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Boletim PRO-AIM nº 40 / 2º trimestre 2000

Mortalidade por doenças do aparelho circulatório na cidade de São Paulo

As doenças do aparelho circulatório (DAC) permanecem desde o final da década de 60, como o principal grupo de causas de morte no Brasil, apesar da tendência de queda observada nos seus coeficientes de mortalidade. No município de São Paulo, o coeficiente de mortalidade pelas DAC, padronizado por idade, passou de 303,1 por 100.000 habitantes, em 1980, para 202,2 em 1999.

Na cidade de São Paulo ocorreram 64.377 óbitos de residentes em 1999, sendo que as doenças do aparelho circulatório (DAC) responderam por 33,2% dessas mortes. Considerando as 10 principais causas de morte deste ano na cidade, verifica-se que as DAC têm uma participação destacada, ocupando quatro destas posições (Tabela 1). As doenças isquêmicas do coração (DIC), que ocuparam a primeira posição entre todas as causas de morte em 1999, foram responsáveis por 13,0% dos óbitos, sendo 9,0% devidos ao infarto agudo do miocárdio e 4% pelas demais doenças isquêmicas do coração. As mortes por doenças cerebrovasculares (DCV) ocuparam a terceira posição, com 9% dos óbitos, as doenças hipertensivas, a sétima, com 2,5% e a insuficiência cardíaca, a nona, com 2,1% dos óbitos. Deve-se mencionar ainda a importância, como causa de morte, das miocardiopatias, dos aneurismas da aorta e das doenças circulatórias pulmonares.

Em relação a hipertensão arterial vale ressaltar que, apesar dessa doença apresentar elevada prevalência na população, ela é subdimensionada nas estatísticas de mortalidade por causa básica. Isso ocorre porque se a hipertensão for mencionada numa declaração de óbito junto com doenças do aparelho circulatório como DIC ou DCV, estas são selecionadas como causa básica da morte de acordo com critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde.

Com relação a mortalidade proporcional por faixa etária (Tabela 1), observou-se que 25% das mortes por DIC e 28% dos óbitos por DCV ocorreram antes dos 60 anos de idade, mostrando a precocidade dessas mortes. Analisando-se os coeficientes de mortalidade pelas DAC, por grupo etário e sexo, observa-se que os homens apresentam coeficientes mais altos e que estes aumentam com a idade em ambos os sexos. Os coeficientes de mortalidade pelas DIC confirmam este padrão para todas as faixas etárias. Entre as DCV observa-se, entre as mulheres, risco de morte superior ao dos homens no grupo de 20 e 39 anos. Entre as doenças hipertensivas, os coeficientes no grupo acima de 70 anos foram maiores entre as mulheres.

Com o objetivo de analisar as desigualdades sociais na distribuição da mortalidade por DAC, os coeficientes foram calculados por áreas homogêneas (AH) da cidade, segundo o nível de instrução do chefe de família. Observou-se que, exceto para a faixa etária de menores de 20 anos (com pequenos números), os coeficientes são maiores nas áreas de piores condições sociais e as diferenças aumentam com a idade. O risco de morte por DIC, na faixa etária de 60 a 69 anos, foi 73,4% maior na área de piores condições sociais (AH3) numa comparação com a área de melhores condições (AH1). Os coeficientes de mortalidade por DCV confirmam esse padrão de desigualdade, observando-se riscos de mortes por DCV 58% maior na AH3 em relação a AH1, nas faixas etárias de 40 a 49 e de 60 a 69 anos, e 48,3% maior no grupo de 50 a 59 anos.

As doenças do aparelho circulatório se destacam tanto pela sua dimensão, quanto pelos diferenciais sociais que apresentam, o que recomenda sua incorporação em sistemas de vigilância epidemiológica para acompanhamento permanente, agregando ações de controle nos âmbitos assistenciais e preventivos. Desse ponto de vista, já são bastante conhecidos os fatores de risco e doenças associadas às DAC, como tabagismo, stress, sedentarismo, diabetes e hipercolesterolemia. As estratégias de abordagem destes fatores têm se restringido ao nível individual, através da triagem de pacientes de risco e orientação assistencial e preventiva voltada para a mudança de hábitos e adoção de estilos de vida saudáveis. Apesar dessa abordagem trazer contribuições importantes para o controle da doença, ela deve ser complementada com medidas de enfoque coletivo que produzam impacto na população como um todo.

Tabela 1 - Óbitos por causas específicas segundo faixa etária, município de São Paulo, 1999.

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