Encontro promove debate sobre consciência negra no serviço público

Falar de racismo institucional no setor público é promover um ambiente com mais informação e conscientização, possibilitando caminhos inclusive para a denúncia. Por isso, com o objetivo trazer as questões de racismo e em atenção ao Dia da Consciência Negra, a Secretaria de Gestão promoveu nesta quarta-feira, 30, a mesa de debate “Consciência Negra no Serviço Público”.

O evento, que contou com cerca de 140 servidores municipais e foi transmitido ao vivo pelo Youtube da Secretaria de Gestão, trouxe diversos temas, como ações da Prefeitura de São Paulo de combate ao racismo (dentro e fora da Prefeitura). Autoridades e especialistas no tema participaram da mesa.

Além da mesa de debate, o evento também contou com uma exposição de produtos de 5 empreendedores afrodescendentes participantes do Programa Municipal São Paulo Afroempreendedor, que, desde sua criação, em 2016, promove ações que fortalecem o crescimento das iniciativas produtivas no universo da economia criativa e solidária de empreendedores afrodescendentes.

Marcela Arruda, Secretária de Gestão acredita que a Administração Municipal precisa de atos concretos para ter mais negros ocupando espaços. "Eu quero olhar para o grupo de servidores e ver um percentual maior de diversidade. Quero mostrar para o jovem negro que ele pode estar aqui na Prefeitura, que ele pode ter essa escolha", afirma a secretária. Vale lembrar que a Secretaria tem um compromisso em promover a diversidade em seu Programa de Estágio, com a alocação de 20% das vagas para negros e 10% para pessoas com deficiência.

"Nosso objetivo é a igualdade estrutural. Temos que normalizar a igualdade, seja no trabalho, na escola, enfim... na sociedade de um modo geral", afirma Soninha Francine, Secretária de Direitos Humanos e Cidadania.

Aline Torres, Secretária de Cultura, lembra que o racismo é um problema de todos. “O racismo adoece, nos coloca em um lugar de limitação”, afirma.

Lilian Azevedo, Procuradora do Município de Salvador, entende que é fundamental a valorização da potência da diversidade. "Nós queremos o pertencimento, dói sentir o racismo na pele. A nossa história não começa na escravidão. É preciso entender a história africana para repensar as políticas públicas".

"Eu gostaria de viver em um mundo onde nós não precisássemos falar sobre isso, mas infelizmente a intolerância ainda reina na sociedade”, afirma a Chefe de Gabinete da Secretaria de Gestão.

Elisa Rodrigues, Secretária Executiva Adjunta na Secretaria dos Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo entende que o racismo deve ser discutido o ano todo, não só em novembro. “Nós, enquanto SMDHC, lidamos com muitas denúncias de discriminação dentro da Prefeitura. Mas as pessoas não seguem a frente por medo, elas temem uma exoneração".

Ellen da Silva, afirma que o racismo não é um assunto só de quem é negro, mas sim, de toda a sociedade. “Não foram pessoas negras e indígenas que criaram o racismo, portanto as pessoas brancas têm a responsabilidade em combatê-lo”, salienta.

Vale lembrar que a vítima de racismo pode ligar para o 156 e terá sua denúncia registrada.