Toxoplasmose

Informação para o profissional de saúde

A toxoplasmose é uma antropozoonoses, que causa uma infecção aguda pelo Toxoplasma gondii é um protozoário coccídio intracelular, da família Sarcocystidae e classe Sporozoa – parasito amplamente distribuído no mundo. A prevalência dessa infecção em humanos varia de acordo hábitos alimentares (grau de cozimento das carnes, lavagem das mãos, tipo de carne ou vegetais consumidos, higienização dos alimentos, etc), situação sócio econômica ou cultural, qualidade da água, cobertura de saneamento básíco entre outros.

O parasito foi descoberto em 1908, por Nicolle & Manceaux, no Gondi, roedor do norte da África, porém sabe-se que quase ao mesmo tempo Splendore descobriu o parasito em coelho no Brasil (REY, 2008). Devido à sua morfologia arqueada, o T. gondii recebeu o nome toxoplasma que vem do grego toxo (arco) e plasma (molde), sendo a palavra gondii referente ao roedor.

No intestino delgado dos gatos (hospedeiros definitivos) ocorre a reprodução assexuada (esquizogônica) e sexuada (gametogonia), produzindo oocistos não esporulados. Quando liberados no solo e no meio ambiente pelas fezes, necessitam de 1 a 5 dias, em condição ideais de temperatura e umidade, para esporularem, ou seja, tornarem-se infectantes. Nessa espécie, o protozoário completa o seu ciclo, sendo que o felino contrai a infecção ao comer carnes cruas, ratos ou pássaros contaminados.

O homem, cão, aves domésticas e outros animais são hospedeiros intermediários e se infectam por meio da ingestão de cistos em carnes cruas ou malcozidas, ingestão de oocistos presente em alimentos mal higienizados, água contaminada ou transmissão congênita.

Os casos agudos são geralmente, limitados e têm cura, porém o protozoário persiste por toda a vida da pessoa e pode ou não manifestar em outro momento, com sintomas variados.

 

ASPECTOS CLÍNICOS DA TOXOPLASMOSE
As principais infecções por T.gondii são: Toxoplasmose adquirida em indivíduos imunocompetentes, toxoplasmose congênita e gestacional, toxoplasmose ocular, que pode ser adquirida ou congênita, toxoplasmose cerebral resultante de infecções reativadas em pacientes com imunodeficiência.

 

SINTOMAS DE TOXOPLASMOSE:
A toxoplasmose adquirida é considerada uma doença benigna e autolimitada em indivíduos saudáveis e imunocompetentes. Porém, aqueles sintomáticos apresentam mais comumente a linfadenopatia da região da cabeça e pescoço, pode estar acompanhado de febre, mal estar, dor de garganta, erupção de pele e hepatoesplenomegalia.

  • Pessoas imunossuprimidas, tais como indivíduos infectados com o HIV, pode ocorrer a reativação da infecção latente resultando em encefalite necrosante, que pode ser fatal. Transplantados ou indivíduos com qualquer outra comorbidade debilitante podem apresentar manifestações como, cegueira e lesões cerebrais.
  • Gestantes, mulheres soronegativas que apresentam a infecção aguda durante a gravidez podem apresentar sintomas mais graves como o aborto espontâneo, retardo no crescimento uterino, prematuridade, etc.
  • Recém-nascido (RN), a grande maioria dos RN acometidos são assintomáticos. Podem ocorrer sequelas tardias quando o RN não foi tratado. A tríade clássica de sintomas da toxoplasmose congênita é coriorretinite, hidrocefalia e calcificações intracranianas, porém o RN pode apresentar uma variedade de sintomas (febre, icterícia, linfadenopatia, convulsões, etc).

 

TRANSMISSÃO DA TOXOPLASMOSE

As principais via de transmissão da toxoplasmose são oral e vertical (via transplacentária).

  • Ingestão de alimentos e água contaminados com oocistos eliminados nas fezes de gatos e outros felídeos, após oocistos se tornarem infectantes (esporulados);
  • Ingestão de carne crua ou malcozida com cistos, de animais infectados, especialmente carne de porco e carneiro;
  • Transmissão transplacentária de taquizoitos, da gestante para feto.

A transmissão direta entre pessoas não ocorre, e sendo raro os casos de transmissão por inalação de aerossóis contaminados, inoculação acidental, transfusão sanguínea e transplante de órgãos.

É importante destacar que o contato direto com gatos ou suas ninhadas não é considerado o fator de risco principal na transmissão do T. gondii.

