Secretaria promove seminário e exposição de produtos do afroempreendedorismo

 

 

Com faturamento em alta e muitos desafios a enfrentar, a atividade econômica envolvendo afrodescendentes brasileiros tem 11 milhões de empreendedores e 68 milhões de consumidores negros no país, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Daí a importância de impulsionar os negócios e ampliar a participação da população negra no mercado – tema do seminário “Afroempreendedorismo: a População Negra e o Mercado de Trabalho”, promovido na última segunda-feira (19) pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), por meio da Coordenação de Promoção de Igualdade Racial.

A iniciativa – parte de uma série de palestras promovidas pela SMDHC em decorrência do Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, comemorado na quarta-feira, 21 de março – aconteceu na Faculdade Zumbi dos Palmares, parceira da pasta nesta e em outras atividades da Prefeitura Municipal de São Paulo. Segundo a coordenadora de Promoção da Igualdade Racial da SMDHC, Mayra Belmonte Lanza, o afroempreendedorismo vem injetando grandes somas de dinheiro no mercado, com presença em diversos ramos de negócios, como locação de carros, setor alimentício e vestuário. Mais recentemente, vem ganhando espaço no setor de turismo.

Estima-se que 50% dos microempreendedores são negros. O desafio é ganhar em escala e transformar os negócios em grandes empresas, segundo Jandaraci Araujo, uma das palestrantes do evento, conselheira da Women in Leadership in Latin América e do Grupo de Mulheres do Brasil. “O grande problema do microempresário é o capital”, afirma. “É preciso primeiro compreender o código do dinheiro. Não adianta ter acesso a crédito se a pessoa não sabe como gerir esse dinheiro”, completa.

Tecnologia
O reitor José Vicente abordou um ponto importante: as modificações no mundo do trabalho decorrentes do advento das novas tecnologias, a internet das coisas e a geração conectada. Ele citou a presença, na semana anterior, do presidente da Fundação Campus Party, Francesco Ferruggia, em evento na Faculdade Zumbi dos Palmares. “Ele veio para nos dizer que o futuro já passou. Para se inserir no mercado, a pessoa tem que passar por uma transformação mental e espiritual. Apesar de tudo, nada conseguirá superar o ser humano, o seu talento e a criatividade”. Isso, segundo José Vicente, também provocará grande impacto no empreendedorismo.

A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eloisa Arruda, deu ênfase ao papel da educação, “que é a possibilidade para ascensão não apenas aos postos de trabalho para os afrodescendentes, mas também aos cargos de liderança”.

Expositores
Além de palestras, com a participação do reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares e da secretária Eloisa Arruda, o evento contou com a participação da coordenadora de Promoção da Igualdade Racial, Mayra Belmonte Lanza, de Mafoane Odara e Carolina Gomes, líderes da Célula de Raça da Rede pela Diversidade da Avon, e de Jandaraci Araujo, conselheira da Women in Leadership in Latin América e do Grupo de Mulheres do Brasil. Elas participaram do segundo painel da noite e repassaram suas experiências aos estudantes.

Carolina Gomes, que é roteirista, falou sobre as dificuldades que as mulheres negras encontram para se inserir no mercado do áudio-visual. Mafoane Odara, por sua vez, ressaltou a importância e as vantagens que as empresas têm quando abrem espaços para as mulheres em cargos de liderança, como é o caso da Avon.

O evento também teve uma exposição de produtos de afroempreededores. Alana Tamira, da Ayo (que no idioma iorubá, da Nigéria, significa alegria), veio mostrar os produtos de sua confecção na linha slow fashion, de consumo consciente. Para ela, ser afroempreendedora é uma maneira de mostrar a outras mulheres negras que é possível garantir lugar no mercado. “Não é fácil, exige muita luta e suor, mas é possível sim ocupar espaços quando se ama o que faz”, afirma. As maiores dificuldades para empreender, segundo ela, são o excesso de burocracia, os altos impostos e a concorrência no mercado que é muito desigual. Ela cita como pontos positivos o MEI, programa de micro-empreendedores, e o apoio do SEBRAE, que promove cursos de capacitação profissional. “Tudo é uma questão de pesquisar o mercado onde você vai atuar”.

Outra empreendedora, Maíra da Costa, sócia da Free Soul Food, veio representar a sua linha de alimentação natural para o público vegetariano, vegano, pessoas com problemas de intolerância ao glúten e à lactose, e praticantes de fitness. “A ideia é proporcionar saúde pela alimentação”, diz ela, sobre o foco de seu negócio. Na comercialização, a empresa usa aplicativos de alimentação e e-commerce. “Somos afroempreendedores, mas o nosso público é mais amplo”, explica Mayra.