SP encerra Semana Nacional de Humanização com rodas de conversa na região da Luz

Programação reuniu gestores, profissionais e ativistas da PNH, a fim de discutir questões voltadas à aplicação da política na saúde

Na ultima sexta-feira, 11 de abril de 2014, ocorreu, na Praça Júlio Prestes, no centro de São Paulo, o encerramento da Semana Nacional de Humanização, organizada pelo Ministério da Saúde (MS) em todo o país, para comemorar os 10 anos da Política Nacional de Humanização (PNH). Com o tema “Humanização é Inclusão, Participação e Transformação”, o evento apresentou três rodas de conversa, com participação de gestores que atuam com questões ligadas à Política, e tendas com atividades e divulgações de programas das Secretarias Municipal e de Estado da Saúde SMS-SES. A consultora nacional da PNH para a cidade de São Paulo, Cleusa Pavan, coordenou as mesas de debate.

A primeira discussão teve como título “Humanização e o direito à saúde de todos e de qualquer um”, e como debatedores o coordenador Nacional da PNH/MS Fábio Alves, o apoiador institucional da Política no Sudeste, Pedro Ivo, e o Gerente do CAPS da Capela do Socorro, Paulo Cezar da Silva. Os convidados foram instigados por Cleusa Pavan e o coordenador da Saúde Mental da SMS, Benedito Adalberto de Oliveira, a opinar sobre a mobilização em humanização do serviço e o tratamento humano de usuários com problemas psicossociais. Paulo Cezar destacou, entre outras questões, a relação existente entre a humanização e a redução de danos. “Eu entendo que a humanização traz a questão do reconhecimento do outro enquanto sujeito e participante do seu processo de cuidado. A pessoa deve ter autonomia e a capacidade de escolher o que deve ser aplicado para si mesma. Assim, procuramos orientar para que o uso da substância seja o mais cuidadoso e menos nocivo possível”, explicou.

Após um intervalo para o almoço, a segunda roda de conversa abordou o “Racismo e violência institucional”, com enfoque no preconceito com a população negra, e contou com a participação dos representantes do programa Juventude Viva, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), Gabriel Medina, e da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (SMPIR), Marco Antonio da Silva, e da pesquisadora da FGV Eliane Barbosa da Conceição. O representante da SMPIR apontou algumas situações que envolvem preconceito nos espaços de saúde. “Como exemplo, temos a diferença do tratamento para a mulher negra no momento do parto, que é submetida a uma quantidade menor de anestesia, por conta do mito de que ela tem maior resistência. Como consequência disso, registra-se um número maior de óbitos para essas parturiantes”, citou Marco Antonio.

Para encerar o evento comemorativo, a terceira roda de conversa trouxe o tema “A redução de danos como estratégia em cuidados em saúde”, sobre o qual discutiram o consultor nacional da PNH Tadeu de Paula, o psiquiatra da UNICAMP Luís Fernando Tófoli e o representante do Centro de Convivência É de Lei Bruno Ramos Gomes. Entre as diversas discussões geradas, o consultor da PNH apontou os conceitos da humanização implícitos na estratégia de atendimento por redução de danos. “O usuário de droga não tem como único problema o vício, mas necessita de cuidados para a sua saúde em diversos aspectos. A humanização busca atender cada indivíduo de maneira singular, proporcionando a este a possibilidade de um tratamento multidisciplinar”, afirmou Tadeu.

A PNH foi criada em 2003, mas teve a comemoração dos seus 10 anos adiada para 2014, durante a Semana Nacional de Humanização. Nesse período, eventos e atividades foram organizadas em todo o país, com o objetivo de promover espaços de troca de experiência e reflexões, entre os trabalhadores da saúde, acerca das ações dessa política no SUS.

Colaborador: Anderson Marinho