Samba com as Mãos: Capital lança mais uma edição de projeto voltado para comunidade surda com show da banda Inimigos da HP

Evento contou com a participação da Bateria Inclusiva e escolas de samba do Grupo Especial e Acesso I

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) e em parceria com a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP), lançou ontem (05) a 8ª edição do Samba com as Mãos, na Praça das Artes, localizada na Av. São João, 281 - Centro Histórico de São Paulo.

O público foi recebido pela Bateria Inclusiva composta por um mestre, 10 ritmistas, um cantor, duas passistas e uma porta estandarte, todos com deficiência. O grupo participa do carnaval de São Paulo em diversas agremiações e teve sua estreia na Casa Brasil Paralímpica durante os Jogos Paralímpicos de Santiago, no Chile, em novembro de 2023, prestigiando os atletas.

A Primeira Dama da cidade de São Paulo, Regina Nunes, que é madrinha do Carnaval Inclusivo, prestigiou o evento: ‘’A Silvia (secretária municipal da Pessoa com Deficiência) me convidou para ser madrinha desse projeto e eu fiquei tão feliz, mas tão feliz! Aceitei prontamente. Silvia, muito obrigada! Eu estou muito feliz por estar participando deste evento. Estou muito feliz com esse momento. Obrigada!’’

A secretária Silvia Grecco destacou a importância da inclusão nessa grande festa: ‘’O carnaval é uma festa do povo! É uma festa democrática. É a festa que cabe a todas as pessoas e por isso, jamais, as pessoas com deficiência poderiam ficar de fora.’’

Também estiveram presentes: a secretária municipal de Cultura, Aline Torres; o secretário municipal de Educação, Fernando Padula; a secretária municipal de Segurança Urbana, Elza Paulina; e a coordenadora de Políticas Públicas para Pessoas LGBTI+, Léo Áquilla.

Matheus Scarcchetti, Associação de Pais e Amigos de Mauá, veio da Grande São Paulo para conferir o lançamento: ‘’É importante que esse projeto, que possui a Libras, faça com que as pessoas consigam compreender as músicas, ver os ritmos, entender as letras, tenham os mesmos sentimentos traduzidos na própria língua e os mesmos detalhes.’’

As escolas de samba do Grupo Especial e Grupo de Acesso I, que participam do Samba com as Mãos, estiveram presentes e receberam a homenagem “Escola de Samba Parceira da Inclusão”. Presidentes e representantes dos presidentes das escolas de samba foram presenteados com um troféu feito pela FabLab Livre SP, programa da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia, que detém uma das maiores redes de laboratórios públicos de fabricação digital do mundo.

O encerramento ficou por conta de um dos nomes mais expressivos e festivos do cenário atual do pagode, Inimigos da HP. Formada por Sebá (vocal), Tocha (tantam), Cebola (pandeiro), Gui (cavaquinho) e Alemão (surdo e percussão) na década de 1990, a banda acumula sucessos como Toca Um Samba Aí, Bons Momentos, Musa da Praia e Nosso Filme.

O nome da banda é uma brincadeira em homenagem à famosa calculadora (HP), uma das principais ferramentas de trabalho para os engenheiros. Como a maioria dos integrantes exercia essa profissão, quando estavam se divertindo fazendo um som, eles se consideravam inimigos da calculadora e então fizeram dessa brincadeira o grupo de Inimigos da HP.

O evento contou com cabine de audiodescrição, recurso de acessibilidade destinado às pessoas com deficiência visual e cegas e intérpretes de Libras.

Sobre o projeto
Conforme o Censo Brasileiro de 2010, revisado pelo IBGE no final de 2017, a cidade de São Paulo possui 120.660 pessoas com deficiência auditiva. Para esse tipo de deficiência a comunicação é feita através da Língua Brasileira de Sinais, mais conhecida como Libras. A forma de se comunicar vai muito além das mãos, as expressões faciais e os gestos corporais são fundamentais para o entendimento e conversação.

O Samba com as Mãos, criado em 2017, disponibiliza vídeos com a interpretação em Libras dos sambas-enredo das escolas que pertencem ao Grupo Especial e Grupo de Acesso I — este último incluso desde o Carnaval de 2023, e assim, gerando a promoção da acessibilidade comunicacional para as pessoas com deficiência auditiva e surdas.

As gravações realizadas em dezembro do ano passado na Fábrica do Samba, contaram com o apoio de integrantes das agremiações, intérpretes de Libras e surdos. Ao todo, são 22 sambas enredos interpretados.

Para que se tenha a tradução é necessária uma pesquisa, estudo e empenhos específicos, pois as letras dos sambas muitas vezes usam palavras de origem africana e ditos populares. O intérprete de Libras trabalha em conjunto com o autor da composição para que nada se perca e o contexto se mantenha. Além disso, o projeto conta com o apoio de pessoas com deficiência auditiva para haver a validação.

Os vídeos com as interpretações estão disponíveis nas redes sociais da SMPED (Youtube, Instagram, Facebook). As publicações seguiram a ordem dos desfiles no Sambódromo do Anhembi, que ocorrerão nos dias 9, 10 e 11 de fevereiro.