Seminário de Saúde do Servidor 2010

Neste ano Humanização foi tema do encontro que reuniu 400 servidores

Cerca de 400 servidores participaram do Seminário de Saúde do Servidor 2010, que abordou este ano o tema “Humanização: Uma Responsabilidade Social – Conceitos, Limites e Possibilidades”.

O Seminário, realizado nos dias 18 e 19 de novembro, na Casa de Portugal, é promovido anualmente pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Sempla), por intermédio da Coordenadoria de Gestão de Pessoas (COGEP) e do Departamento de Saúde do Servidor (DESS). O tema Humanização teve origem no trabalho desenvolvido pelo DESS e COGEP visando ao aprimoramento dos serviços prestados aos servidores públicos municipais.

Na abertura do evento, a coordenadora de Gestão de Pessoas, Dolores Maria dos Santos, e o diretor do DESS, José Carlos Baccarin, falaram da importância do tema escolhido. Segundo Dolores, o objetivo é incentivar a reflexão sobre os processos e modelos de atenção e gestão utilizados, a fim de promover mudanças pessoais e coletivas que privilegiem a humanização em todos os níveis de trabalho, buscando alcançar sempre maior qualidade de vida e, conseqüentemente, melhor atendimento ao servidor e ao cidadão.

Durante os dois dias, os servidores assistiram a várias palestras que ilustraram os diversos aspectos ligados à humanização no cotidiano de trabalho das instituições como um todo, além de atrações culturais. Apresentaram-se o coral “Verde em Canto”, formado por funcionários da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), a Orquestra de Câmara dos alunos da Escola Municipal de Música e o contador de histórias e oficineiro da SVMA, Samuel Souza de Paula.

Uma equipe de enfermagem do DESS realizou exames para prevenção de riscos cardiovasculares como hipertensão, diabetes e obesidade, com a medição de glicemia, pressão arterial, peso, altura e cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC).

Na primeira palestra, “A gestão de pessoas e a Ouvidoria como instrumentos de Humanização”, Mônica Ludmer e Rosana Aparecida Franchi Brito, assistentes sociais, falaram sobre a experiência em gestão de pessoas no Hospital Maternidade-Escola Dr. Mario de Moraes Altenfender Silva (Vila Nova Cachoeirinha). Rosana, assessora de humanização e ouvidora do hospital, destacou algumas ações que o órgão tem desenvolvido em prol do bem-estar dos pacientes e acompanhantes. São ações simples, mas de grande impacto, entre elas a adoção de “doulas” (voluntárias que dão apoio físico e emocional às pacientes, especialmente no pré-parto), utilização de cortinas nas salas comunitárias para aumentar a privacidade, criação de cartório interno para registro de recém-nascidos etc.


Mônica, diretora de gestão de pessoas do Hospital, destacou as ações e programas voltados aos funcionários, como a eliminação dos vidros nos balcões de atendimento, eliminação de divisórias em alguns departamentos, aulas de dança de salão e práticas corporais, criação de espaço para meditação, cine-pipoca, com sessões periódicas de filmes alugados, além de um coral e um grupo de teatro. Segundo ela, “humanizar significa respeitar o trabalhador enquanto pessoa”.

Na palestra “Motivação para desenvolver características humanas positivas”, Anivaldo Solano Santos, especialista em Administração Pública, assessor da Autarquia Hospitalar e instrutor da Escola do Servidor destacou que é preciso transformar o trabalho em prazer e saber aproveitar as oportunidades que aparecem. “É estranho falar de humanização para humanos. Humanizar deveria fazer parte da natureza do homem”, comentou Santos.

Na mesa redonda mediada por Cláudio Dimmer Magrini, médico do trabalho e diretor da Divisão de Perícia Médica do DESS, foram abordadas práticas de humanização. Clara Sette Whitaker Ferreira, médica sanitarista, apresentou a “Política de Humanização do Ministério da Saúde”; Edna Muniz de Souza, assistente social e psicóloga da Secretaria Municipal de Saúde, falou sobre “Práticas de Gestão de Pessoas na SMS: um olhar para a qualidade de vida e organização do trabalho”; e Cláudia de Crescenzo, fonoaudióloga, também da Secretaria de Saúde, falou sobre as conquistas e desafios do Comitê Municipal de Humanização.


