O mais paulistano dos mercados

Conhecido por sua riqueza gastronômica, o Mercado Municipal Paulistano, também chamado de Mercado da Cantareira, ou simplesmente Mercadão, abriga cerca de 300 boxes e recebe aproximadamente 50 mil pessoas por semana. Lá se encontra de grãos a chocolates, de frutas a embutidos, passando por vinhos, doces, queijos, carnes e temperos. O público, não menos eclético, é composto por comerciantes, amantes da gastronomia, consumidores ávidos por novidades, turistas de todos os cantos do país e do mundo, donas de casa, visitantes eventuais e gourmets.

Com uma área de 12.600 m², pé direito que chega a 16 metros de altura e um acabamento sofisticado, sua construção reúne vários estilos arquitetônicos. O projeto, do escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, explora a iluminação natural com o uso de clarabóias e telhas de vidro. Os vitrais de estilo gótico foram projetados pelo renomado artista russo Conrado Sorgenicht Filho, autor também dos vitrais da Estação Sorocabana, Teatro Municipal, Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Catedral da Sé e mais de 300 igrejas do País. O vidro colorido veio da Alemanha e mais de quatro anos foram necessários para a conclusão da pintura.

As obras para a construção do Mercadão tiveram início em 1928.  Além de substituir o antigo mercado, de meados do século XIX, que ficava na Rua 25 de Março, a intenção era erguer um marco da “metrópole do café”. Sua localização, no quadrilátero formado pelas ruas da Cantareira, Comendador Assad Abdala e Mercúrio e Avenida do Estado, foi cuidadosamente pensada: o prédio ocupa uma área que, na época, era estratégica da cidade, próxima à rede ferroviária e a estação do Pari e às margens do rio Tamanduateí, facilitando o embarque e desembarque de mercadorias que eram transportadas de barco.

Quando o Mercadão ficou pronto, em 1932, a Revolução Constitucionalista impediu sua inauguração, porque o local acabou tornando-se depósito de armas e munições. Dessa maneira, a abertura oficial foi adiada para o ano seguinte, e a data escolhida foi a do aniversário da cidade, 25 de janeiro.

A popularidade do Mercadão começou a crescer no final da década de 1930, com o surgimento das primeiras linhas de bonde na região. Após o final da Segunda Guerra Mundial, com a economia brasileira aquecida, o local tornou-se o principal entreposto de alimentos paulistano. Mas após a criação do Ceasa (Centro de Abastecimento de São Paulo) na década de 60, no bairro Jaguaré, o declínio de público no Mercadão foi tamanho – a falta de segurança e das normas de higiene também contribuiu para isso – que até sua demolição chegou a ser cogitada.

Proprietários dos boxes, feirantes e simpatizantes lutaram por sua preservação. Para isso, inscreveram o prédio no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) e conseguiram o dinheiro para restaurá-lo. Nas décadas de 1970 e 80, o local passou por duas reformas.

Em 2004, aconteceu a maior reforma no Mercadão, que ganhou um mezanino de dois mil metros quadrados, destinado à praça de alimentação. Em 2006, uma parceria com a iniciativa privada fez surgir o Mercado Gourmet, uma cozinha totalmente equipada para aulas de culinária e outros eventos ligados à gastronomia. Desde então, os mais variados cursos e projetos de gastronomia têm sido promovidos, com aulas ministradas por chefs, gourmets, donos de restaurantes e culinaristas, além de eventos especiais. Shows musicais, apresentações teatrais, feiras de artesanato e eventos diversos também têm sido constantes nas dependências do Mercadão, atraindo os mais variados públicos. Tudo isso tem feito do Mercado da Cantareira um dos principais pontos turísticos da capital.

O Mercado Municipal está aberto ao público de segunda a sábado, das 6 às 18 horas. No atacado, funciona também de segunda a sábado, das 22 às 6 horas. Aos domingos e feriados seu funcionamento é das 6 às 16 horas.

Crédito da Imagem: Jefferson Pancieri - SPTuris