Bancos de Leite ajudam a alimentar e a salvar bebês recém-nascidos

“Leite é quem nem amor, quanto mais você dá mais você tem”.

Por: Marcella Jeane Duarte
Foto: Antonio Carlos da Cruz Zacarias

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), os Bancos de Leite Humano (BLH) são centros que oferecem um serviço especializado na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, além de executarem atividades de coleta do leite doado, processamento, controle de qualidade e distribuição.

Desde 2003, o Hospital Municipal do Campo Limpo conta com um Banco de Leite que atende entre 12 e 15 doadoras por mês, ajudando a alimentar, aproximadamente, 80% do bebês recém-nascidos do berçário e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do hospital.

Recepção do banco de leite.

Para conhecer o trabalho do banco e enfatizar a importância do leite materno para os bebês, fomos até o local conversar com a coordenadora de enfermagem Maria Lúcia Ferreira Ramos Silva, com dezessete anos de experiência em pediatria.

Maria Lúcia Ferreira Ramos Silva, coordenadora de enfermagem do banco.

Lúcia contou um pouco sobre o perfil dos bebês que recebem o leite coletado. Segundo ela, são recém-nascidos que, por alguma intercorrência ao nascer, devem ficar internados nas UTIs neonatais. No hospital do Campo Limpo, os bebês da UTI recebem 100% de leite humano e pasteurizado. “São bebês de baixo peso, com algum problema respiratório que impossibilita a amamentação através do peito”, explicou.

Sobre o leite materno, ela ressaltou que ele é importante tanto no crescimento quanto no desenvolvimento do bebê, além de ajudar na prevenção do diabetes, da pressão alta e da anemia. “A amamentação, isoladamente, é uma das práticas que mais diminui a mortalidade infantil”, reforçou.

Para a mãe, a amamentação também é benéfica. Quando o bebê suga o leite ele estimula na mãe a produção de ocitocina, conhecida como hormônio do amor e lembrada por proporcionar sensação de bem estar. Além disso, a amamentação ajuda na regeneração do útero, evitando sangramentos. “Pesquisas mostram que mães que amamentam no peito têm menos risco de câncer no ovário, câncer de mama, menos risco de doenças cardiovasculares”, reiterou Lúcia.

O trabalho

Algumas atividades desenvolvidas pelo banco.

Sabendo dos benefícios do leite materno, é possível entendermos a importância de garantir que os bebês que não podem ser amamentados diretamente pelo seio recebam leite materno de qualidade. Para garantir a qualidade do material coletado e armazenado, o banco conta com uma equipe de quinze profissionais, divididos entre enfermeiros, nutricionistas, secretaria, agentes de apoio, auxiliares e lactaristas.

Entre as atribuições desses profissionais, a orientação quanto ao local mais adequado para a doação é uma etapa importante. O ideal é que as doadoras externas, que não estão sendo atendidas no próprio hospital, entreguem o leite nos locais mais próximos, em suas próprias regiões. Os bancos devem fazer essa orientação.

Passada a etapa de orientação quanto ao local, as mães cadastradas recebem a visita de uma equipe que busca conhecer e comprovar os hábitos e o histórico de saúde dessas mulheres. Aquelas que possuem doenças contagiosas, que são usuárias de álcool e outras drogas ou que fazem uso contínuo de algum medicamento, não estão aptas a doarem leite. “Tem que ser uma mãe sadia”, comentou Lúcia.

Para essas mães, não é necessário ir até o banco. Basta ligar e informar a disponibilidade do leite que a própria equipe do banco se encarrega de buscar a doação. Lúcia lembrou uma antiga doadora que, em um período de dois anos, doou 344 litros de leite, ajudando cerca de 255 bebês.

Já as mães que são pacientes do hospital fazem a coleta do leite, que é direcionado para seus próprios bebês, na sala de coleta do banco. Após a retirada, o leite é levado para a sala de pasteurização e armazenado em freezers. “O leite materno não tem um mecanismo próprio de defesa, ele contamina muito rápido”, alertou. Em casa, o leite deve ser armazenado no freezer ou congelador, longe de alimentos que contaminem ou deixem cheiro no leite.

Diferencial

Além do trabalho de coleta, armazenamento e distribuição do leite doado, comum a todos os bancos, no Banco de Leite do hospital existe também Ambulatório de Amamentação, responsável por acompanhar, principalmente, os bebês prematuros do hospital. Esse acompanhamento ocorre todos os meses até o sexto mês de vida do bebê, quando a mãe recebe um certificado atestando os cuidados e o período de estímulo à amamentação através do leite materno.

Entrada do Ambulatório de Amamentação.

Os atendimentos são feitos por enfermeiras e nutricionistas. Bebês que usavam fórmula, após o acompanhamento, passaram a ser alimentados através do leite materno. É um trabalho importante, com o qual não é necessário muito gasto. “Estamos ajudando a diminuir a mortalidade infantil, a diminuir o número de bebês internados em hospitais e em UTIs”, finalizou Lúcia.

Nas fotos, alguns dos bebês atendidos pelo banco.

Onde doar

Confira no link abaixo a relação de Bancos de Leite Humano do Estado de São Paulo:

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/crianca/index.php?p=5395