De olho na segurança alimentar, UBS no Itaim Paulista promove Grupo da Feira

Nutricionista e agentes comunitários de saúde orientam pessoas de baixa renda sobre reaproveitamento e preparo de alimentos doados

Objetivo é auxiliar famílias em situação de vulnerabilidade a se alimentar melhor, orientá-las e estreitar o vínculo com a Unidade Básica de Saúde

 

Texto e foto: Vanessa Santos (colaborou Cecília Figueiredo)

Dezenas de famílias vêm sendo beneficiadas, semanalmente, por doações de frutas e legumes ao Grupo da Feira. Trata-se de uma ação promovida pela UBS Vila Curuçá Velha, no Itaim Paulista, numa parceria com feirantes. O grupo acontece todas as terças-feiras, a partir da 13h30, na Rua Ivoturucaia. O objetivo é auxiliar famílias em situação de vulnerabilidade a se alimentar melhor, orientá-las e estreitar o vínculo com a Unidade Básica de Saúde (UBS).

O programa Grupo da Feira contempla a população de baixa renda da região, que é cadastrada às equipes ESF da UBS Vila Curuçá Velha. O grupo, criado em 2002, conta com o apoio de nutricionistas e agentes comunitários de saúde. Na ocasião, as agentes comunitárias perceberam, em algumas famílias acompanhadas, a dificuldade em adquirir hortifrutis e a baixa qualidade na alimentação. Essas necessidades estavam se refletindo no desenvolvimento das crianças e facilitando o surgimento da anemia. “Colocamos esse plano em ação e hoje ele flui muito bem. As pessoas estão divulgando mais”, explica a enfermeira da UBS Vila Curuçá Velha Cíntia Sabino de Almeida.

A unidade tem 6.072 famílias cadastradas atualmente. Inicialmente, havia apenas uma equipe realizando o Grupo da Feira. Em 2014 a experiência teve a adesão das outras cinco equipes de Estratégia Saúde da Famílias. “É a partir das visitas que o agente identifica a necessidade do usuário e faz o convite”, explica Cíntia.

No momento da distribuição, Cíntia procura deixar o grupo à vontade. “Deixamos as pessoas sempre livres, para que possam dividir e separar as doações conforme os feirantes vão trazendo. Aí vamos ajudando a esclarecer as propriedades dos alimentos e como podem ser preparados”, disse.

Orientação de nutricionista

A enfermeira, responsável por iniciar o projeto Grupo da Feira, relembra os obstáculos enfrentados para divulgar e conquistar a adesão das famílias pretendidas. “Inicialmente, o orgulho foi um dos dificultadores. Algumas pessoas se sentiam mal e não compareciam. Então, além de frisar que as doações eram livres, incluímos a presença da orientação de uma nutricionista durante a distribuição”.

Aline Queiroz Cazonato, nutricionista da equipe da unidade, orienta os participantes do Grupo da Feira desde a correta higienização dos alimentos até o preparo de sucos, doces de casca de legumes e como evitar desperdícios de alimentos. “Temos um caderninho de receitas que distribuímos duas vezes ao mês, com orientação de reaproveitamento dos alimentos. Os feirantes doam sobras como folhas de beterraba, que dificilmente são comercializadas, e nós ensinamos como aproveitar aquele alimento”, acrescenta Aline.

Embora o grupo já tenha mais de 13 anos, algumas barracas preferem jogar fora alimentos a doá-los. “Fico triste ao ver o tanto de coisas que poderiam ser reaproveitadas. Olha a quantidade de folha de beterraba sendo jogada fora”, frisa o agente comunitário de saúde Kleber William, que revela a vontade de “passar com um saco e propor um ‘jogue aí, que eu pego’”.

Para a Amélia Bezerra Moura, que mora com o marido, o filho e seus três netos (de 8 a 12 anos de idade) a iniciativa é muito importante. “A gente come o que tem e essa feira é uma grande ajuda, pois não teríamos condições de comprar”, relata. A aposentada e cuidadora de idosos Eunice Batista Bonfim também vê um “grande benefício” no apoio da UBS.