Programa de Recapeamento da capital paulista é o mais sustentável da história

Prefeitura de São Paulo leva iniciativas amigáveis com o meio ambiente para Casa Brasil, no Chile

  

A decisão em reciclar ao menos metade de todo asfalto retirado das vias em recapeamento, tornou a cidade de São Paulo a mais sustentável do país quando o assunto é asfalto. A dimensão da capital paulista no cenário nacional, também projeta esse modelo de trabalho para outros Estados e Municípios brasileiros. O Brasil tem a quarta maior malha viária do mundo, superado pelos Estados Unidos, China e Índia. O Estado de São Paulo tem 22 mil quilômetros de rodovias asfaltadas e a capital paulista tem 17 mil quilômetros de vias. Ou seja: num dos países com a maior malha viária, a capital tem o equivalente em km, a 77% das estradas estaduais.

Usado ainda de forma envergonhada no país, não é pouca a relevância que o RAP Espumado (Reclaimed Asphalt Pavement) ganhou nas vias paulistanas. Na medida certa, como em São Paulo, ele traz uma economia de 20% em relação ao rachão (pedra), forma mais tradicional de recomposição da base de uma via. O RAP não substitui totalmente a brita, mas na proporção que São Paulo vem usando, os benefícios são evidentes. É o reaproveitamento com uma engenharia comprometida e voltada à sustentabilidade.


O processo de reciclagem do RAP começa durante a fresagem. O material é lançado por enormes esteiras para dentro de caminhões posicionados à frente das máquinas gigantes, que retiram o asfalto antigo. Fragmentado em pedaços menores, são levados para usinas que preparam a mistura com novos agregados e ligante asfáltico. O material volta em caminhões para ser usado como base nos reparos profundos feitos durante o recapeamento. O Rap é parte da estrutura, não a camada final.

Para ter uma infraestrutura mais sustentável, a Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB), iniciou em 22 de junho de 2022 o maior programa de recapeamento da história do país, que já recapeou mais de 9,1 milhões de metros quadrados. O uso do RAP foi definido no edital com a determinação de que, ao menos metade de todo material fresado nas vias, fosse reciclado. A reciclagem está incluída nos contratos com as empresas que prestam serviços de Conservação e Manutenção da Malha Viária, dentro do Programa de Recapeamento.

O resultado dessa decisão é que o RAP foi provando a viabilidade técnica, além da ambiental, com a redução da demanda por materiais virgens. Até outubro, a cidade já reciclou 755 mil toneladas de RAP e reutilizou nas vias recapeadas cerca de 747 mil toneladas. Estatisticamente, quase 100%.



A reciclagem também acontece no material retirado das guias e sarjetas substituídas para melhorar a drenagem das vias. São resíduos da construção que deixam de ir para os aterros e se tornam oportunidade sustentável.

As boas práticas paulistanas podem ser adaptadas em qualquer lugar do mundo. Por este motivo, o espaço Cidade de São Paulo da Casa Brasil trouxe essa experiência para dentro dos jogos Pan e Parapanamericanos que acontecem em Santiago, no Chile, de 20 de outubro a 26 de novembro.

Além do Rap, a Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB) apresentará outras duas iniciativas no Chile: o Pátio de Compostagem e o Programa Jardim de Chuva.


Asfalto 2.0

Em São Paulo, o uso de tecnologias de ponta, permitiram determinar o melhor tipo de revestimento asfáltico a ser utilizado em cada trecho de via, como, por exemplo, o Stone Matrix Asphalt — Matriz Pétrea Asfáltica (SMA), um dos melhores revestimentos com polímero disponível no mercado mundial. Conhecido como asfalto 2.0 ou do futuro, o SMA tem alta resistência à deformação, à fadiga e a vida útil também é maior. O SMA é usado em todas as vias por onde passa o fluxo mais pesado e intenso. Exemplo disso são as Marginais, a avenida Salim Farah Maluf, Avenida imperatriz, em São Miguel Paulista. Em 51% das vias recapeadas até o momento, foi feito o uso do SMA. Nas demais, a última camada é feita com o CBUQ, concreto betuminoso usinado a quente, que aumenta a durabilidade.



Cada via em recapeamento tem um projeto próprio e passou por estudo com uso de scanners a laser e medição da deflação, além do sistema Gaia, que usa um índice de engenharia para classificar as vias e foi a base de informação para o programa. Caixas com até 46 centímetros são abertas nas vias mais problemáticas para corrigir danos estruturais profundos, causados pela intensidade do fluxo e o tempo de uso.

Para São Paulo nada menos que o melhor.