 

DIAGNÓSTICO DA TOXOPLAMOSE

O diagnóstico de toxoplasmose é complexo e, em muitos casos, é difícil diferenciar infecção aguda e crônica. Os métodos utilizados são por meio do rastreamento sorológico de anticorpos das classes IgM, IgG, IgA e Teste de avidez do IgG.

  • Em gestantes, o rastreamento sorológico de anticorpos anti T.gondii é feito no pré-natal e também a cada trimestre da gestação. O Teste de avidez até 16ª semana ajuda avaliar entre infecções aguda e adquiridas recentemente. De acordo com a idade gestacional faz a amniocentese e avaliação do líquido amniótico por PCR, se possível.
  • Em RN, a toxoplasmose é importante causa de morbidade e mortalidade infantil. A triagem sorológica ou rastreamento precoce através das classes de imunoglobulinas, IgG. IgM e IgA é imprescindível para suspeição e a realização de exames complementares. Atualmente foi implantado a pesquisa de anticorpos IgM anti-Toxoplasma gondii no sangue colhido em papel filtro para o teste de triagem neonatal, teste do pezinho ampliado.

 

TRATAMENTO DA TOXOPLASMOSE

O tratamento e acompanhamento da doença estão disponíveis, de forma integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde.

O tratamento precoce em gestantes com toxoplasmose deverá ser iniciado o mais precocemente na confirmação sorológica e tem como objetivo evitar ou reduzir as transmissões verticais ou possíveis danos ao feto infectado.

As drogas de escolha são; espiramicina (E), piretamina (P), sulfodiazina(S) e ácido folínico (AF).

 

VIGILÂNCIA DA TOXOPLASMOSE

A Toxoplasmose gestacional e congênita passaram a ser de Notificação Compulsória, através da publicação da Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016 (que dispõe sobre Doenças e Agravos de Notificação Compulsória), pela Nota Informativa CGDT/DEVIT/SVS/MS no 26 e Portaria nº 3.502, de 19 de dezembro de 2017.

A integração das áreas como a saúde da mulher, saúde da criança, atenção básica, assistência farmacêutica e laboratorial com a vigilância epidemiológica, tem como objetivo a identificação precoce da infecção aguda em gestantes e nos recém-nascidos, em tempo oportuno, para diagnóstico e tratamento, com redução de sequelas e complicações durante a gestação e no recém-nascido. Nos casos de surto alimentar, bloqueio rápido da fonte de transmissão,

 

PREVENÇÃO DA TOXOPLASMOSE

ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL

  •  Não ingerir carnes cruas, malpassadas ou malcozidas, incluindo os frutos do mar como por exemplo mariscos - (restaurantes, açougues, feiras, etc);
  • A maioria das carnes devem ficar congeladas antes do consumo por por 3 dias, a 15º negativos;
  • Após manusear a carne crua, lavar bem as mãos, toda superfície que entrou em contato com o alimento e todos utensílios utilizados;
  • Não consumir leite e seus derivados crus (não pasteurizados);

FRUTAS E VERDURAS

  • Lavar bem frutas, legumes e verduras com água filtrada antes de consumir;
  • A lavagem adequada inclui a escovação dos alimentos e a limpeza das superfícies de cozimento e os utensílios após o contato dos alimentos;

ÁGUA

  • Consumo de água 100% potável;
  • Fervura da água: antes de consumir a água é indicado o uso de filtros e a fervura, por 5 minutos, como tratamento adicional, principalmente em situações de surto da doença;
  • Manter os reservatórios bem fechados, limpeza periódica das caixa de água periodicamente, mantê-las bem vedada para minimizar os riscos de contaminação.
  • Ficha de Investigação Epidemiológica para notificação dos casos surto alimentar inserir o link do pdf digitavel da FIE notificação

MEIO AMBIENTE

  •  Cobrir as caixas de areia das crianças quando não usam para evitar que os gatos a utilizem;
  • As mulheres grávidas e os indivíduos com baixa imunidade devem usar luvas ao jardinar;
  • Grávidas tutoras de felinos devem evitar que as fezes nas caixas de areia permaneçam por mais de 1 dia;
  • Cuidados para quem tem gatos: Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não deixando que estes ingiram sua caça; a caixa de areia com dejetos deve ser renovada a cada 3 dias e colocada no sol com frequência; evitar contato com lixo que tem presença de fezes de gato.
  • Não alimente gatos com carne crua ou malpassada;
  • Mulheres grávidas e indivíduos com baixa imunidade devem evitar manusear as caixas de areia;
  •  Se não houver mais ninguém disponível para trocar a areia, use, se possível, máscaras faciais e luvas, além de lar bem as mãos com sabão e água tratada adequadamente;
  • Usar fontes de água com qualidade e adequadamente tratadas para os animais;

 

Saiba mais: