O que nos impressionou, foi a velocidade com a qual a Prefeitura abraçou o projeto” diz presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, sobre os Jogos Parapan – americanos de Jovens SP 2017

Presidente destacou a parceria com a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, que apoia a principal competição do continente voltada para jovens talentos do esporte paralímpico

A quarta edição dos Jogos Parapan-Americanos Jovens, realizada no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, já começou com muita festa e medalhas para muitos jovens talentos do esporte paralímpico. A competição iniciou na última segunda, 20 e terminou no sábado, 25. Nos seis dias, a torcida lotou as arquibancadas e vibrou com as equipes dos 19 países participantes. Mais de 50 escolas foram ao CT para assistir aos jogos. O Brasil fechou o quadro de medalhas em 1º lugar com 66 de ouro, 41 de prata e 32 de bronze. A delegação brasileira, que chegou às finais no basquete, natação, bocha, judô, tênis em cadeira de rodas, entre outras, permaneceu na liderança no quadro de medalhas. O presidente do Comitê Paralímpico, Andrew Parsons destacou a importância do evento para o país e a parceria com Prefeitura de São Paulo:

“É uma mensagem muito forte. Depois dos Jogos do Rio 2016, chegamos ao mais alto nível de rendimento. Organizamos uma competição em um local que é o legado dos Jogos, mas que é absolutamente focado nos Jogos do futuro. Aqui estão os atletas da nova geração que foram inspirados pelos Jogos do Rio. Acho que é uma mensagem de compromisso do CPB com o fortalecimento do esporte paralímpico, obviamente no Brasil. A parceria do Parapan com a Prefeitura foi fundamental para que pudéssemos entregar um serviço de alto nível para os países. Desde o apoio à cerimônia de abertura, o transporte dos atletas, enfim, foi muito gratificante. O que nos impressionou foi a velocidade com a qual a Prefeitura abraçou o projeto e a agilidade demonstrada nas tomadas de decisões do dia a dia. Normalmente, estamos acostumados a lidar com o poder público em uma outra velocidade; superou nossas expectativas” , disse o presidente que ainda falou sobre projetos com a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência:

“Nós temos discutido, principalmente com o secretário Cid Torquato, ideias e projetos. Após o término dos Jogos vamos nos reunir para discutirmos a elaboração de um projeto em parceria com a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, com o município de São Paulo, onde está o Centro de Treinamento Paralímpico. Os projetos em parceria com a SMPED em São Paulo pode vir a se tornar um modelo a ser replicado em outras cidades do Brasil” ressaltou.

O assessor técnico de Paradesporto da SMPED, Sergio Gatto, que atua com esporte paralímpico há 23 anos, falou sobre as mudanças positivas que ocorreram nos últimos anos: “A mudança é impressionante. Hoje você tem o Brasil em todas as modalidades. Em 2008, chegou pela primeira vez entre os dez melhores países do mundo e ficou em 9º lugar em Pequim. Vimos um crescimento enorme, não só no esporte de alto rendimento, mas na questão escolar também. Atualmente, observamos dois pontos: o aluno com deficiência na escola começando a praticar esporte. Essa iniciação da criança com deficiência no esporte é uma mudança importantíssima; o professor de educação física começa a tratar este aluno com igualdade, ou seja, é uma crescente. Então, na verdade, não adianta você ter um esporte de rendimento, se você não tiver base. Acredito que isso vem mudando, está se tornando forte no país, é visível essa transformação. São muitas as competições; desde campeonatos regionais, campeonatos escolares, campeonatos nacionais, a ponto de você ter em São Paulo hoje, um Parapan Americano de Jovens com mais de 1.000 atletas das Américas com nível extremamente alto, sendo que muitos já passaram pelos Jogos Escolares do Estado de São Paulo. Eles são a próxima geração e, com certeza, muitos desses atletas que estão hoje aqui nos Jogos, vão representar o Brasil em Tókio 2020” disse Sergio.

 

Atletas

Com idade entre 13 e 21 anos, cerca de mil atletas de 20 países estão participando das disputas que contam com 12 modalidades: atletismo, bocha, futebol de 5, futebol de 7, goalball, judô, halterofilismo, vôlei sentado, natação, tênis de mesa, basquete em cadeira de rodas e tênis em cadeira de rodas.

O atleta Guilherme Martins França que está competindo na bocha, é de Guarulhos, São Paulo, e está pela primeira no Parapan. Segundo o jovem, o esporte trouxe muitas oportunidades para ele e o inspira a seguir atletas brasileiros campeões na modalidade, como atleta paralímpico de bocha e coordenador do SMEL Mogi, Dirceu José Pinto:

“Não dá para explicar você representar o Brasil; o país e várias pessoas torcendo por você é uma emoção inexplicável. Eu acho que as Paralímpiadas, principalmente aqui no Brasil, foram um fator determinante para tudo isso que está acontecendo. Vejo que as pessoas não vêem mais o atleta paralímpico como uma pessoa excluída da sociedade ou uma pessoa inferior às outras. Vejo que as pessoas estão mais cientes do que é o esporte paralímpico. Hoje eu treino no clube do Dirceu, que é da Bocha e o Maciel. Tenho a oportunidade de estar com esses caras que são feras, são referências para mim, e hoje sim, o meu objetivo é estar em uma seleção de base. E porque não sonhar com a seleção principal? Se Deus quiser, 2020 Tókio, estarei lá com o Dirceu e o Maciel que são minhas referências” finalizou.

Caroline da Silva Barbarino, 22 anos, atleta de natação, também de são Paulo, não está competindo neste ano, mas foi vice-campeã em 2013 no Parapan de Jovens na Argentina e está se preparando para os Jogos Paralímpicos Tókio – 2020: “Rio 2016 foi um espetáculo. Hoje temos muitos recursos e as portas estão sempre abertas para treinos. O país tem valorizado cada vez mais pessoas que tem vontade de treinar, são jovens que tem muita coisa pela frente, tem Tókio 2020 vindo aí e eles estão batalhando para isso. Estou treinando e espero estar lá” disse Caroline.

Já para a atleta, também da natação, Ana Laura, 13 anos, de Bauru, interior de São Paulo, o esporte paralímpico precisa ser mais reconhecido: “Ainda não chegou como o convencional, que é muito mais transmitido que o paralímpico. Eu acho que não existe isso, tem que ser igual, até porque fazemos as mesmas coisas que eles”.

João Paulo, de 17 anos, atleta da natação classe 6SB5, de Santa Catarina, disse que as pessoas começaram a ver as pessoas com deficiência com um outro olhar: “Com as competições, as pessoas começaram a ver que a pessoa com deficiência é capaz de fazer tudo. Começaram a ter uma um pensamento mais positivo com relação ao esporte paralimpico, que antes não era tão visado. Vem crescendo, mas tem muito mais a crescer, para chegar perto do esporte olímpico” disse João, que pretende participar dos Jogos em Tókio 2020.

O técnico do atletismo, Cássio Daniel, afirma que, em poucos anos, o cenário das competições paralímpicas no país mudou muito e que a tendência, juntamente com as novas tecnologias, é que mais jovens possam ingressar nas competições: “Observamos que hoje, existe uma demanda maior de jovens. Recebemos muitos atletas com entusiasmo para competir nos Jogos, isso é simplesmente fantástico” concluiu.

Para mais informações, acesse: http://saopaulo2017.com/site/