Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 38 / 4º trimestre 1999

Mortalidade na cidade de São Paulo no ano de 1999

Alterações importantes nos padrões de mortalidade tem sido observadas nas últimas décadas em todo o Brasil. Dentre estas, destacam-se o aumento dos coeficientes de mortalidade por violência e da mortalidade proporcional por doenças crônicas não transmissíveis, a redução dos coeficientes de mortalidade por diversas doenças infecciosas em especial as imunopreveníveis e as diarréias, e o surgimento da AIDS como importante causa de morte. Neste boletim é apresentado o perfil de mortalidade na cidade de São Paulo em 1999 e as principais modificações em relação ao ano anterior.

Em 1999 foram 64.377 os óbitos de residentes e ocorridos na cidade. Deste total, 66.9% ocorreu em maiores de 50 anos, 23,8% entre 20 e 49 anos, 4% entre 1 e 19 anos e 5,3% em menores de 1 ano. Como nos anos anteriores, as doenças isquêmicas do coração, com 12,9% dos óbitos, permaneceram liderando as causas específicas de morte. Em seguida aparecem os homicídios com 9,2%, superando as doenças cerebrovasculares (9,0%). Em quarto e quinto ficaram as pneumonias (4,5%) e as doenças pulmonares obstrutivas crônicas (4,1%). A AIDS aparece em oitavo e em décimo, surge pela primeira vez na década, a cirrose hepática, com referência ao uso do álcool em 48% dos casos. Em relação as doenças de notificação compulsória, observa-se que tuberculose (597 óbitos), hepatites virais (172), infecção meningocóccica (83), leptospirose (41) e sífilis congênita (8) foram responsáveis por muitas mortes. Entre os menores de 1 ano, com 3.365 óbitos, as causas perinatais foram as mais freqüentes (57,7%). As anomalias congênitas causaram 11,9% dos óbitos neste grupo, as pneumonias 7,9% e as diarréias 2,9%.

Os homicídios foram a primeira causa de morte entre os homens, com 14,6% dos óbitos. As doenças isquêmicas do coração e cerebrovasculares responderam pela primeira e segunda posições, respectivamente, entre as mulheres e segunda e terceira, entre os homens. Chamou a atenção o surgimento dos homicídios entre as dez principais causas de morte de mulheres. Os cânceres responderam por 16,3% do total de óbitos. No entanto, só apareceram entre as dez principais causas específicas de morte entre as mulheres, que apresentaram o câncer de mama na sexta posição. Os principais tipos de câncer, entre os homens, foram os de pulmão, próstata, estômago, esôfago e cólon. Entre as mulheres, os mais freqüentes foram os de mama, cólon, pulmão, estômago e pâncreas. A AIDS apareceu como nona causa de morte no sexo masculino e décima terceira entre as mulheres. A cirrose hepática e os acidentes de trânsito destacaram-se entre os homens.

O PRO-AIM realiza o monitoramento de algumas causas de morte, como AIDS e homicídios, pela sua importância na mortalidade da cidade. Os óbitos por AIDS mantiveram a tendência de queda que já vinha sendo observada desde 1996, quando foi introduzida a terapia anti-retroviral combinada nos serviços públicos de saúde. A queda entre 1998 e 1999 foi de 11,6%, sendo discretamente maior entre as mulheres. Os coeficientes de mortalidade mais elevados foram observados nos distritos do centro velho da cidade. Os homicídios permanecem em ascensão, sendo que 74,3% deles atingiram pessoas entre 20 e 49 anos. Entre os adolescentes (10 a 19 anos), os homicídios responderam por quase 60% do total de mortes. Os dez distritos com os maiores coeficientes por homicídios foram Sé e Brás (área central), Jardim Ângela, Parelheiros, Jardim São Luís, Grajaú e Cidade Ademar (sul), São Rafael e Guaianases (leste) e Brasilândia (norte).

O perfil de mortalidade na cidade de São Paulo é bastante complexo, como o PRO-AIM tem demonstrado em diversos documentos. No ano de 1999, o aumento dos homicídios, o surgimento das doenças do fígado entre as principais causas de morte e a redução da mortalidade por AIDS foram os destaques. Enquanto para a AIDS as políticas públicas de abordagem tem gerado resultados positivos, o mesmo não ocorre com relação aos homicídios e ao alcoolismo. Urge um projeto global de intervenção, com a participação de todas as instâncias e setores de governo e da sociedade civil, que atue nos múltiplos aspectos relacionados a estes problemas.

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