No Jabaquara, Vila Santa Catarina, um serviço executado diariamente pelas equipes de zeladoria da Prefeitura de São Paulo, transformou a vida da família Bittencourt. O rebaixamento de guias é corriqueiro e já reformou mais de 91 mil metros de guias e sarjetas, entre janeiro e julho deste ano. No entanto, para a família de Márcia Rodrigues Bittencourt, de 54 anos, foram apenas os quatro metros em frente a sua casa que mudaram a vida.
Márcia é a líder de uma família e filha de Percilia do Carmo Bittencourt, de 86 anos, que enfrenta o Alzheimer há uma década. A história delas chegou até a Prefeitura, através da Ouvidoria. Márcia elogiou não só o atendimento rápido, mas a maneira como foi acolhida.
Rua Alberto Sampaio, Jabaquara, São Paulo. Crédito: Thito Cassimiro/SMSUB
“Eu estava tentando fazer sozinha, mas surgiu a questão da guia. Então, busquei mais informações na Subprefeitura Jabaquara e me informaram que poderia solicitar o serviço através do SP156”. Essa autossuficiência da Márcia tem uma explicação: oganha pão vem da pintura de casas e do comércio.
Feito o pedido via SP 156, a resposta da Prefeitura veio rápido. Entre a solicitação e a conclusão do serviço, foram 9 dias corridos. “Foi um presente para minha mãe, que completou aniversário no sábado seguinte. Dessa forma, pude levá-la para a rua para receber as felicitações.”
A mãe é dependente de cadeiras rodas e com a guia alta, a mobilidade dependia de terceiros. A vizinhança pratica a empatia, mas toda vez que um carro parava na porta, vinha o transtorno. A calçada tem, ao todo, dez metros. Sair com a dona Percília, exigia muito esforço físico porque era preciso usar a força para levantar a cadeira de rodas e, dessa forma, alcançar o passeio seguinte e, só então, ter acesso à rua.
A amiga Lúcia Freitas, de 54 anos, era quem mais dava apoio, mas para não incomodar, dona Percília saía muito pouco de casa.
A geriatra Ronny Roselly Domingos, especialista em envelhecimento ativo da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), explica que “o Alzheimer prejudica a comunicação e as relações sociais e mesmo nas fases iniciais, os pacientes tendem a se isolar. Por isso, é crucial que tanto a família quanto a equipe profissional que acompanha promovam a interação social e busquem proporcionar ao paciente dias produtivos e prazerosos, assim como a manutenção de relações sociais dentro do possível.”
Márcia apresenta o serviço realizado que beneficiou a sua mãe. Crédito: Guilherme Coutinho/SMSUB
Reconhecimento
Clareza na informação, atendimento no prazo e qualidade da execução do serviço foram os estímulos que levaram Márcia a buscar o atendimento da Prefeitura de São Paulo para elogiar a equipe responsável pelo serviço.
A engenheira civil da Prefeitura de São Paulo, Ingrid Silva de Lima foi a responsável pela equipe que executou o rebaixamento da guia.
Desde a obra, as duas não se viram e o encontro foi de emoção entre elas. “É muito gratificante ver o reconhecimento do nosso trabalho. Isso motiva toda a equipe. Não se trata apenas de rebaixar a guia, mas sim de compreender a necessidade. Aqui, percebemos que a mudança traria melhoria na qualidade de vida”, conta a engenheira.
O abraço de reconhecimento pela melhora na qualidade de vida. Crédito: Thito Cassimiro/SMSUB
O destino colocou frente a frente duas mulheres que compartilham a experiência de trabalhar em profissões predominantemente ocupadas por homens. Uma pesquisa feita pelo Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea), mostra que o percentual de mulheres registradas como engenheiras no Brasil, corresponde a 19,3%. Entre as pintoras profissionais, só 10%, de acordo com a Associação Brasileira dos Pintores Profissionais (Abrapp).
No geral, o trabalho executado pelos funcionários da Prefeitura fica no anonimato. Serviço feito, munícipe atendido. Mas foi a gratidão da Márcia que trouxe à tona a importância dos serviços corriqueiros. Nem sempre notados, mas que fazem grande diferença.
À Marcia, a Prefeitura também agradece pelo reconhecimento. E comemora o resultado. Dona Persília agora… pode passear.
