o risco de morrer por causas relacionadas ao uso de álcool oscilou com pequenas variações, no entanto atingiu o maior coeficiente no final da série. O risco foi maior no sexo masculino, que apresentou coeficientes (por 100.000 homens) de 18,0 em 1991 e 20,4 em 1995. Chama a atenção, a tendência crescente destes coeficientes no sexo feminino, que aumentaram 78% entre 1992 e 1995.


 Tabela 1 - Número de óbitos e coeficientes de mortalidade por doenças relacionadas ao uso do álcool, por sexo – município de São Paulo - 1991/1995

Além das causas de morte agrupadas neste estudo, existem outras que estão direta ou indiretamente relacionadas ao uso do álcool, mas que não foram aqui abordadas. Estudos mostram que as pessoas que abusam ou dependem do álcool são vítimas ou agentes mais comuns de acidentes de trânsito, homicídios e outras formas de violência. Observa-se ainda uma maior probabilidade destas pessoas apresentarem desnutrição, distúrbios cardiovasculares e determinados cânceres, como de boca e esôfago, entre outros agravos.

As repercussões dos problemas e doenças relacionadas ao uso do álcool transcendem o âmbito da área da saúde. O impacto social gerado por distúrbios do comportamento, absenteísmo, desemprego, entre outros, sugere a necessidade de uma ação articulada entre os serviços de saúde pública e a sociedade. Deve-se enfrentar essa situação nos seus aspectos assistenciais e preventivos, englobando o controle da propaganda e do comércio de bebidas alcoólicas. O uso do álcool precisa ser abordado considerando a complexidade do problema e a gravidade de suas conseqüências.

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