Conheça um Centro de Referência de Dor Crônica

Com equipe multiprofissional e diversidade de tratamentos, CR Dor de São Miguel Paulista trata pacientes com dores como lombalgia e fibromialgia

Com uma equipe multiprofissional, o Centro de Referência da Dor Crônica (CR Dor) da zona leste, localizado em São Miguel Paulista, trata uma média de 340 pacientes por mês e oferece várias modalidades de terapias para diversos quadros de dor.

O local realiza o tratamento de dores crônicas, que segundo o enfermeiro especialista em dor Lucas de Lima Costa, coordenador da unidade, se caracterizam por dores persistentes ao longo de pelo menos três meses e que mesmo com diversas intervenções médicas e tratamentos conservadores, não cessou. 
 
O coordenador explica que na maioria das vezes o nível de intensidade da dor crônica não pode ser zerado. “Dessa forma, o foco do tratamento é gerenciar a dor de acordo com o objetivo do paciente, que pode ser voltar a trabalhar ou retomar atividades que a dor impede ou atrapalha.”
 
Lucas conta ainda que os quadros mais frequentes atualmente na unidade são de fibromialgia e lombalgia. E que a maioria dos pacientes são do sexo feminino.
 
Estelita Maria de Jesus, 60 anos, relata que, mesmo sofrendo há 13 anos com dores da fibromialgia, não tinha muitas informações sobre a síndrome. Ela, que frequenta o serviço há um mês, disse que encontrou no CR Dor um espaço para entender melhor e aprender a lidar com a doença: “Até então, eu não sabia como trabalhar isso. E agora eu estou tendo um pouquinho mais de conhecimento. Isso é muito importante para a gente: ser ajudado.”
 
Atendimento
O paciente é encaminhado ao CR Dor por meio da sua Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência nos casos em que houver tentativas frustradas de tratamento da dor. Incialmente, ele passa por avaliação com uma equipe multidisciplinar composta sempre por três profissionais, sendo um médico especialista em dor crônica, um fisioterapeuta e outro profissional da equipe técnica, que pode ser um psicólogo, um terapeuta ocupacional, enfermeiro, farmacêutico ou assistente social. Nesse atendimento, o paciente é “avaliado em sua totalidade, em todos os contextos da dor: na parte física, emocional, social e mesmo espiritual”, esclarece o coordenador do CR Dor da zona leste. Ao final da consulta, é traçado o Plano Terapêutico Singular (PTS), que irá orientar os tratamentos que o paciente realizará no local.
 
Durante o tratamento no CR Dor, o usuário pode ter acesso a diversos tipos de terapias, como:
 
- Fisioterapia, que é uma prática que tem o objetivo melhorar e/ou restabelecer a funcionalidade do paciente atuando nos prejuízos motores por meio de cinesioterapia, recursos analgésicos e de eletrotermofototerapia, como tens (estimulação elétrica), ultrassom terapêutico e laser terapêutico. Os benefícios são o alívio da dor do paciente, estímulo ao autocuidado e quebra do sedentarismo.
 
- Terapia ocupacional, que utiliza como recurso a própria ocupação do indivíduo para prevenir dificuldades físicas e/ou psicossociais que interfiram no desempenho ocupacional, ou seja, no desenvolvimento, na independência e autonomia do indivíduo em relação às atividades diárias (AVD), atividades instrumentais de vida diária (AIVD), trabalho e lazer. O terapeuta ocupacional também é responsável pela confecção de órteses, que são dispositivos feitos a partir de moldes para a prevenção, proteção ou correção de deformidades não rígidas, e é responsável pelas adaptações de mobiliários e instrumentos usados nas AIVDs. 
 
- A psicoterapia, que ocorre de maneira individual e em grupo, tem o objetivo de ajudar o paciente em sua saúde emocional: “tem aquele paciente que não vai mais em festas de família porque tem distúrbio de autoimagem, ele tem vergonha porque usa bengala. Então, além de tratar a dor física, a gente tem que devolver essa qualidade emocional do paciente”, ressalta Lucas.
 
Além das terapias para a dor, o usuário do equipamento pode ainda ter acesso a Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs), como acupuntura, auriculoterapia, moxabustão e ventosaterapia, que agregam ao tratamento. 
 
De acordo com o coordenador do CR Dor de São Miguel Paulista, a equipe multidisciplinar se reúne seis vezes por semana para reavaliar o caso de cada paciente e adaptar o tratamento conforme necessário. À medida que o usuário for evoluindo no tratamento, ele passa a fazer atividades em grupo até receber uma alta segura. Núbia Sena de Souza Costa, 51 anos, por exemplo, é atendida no CR Dor há cinco meses para tratar fibromialgia, artrose e hérnia de disco: “Aqui eu encontrei a equipe de anjos para me ajudar”, diz.
 
Nesse processo, ao receber alta no CR Dor o paciente é reencaminhado para a sua UBS de origem com relatório de tudo o que foi feito em seu tratamento. E sempre com a recomendação de continuar a prática dos exercícios físicos: “Eu falo que é para o resto da vida, igual tomar banho ou escovar os dentes,”, enfatiza Roberta Medina, uma das fisioterapeutas da unidade.
 
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