Reunião Ordinária do GTEPS – outubro de 2023

A reunião de outubro teve foco no tema Avaliação dos Processos Educativos e em como deve ser feita essa avaliação

 Por Fernando Rodrigues dos Santos

Na quinta-feira, 19 de outubro, aconteceu a reunião mensal do Grupo Técnico de Educação Permanente em Saúde (GTEPS) no estúdio da Escola Municipal de Saúde (EMS-SMS/SP), com o foco no tema Avaliação dos Processos Educativos. A diretora da Divisão de Educação da EMS, Lúcia Langanke, fez a abertura da reunião e agradeceu a presença de todos. Lúcia falou um pouco sobre o motivo de trazer o tema para a reunião, que era para se pensar em possibilidades avaliativas para fortalecer a área da educação na Secretaria. “A apresentação sobre esse tema, colocando a avaliação como um desafio, é extremamente importante”, finaliza Langanke.

A reunião começou com uma apresentação feita por Thais Lozovoi Tomaz, da Supervisão de Educação Permanente pela Organização Social de Saúde (OSS) da Associação Paulista para o Desenvolvimento de Medicina (SPDM) do Butantã, teve o intuito de discutir desafios na área de treinamento e avaliação de desempenho e foi citado um estudo, mostrando a eficácia do treinamento remoto na reabilitação de pacientes com COVID-19 grave. Thais enfatiza que o treinamento é muito importante para desenvolver habilidades e competências dos trabalhadores, aprimorar a organização e melhorar a segurança dos pacientes. Então foi discutido quais treinamentos deveriam ser realizados, dando ênfase na necessidade do momento e na flexibilidade para adaptar o cronograma de ações educativas.

Thais Lozovoi e Lúcia Lananke em Imagem Thais Lozovoi e Lúcia Langanke

Thais também destacou a importância do feedback de pesquisas de satisfação e a avaliações de eficácia como ferramentas para medir o impacto dos treinamentos. Essas avaliações ajudam a entender como o treinamento foi percebido pelos participantes e se atingiu os objetivos previamente estabelecidos. O alinhamento dos resultados com seus objetivos foi enfatizado como um aspecto crucial e a eficácia deve ser medida com base nos objetivos específicos definidos no início do processo de treinamento.

Além disso, Thais menciona outros desafios, como a alta demanda por treinamento, a necessidade de convencer os trabalhadores a participarem e necessidade de planejamento detalhado de cursos. A gestão do cronograma e a disponibilidade de mão de obra são fatores críticos, especialmente em OSs com alta rotatividade de pessoal.

Continuando a reunião, a médica da Divisão de Educação da EMS, Dra. Márcia Fernandes, falou sobre sua experiência na especialização em Educação pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e trouxe uma apresentação da avaliação do ponto de vista educativo. Durante a especialização surgiu uma questão: o que a palavra “avaliação” evoca nas pessoas? Medo ou aprendizado? O medo parece prevalecer, e “isso está relacionado à maneira como aprendemos e fomos avaliados ao longo de nossas vidas”, declara Márcia.

Fernandes provocou os presentes na reunião a repensar essa associação com o medo e a enxergar a avaliação como uma oportunidade de aprendizado. O principal objetivo da apresentação era explorar os tipos de avaliação, adotando uma abordagem mais filosófica e ampla, em vez de se concentrar nos instrumentos de avaliação. Isso se tornou relevante, pois se inicia o processo do Plano Municipal de Educação Permanente (PLAMEP) de 2024, que exige considerar os conceitos de avaliação no planejamento de educações educativas.

A médica abordou os tipos de avaliação, destacando a avaliação do ponto de vista do aprendiz, que pode ser formativa (focada no aprendizado) ou somativa (focada no teste de conhecimento). Em seguida, foi discutida a avaliação do ponto de vista do programa que, segundo Kirkpatrick, um importante teórico do assunto, envolve aspectos como reação, conhecimento, comportamento e resultados.

