Clássicos do MPB com acessibilidade: show de Ney Matogrosso e Alcione contam com Libras na Virada Cultural

Profissionais da Central de Interpretação de Libras estavam a postos para fazer os surdos e pessoas com deficiência auditiva sentirem e compreenderem as letras das melodias

Nem o vento gelado e a precipitação de chuva espantou a multidão que foi prestigiar a abertura oficial da 12° edição da Virada Cultural, que aconteceu no sábado (21), no Palco Julio Prestes, centro da capital.

De lenço brilhante na cabeça, calça preta justa e colete de penas, o excêntrico Ney Matogrosso abriu a programação da maratona de shows pontualmente às 18h, com a música "Rua da Passagem”, com o refrão marcante ‘ Todo mundo tem direito à vida, todo mundo tem direito igual’, em tom de protesto.

Profissionais da Central de Interpretação de Libras (CIL), vinculada à Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, estavam a postos para fazer os surdos e pessoas com deficiência auditiva sentirem e compreenderem as letras das melodias.

Ney fez uma performance exuberante, com danças e troca de roupas e falou a todo o público sua satisfação de estar participando deste projeto: “A região da Praça Júlio Prestes é uma das áreas mais precárias da cidade, é muito bom me apresentar aqui e mostrar algo para este povo”, comentou o cantor durante sua apresentação.

Entre as músicas de seu repertório, como “Poema” e “Roendo as Unhas”, Ney Matogrosso também cantou o sucesso “Vida Louca Vida”, famosa na voz de seu amigo Cazuza.

A produtora Juliana Rodrigues, 36 anos, ficou emocionada em ver os intérpretes de Libras participando do show de seu ídolo na Virada Cultural: “Achei incrível porque estes profissionais transmitem uma desenvoltura maravilhosa e conseguem traduzir tudo na hora! É bacana perceber que, em um evento deste porte, tem esta consciência da inserção da pessoa com deficiência, seja pela disposição da Libras ou pelo local reservado “, falou Juliana.

Durante a apresentação, Ney foi cumprimentar a intérprete de Libras Caroline Martins, mostrando agradecimento ao trabalho que realizou durante o show. “Foi uma experiência única interpretar o Ney Matogrosso, um grande ícone da MPB. Não imaginei que ele seria tão receptivo em compartilhar o palco com um intérprete. As músicas foram um pouco complexas mas foram gostosas de serem executadas”, falou a intérprete que ganhou um beijo do cantor.

O show durou mais de uma hora e reuniu pessoas de todas as idades em um dos cartões postais de São Paulo.

Alcione e sua homenagem a Cauby Peixoto

Após a performance de Ney Matogrosso, entrou em cena a voz marcante e visual impecável de Alcione no Palco Júlio Prestes . ‘Marrom’, como é conhecida, iniciou seu show com o famoso trecho “O sol há de brilhar mais uma vez”, de ‘Juízo Final’.
Com muita elegância e educação, a cantora agradeceu ao público presente e comentou sobre alguns acontecimentos recentes do país em tom de protesto como o desastre da cidade de Mariana - MG e o fim do Ministério da Cultura.

Em homenagem a Cauby Peixoto, que faleceu no último dia 15 de maio, Marrom cantou "A Pérola e o Rubi", música conhecida de seu amigo e que será uma das faixas de seu próximo DVD.

No repertório apresentado no show sucessos como “Meu Ébano”, “Loba”, “Você me Tira do Sério”, fez a Praça Júlio Prestes dançar e cantar em um grande coro.

A apresentação de Alcione também contou com interpretação de Libras.