Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 25 / 3º trimestre 1996

Suicídio na cidade de São Paulo

Suicídio é a morte resultante de uma agressão intencional autoprovocada. Entre os fatores de risco mais freqüentemente relacionados ao suicídio encontram-se a depressão e outros transtornos mentais, doenças sem perspectivas de cura, problemas de relacionamento afetivo, familiar e de sobrevivência. Diversos estudos têm indicado que existe um sub-registro de mortes por suicídio. Parte deste problema tem relação com o estigma que caracteriza este tipo de morte, levando muitas vezes a omissão, por parte dos familiares, sobre a real causa do óbito.

Analisando a tendência da mortalidade por suicídio na cidade de São Paulo, no período de 1980 a 1995 (Fundação SEADE), através de coeficientes padronizados por faixa etária, observa-se que não houve grandes variações no período, com valores estáveis próximos de 5,0/100.000 habitantes. No entanto, esta estabilidade esconde tendências opostas entre os sexos, com crescimento no sexo masculino e queda no feminino. Em 1980, o coeficiente foi de 6,3 por 100.000 homens e 3,1/100.000 mulheres e, em 1995, os valores observados foram 8,4 e 2,5. Estes números estão bem abaixo dos verificados em outros países, como a Hungria (1992) que apresentou coeficientes de 59,3/100.000 homens e 19,8/100.000 mulheres, Canadá (1991) - 21,4 e 5,2 e Japão (1992) - 22,3 e 11,7.

Entre 1980 e 1995, os coeficientes de mortalidade por suicídio na cidade de São Paulo mostraram uma tendência de ascensão no sexo masculino, em faixas etárias decenais entre 20 e 59 anos, destacando-se o grupo de 20 a 29 anos. É interessante observar que no sexo feminino não se verifica ascensão em qualquer dos grupos decenais considerados. Os maiores coeficientes foram observados entre os homens na faixa etária de 70 anos e mais, que, todavia, apresentaram uma discreta tendência de queda no período (29,9 em 1980, 28,7 em 1991 e 20,8 em 1995, por 100.000 homens).

No ano de 1996 foram registradas 506 mortes por suicídio na cidade de São Paulo, o que representou 5,7% das mortes por violências e acidentes. O homicídio respondeu por 54,4% destas mortes. Em relação ao total, o suicídio representou 0,8% das mortes em 1996.

A maioria dos suicídios em 1996, na cidade de São Paulo, ocorreu entre os homens (74,3%). Em relação a idade, a faixa de 20-39 anos concentrou 47,2% dessas mortes. Entre 10 e 19 anos o porcentual foi de 11,1%, enquanto o grupo de 70 e mais respondeu por 6,1%. Porém, quando se calculam os coeficientes por idade, o risco de morte por suicídio foi maior neste último grupo citado.

O perfil etário dos suicidas variou conforme as áreas da cidade. Onde residia uma população com maiores níveis de escolaridade, 28,5% dos suicídios ocorreram na faixa de 10-29 anos e 38,6% nas idades de 50 anos e mais. Já nas áreas onde residiam as pessoas com menores níveis de escolaridade, 44,3% das mortes por suicídio concentraram-se na faixa de 10 a 29 anos e 19,3% no grupo etário de 50 anos e mais.

Em relação aos meios utilizados para os suicídios, observou-se um alto porcentual de dados ignorados (39,7%). Entre os casos especificados, verificou-se que 140 recorreram ao enforcamento, 104 utilizaram armas de fogo e, em 24 óbitos, o meio utilizado foi a precipitação de lugares elevados. O auto-envenenamento apresenta sub-registro importante, uma vez que o atestado é preenchido antes do recebimento do resultado do exame laboratorial.

Os motivos que levam uma pessoa a provocar uma agressão fatal contra si mesma são complexos e envolvem múltiplos fatores. Um aspecto importante a ser abordado na prevenção do suicídio diz respeito ao acompanhamento de indivíduos que tentaram suicídio, pois é freqüente a ocorrência de tentativas anteriores entre os suicidas. Outro aspecto é o isolamento das pessoas em grandes centros urbanos, principalmente os idosos que poderia ser enfrentado com programas educacionais, de lazer e saúde dirigidos aos grupos prioritários.

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