Márcia Affonso Fernandes em Imagem Márcia Affonso Fernandes

A avaliação da reação lida com a satisfação pessoal e motivação dos participantes é crucial, pois um ambiente positivo é propício para o aprendizado, por outro lado, a avaliação do conhecimento avalia o ambiente educacional e se ele é adequado para a aprendizagem. A avaliação do comportamento também é essencial, pois visa medir se a conduta dos indivíduos mudou, uma que vez que mudança no comportamento é frequentemente o objetivo da educação. Por fim, a avaliação dos resultados mede a percepção externa e as evidências de mudanças, considerando o impacto do programa no ambiente. É importante lembrar que essas quatro fases de avaliação são interligadas entre gostar (daquilo que foi ensinado), aprender, aplicar e perceber (a mudança). Uma avaliação eficaz considera todas essas dimensões.

Márcia enfatizou a complexidade da avaliação e destacou a importância de avaliar com o propósito de gerar mudanças efetivas nos programas e no trabalho e citou um artigo da Sociedade Europeia de Educação Médica como evidência de que avaliações bem planejadas podem resultar em profissionais médicos que atendem às necessidades da sociedade.

A avaliação não é uma tarefa simples, uma vez que envolve diversos tipos e exige um olhar aberto e abrangente, no entanto, a necessidade de avaliar surge da busca por mudanças positivas no trabalho e na educação. Para atingir esse objetivo, é necessário entender como os profissionais aprendem, adaptar as estratégias educacionais e avaliar de maneira adequada. Além disso, o trabalho no sistema de saúde deve se concentrar em aprimorar as práticas e estruturas, pois a educação só será eficaz se estiver alinhada com as demandas do sistema de saúde. Portanto, a avaliação deve ser contínua e orientada para a melhoria constante, garantindo que os programas educacionais atendam às necessidades dos trabalhadores e da sociedade.

Mirna Okamura, coordenadora do SINASC do CEInfo, fez uma apresentação sobre a importância da avaliação de indicadores na avaliação de programas e políticas de saúde. Um ponto de destaque foi sobre a mortalidade infantil, que é o número de óbitos de crianças menores de 1 ano em relação ao número de nascidos vivos em uma determinada área e período.

Okamura aponta que a redução da taxa de natalidade pode ter um impacto direto na mortalidade infantil. Ela menciona que, no contexto da cidade de São Paulo, houve uma queda significativa na taxa de nascimentos, comparando-a com o período anterior ao surto de Zika e à pandemia de Covid-19.

Essa redução na taxa de nascimentos tem implicações na mortalidade infantil, pois, se o número de nascidos vivos diminui, mas a quantidade de óbitos de bebês permanece constante, a taxa de mortalidade infantil aumenta. Ela ainda destaca que a taxa de mortalidade infantil é um indicador crítico em epidemiologia, uma vez que reflete a saúde das crianças e o impacto das políticas de saúde materna e infantil.

Mirna Okamura em Imagem Mirna Okamura

Além disso, Mirna enfatiza a importância de estabelecer objetivos claros, estratégias eficazes, metas mensuráveis e métricas adequadas ao planear programas de saúde. Ela observa que é essencial escolher indicadores que sejam sensíveis, específicos, factíveis, relevantes e éticos. Também destaca a necessidade de garantir a confiabilidade dos dados de saúde.

Ao fim da reunião, Lúcia enfatizou que “o nosso desafio é fazer com que as pessoas possam compreender que ação educativa não é ficar fazendo cursos sem planejamento”. De acordo com Langanke, é preciso pensar qual é o objetivo, e após obtido, fazer um desenho de todo o processo e rever as avaliações (se estão de acordo ou não). A diretora também anunciou que a reunião do GTEPS de dezembro será uma reunião especial, onde será pensado coletivamente como serão as reuniões do ano de 2024.

A próxima reunião está marcada para 16 de novembro.