Aula Magna com Mario Sergio Cortella

"Educação à Distância" é meio para capacitar servidores municipais

Durante mais de duas horas, na tarde da última quarta-feira, 08/12, na Sala Jardel Filho, do Centro Cultural São Paulo, os quase 500 formandos do curso de Educação à Distância "Relações Interpessoais e Conflitos", promovido pela Escola de Formação do Servidor Público Municipal, ouviram atentamente, e mostrando muito interesse e participação, a Aula Magna de encerramento deste ano. O palestrante foi o Doutor Mário Sérgio Cortella, filósofo, professor titular da Pontifícia Universidade Católica.
 

O professor Cortella, que foi secretário municipal da Educação entre 1991 e 1992, discorreu sobre o tema "Cenários da Antropodiversidade", nome um pouco complicado para definir todos os assuntos ligados aos diferentes tipos e formas de existência do ser humano, principalmente numa megalópole como São Paulo. Esse extremamente diversificado tipo de gente é que vai se relacionar, nas várias atividades da Prefeitura, com os servidores municipais que frequentaram o curso, que é a atualização para este ano de 2010 recomendada pelo "curso mãe": "Excelência no Atendimento ao Cidadão".
 

A Aula Magna foi a convite da Coordenadoria de Assuntos da População Negra - CONE, da Secretaria Municipal de Participação e Parceria, para o curso organizado pela Escola do Servidor, hoje integrada à Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão - SEMPLA. O curso é voltado especialmente para os funcionários que trabalham no atendimento ao público e é tido como um "cartão de visitas" da Prefeitura de São Paulo.
 

Tendo servidores voluntários como responsáveis pelo conteúdo, pela primeira vez, o curso foi no sistema EAD - Educação à Distância, transmitido pela rede de computadores da Prefeitura. Nesse sistema, desenvolvido pela Prodam, participaram 492 servidores, e outros 1.216 cursaram no sistema tradicional, o presencial em sala de aula, conforme informa a coordenadora, professora Rosane Segantin Kepkke.
 

A abertura da solenidade de encerramento do curso coube ao secretário de SEMPLA que destacou a importância para os 120 mil servidores ativos da Prefeitura em procurar contínuos aperfeiçoamentos no atendimento às demandas do cidadão. "A recomendação é estudar, estudar e estudar, para melhor tocar a máquina pública, e cumprir o objetivo de total transparência, que caracteriza a atual administração municipal", disse.
A realização do curso, pelo método de Educação à Distância, concretiza o que está contido na Meta 222 da Agenda 2012, que prevê a capacitação de 14 mil servidores dessa forma. Para o próximo ano, a SEMPLA já está preparando grandes novidades e avanços em termos de cursos à distância, adiantou o secretário, referindo-se a reuniões que tem mantido com o professor Wilson Mendes de Souza, o diretor da Escola de Formação do Servidor Público Municipal.

Horizonte

O professor Mário Sérgio Cortella destacou a necessidade de sempre se buscar a excelência, que ele definiu como "um horizonte", e citou o filósofo Sócrates, para explicar a procura constante pelo aperfeiçoamento: "Só sei que nada sei".
 

O que o professor também deixou bem claro é a diferença entre ser famoso e ser importante, destacando que esta última situação é daqueles cuja falta, por qualquer motivo, é logo sentida no trabalho, dada a relevância e qualidade com que exerce suas funções. Em oposição, há aqueles que ele chamou de "mornos", que dão importância ao que é fútil, banal, vazio e, logicamente, sem importância.
 

Cortella também recomendou aos formandos: "Afastem-se de gente velha". E esclareceu a diferença desses com os idosos, que, mesmo com mais idade, estão sempre abertos a novos desafios e mudanças no modo de vida. Ao estender-se pela ampla diversidade humana existente principalmente em nosso País, o palestrante deu uma outra recomendação: "Saber que se é pequeno é o primeiro e mais importante passo para crescer. E gente que não cresce não é importante".
 

Outro conceito bastante salientado pelo professor Cortella é o de que "ser diferente não é ser desigual", ao abordar o problema dos preconceitos, de raça, cor, situação econômica, e outros muito disseminados na sociedade brasileira. Para saber conviver com o que chamou de ameaça do que é diferente, ele preconizou a importância de se buscar uma "tolerância ativa".
 

A aula magna se completou com uma sessão de perguntas diretas de alguns formandos ao professor Cortella, num clima de bastante entusiasmo e satisfação. Quanto ao curso em si, vários alunos elogiaram a idéia de se implantar o sistema de Educação à Distância, embora alguns tenham restrições "por causa das deficiências de equipamentos e da rede em muitas repartições".

Outro problema apontado com freqüência é a "sobrecarga de trabalho, pela quantidade pequena de funcionários para atender à crescente demanda, notadamente em bairros periféricos".