“Se eu perceber que meus fãs precisam destes recursos de acessibilidade eu acho tranquilo e favorável ter, meu trabalho é para todos, é algo diferente que poderia ser estudado para os meus próximos shows”. Foi essa a conclusão de MC Bin Laden depois de seu show na Virada Cultural ter contado com a presença da equipe da Central de Interpretação de Libras – CIL, um serviço da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida – SMPED. Para a secretária municipal Marianne Pinotti, além de levar a acessibilidade para o público surdo, a presença dos intérpretes é significativa também para ouvintes. “É emocionante ver a reação dos que precisam deste recurso, mas também dos que não necessitam, porque passam a compreender a importância da inclusão”, comentou. Foi exatamente o que disse Jéssica Carvalho, que estava presente no show do rapper Criolo. “Nunca tinha visto um show com tradução em Libras. É impressionante como os intérpretes sentem a música e o espetáculo ganha em qualidade“, disse. Nesta edição da Virada Cultural, foram 11 grandes shows com acessibilidade para a língua de sinais e um musical com audiodescrição para cegos.

No palco Júlio Prestes, o performático Ney Matogrosso aproveitou a presença da intérprete da CIL para interagir com ela durante o show, mostrando agradecimento ao trabalho realizado. “Foi uma experiência única interpretar o Ney Matogrosso. Não imaginei que ele seria tão receptivo em compartilhar o palco com um intérprete”, falou Caroline Martins, que ganhou um beijo do cantor. No Parque do Ibirapuera, onde ocorreu a programação da Viradinha Cultural dedicada ao público infantil, também não faltou acessibilidade. O show mais aguardado, o da Palavra Cantada, foi acompanhado por uma intérprete da CIL.

A produtora Juliana Rodrigues, 36 anos, ficou emocionada em ver os intérpretes de Libras participando do show de seu ídolo na Virada Cultural. “Achei incrível porque estes profissionais transmitem uma desenvoltura maravilhosa e conseguem traduzir tudo na hora! É bacana perceber que, em um evento deste porte, tem esta consciência da inserção da pessoa com deficiência, seja pela inserção de Libras ou pelo local reservado”, acrescentou.

Além dos shows de Ney Matrogrosso, MC Bin Laden, Criolo e Palavra Cantada, contaram também com a presença dos intérpretes da CIL as apresentações de Alcione, Ponto de Equilíbrio, Elba Ramalho, Teresa Cristina, Nação Zumbi, Arlindo Cruz, Ivone Lara e convidados.

Já no musical “Meu Amigo Charlie Brown”, estrelado por Tiago Abravanel, a audiodescrição disponibilizada pela SMPED permitiu que crianças cegas percebessem todos os detalhes do espetáculo, como figurinos, expressões faciais, cenário e mudança de tempo. Nickollas Grecco, de 9 anos, foi um dos que acompanhou a peça por meio do fone de ouvido conectado a um audiodescritor. Sua mãe, Silvia Grecco, contou sobre a reação do filho durante a apresentação: “Teve um momento em que o Nickollas deu muita risada, então questionei o motivo. Ele contou em detalhes o fato que o pote de comida do Snoopy estava vazio, e que o cachorro queria comer e chamava pelo dono, o Charlie Brown. Então, percebi que realmente ele ‘viu’ todo o espetáculo”, falou apaixonadamente Silvia.

Desde 2013, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida – SMPED tem levado acessibilidade para a Virada Cultural, somando mais de 70 atrações com este recurso.

Crédito das fotos: Divulgação/SMPED

Foto 1 - Ao lado de sua mãe,  Nickollas, de 9 anos, que é cego, acompanhou o muscial "Meu Amigo Charlie Brown" graças à audiodescrição.   

Foto 2 - Na Viradinha Cultural, o grupo Palavra Cantada foi acompanhado por uma intérprete de Libras da CIL

Foto 3 - Ney Matogrosso agradeceu ao trabalho da intérprete de Libras em seu show
 

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