“Reinserção no trabalho e humanização” foi o tema da palestra de Maria de Fátima e Silva, pedagoga, com atuação nas áreas de Inclusão Social, Educação e Recursos Humanos. Ela falou das dificuldades de adaptação no retorno ao trabalho de uma pessoa que tenha sofrido um acidente, por exemplo, e ficado com algum tipo de deficiência; da importância do acolhimento e do respeito à diversidade humana. “Por conta do trabalho de humanização, abriu-se uma pequena porta para a inserção da pessoa com deficiência no mercado, mas ainda há muito a fazer. É preciso olhar para o ser humano como um todo, respeitando as diferenças”, destacou Maria de Fátima.


A palestra “Práticas de Humanização no cotidiano do DESS – Ações e Perspectivas” deu início ao segundo dia do encontro. Beatriz de Abreu Dallari Guerreiro, assistente jurídica do DESS, apresentou o trabalho realizado por todas as áreas do Departamento de Saúde do Servidor, que é responsável pelo atendimento médico-pericial e pela implementação de um conjunto de ações e políticas de promoção à saúde para os servidores da Prefeitura de São Paulo, que visam melhorar ou preservar a saúde dos servidores, envolvendo servidor, ambiente e gestor.


Dentre essas ações destacam-se os programas municipais de Saúde Vocal, de Reinserção, de Atenção a Servidores Usuários de Álcool e outras Drogas, Agita Sampa Servidor, Programa de Preparação para Aposentadoria, Programa de Readaptação Funcional, além de cursos de formação de cipeiros e palestras sobre qualidade de vida no ambiente de trabalho. O DESS também produz estudos, boletins epidemiológicos e informações gerenciais, com o objetivo de subsidiar ações de saúde do servidor, tanto no âmbito do Departamento como em toda a Prefeitura. “A humanização está presente em todas as áreas e programas do DESS, que acompanha o servidor ao longo de toda a sua vida profissional, armazenando informações que serão úteis para a sua aposentadoria e aos seus herdeiros”, concluiu Beatriz.


Na seqüência, Cláudio Dimer Magrini falou sobre “Relacionamento do DESS com usuários – Humanização da Perícia”. O atendimento médico-pericial tem por finalidade avaliar a saúde do servidor para fins de concessão de licenças médicas, aposentadoria por invalidez, readaptação funcional, registro e benefícios de acidente e doenças do trabalho, enquadramento na legislação de isenção do imposto de renda; pensão mensal e salário família, por meio de perícias presenciais, documentais ou domiciliares, e avaliação de capacidade laborativa. O DESS tem feito um trabalho de avaliação dos registros médicos periciais com o objetivo de controlar e garantir a qualidade técnica e ética no atendimento, de acordo com os protocolos médicos. “Com isto, pretendemos fazer o controle de qualidade no atendimento médico, parte essencial do processo de humanização”, informou Magrini.


“Prevenção de acidentes de trabalho: a humanização dos ambientes“ foi o tema abordado por Jussara Kuper da Silva Machado, engenheira, membro da equipe de Avaliação Ambiental, da Divisão de Promoção à Saúde do DESS. Foram apresentados todos os riscos inerentes ao trabalho (ambientais, ergonômicos, físicos, químicos, biológicos, e de acidentes), métodos de controle desses riscos e ações corretivas. Segundo Jussara, treinamentos para prevenção de acidentes e planos de emergência, bem definidos e divulgados para todos, são importantes fatores de controle das causas de acidentes de trabalho, que envolvem aspectos humanos e técnicos. “Quando se têm fatores de risco, é importante que existam também procedimentos de tarefas. O acidente geralmente acontece quando não existe um fator de controle”.


“Clima organizacional: humanização e saúde dos trabalhadores” foi o assunto da palestra de Mirtes Moreira Silva, especialista em Saúde Pública e Ambiental e educadora vinculada à Rede Municipal de Ensino. Mirtes falou de sua tese sobre educação e saúde ambientais na área da Educação, além dos conceitos sobre Clima Organizacional, que é o retrato de um ambiente de trabalho, num determinado momento, feito a partir da avaliação dos funcionários (pesquisa de clima). Devem ser avaliados diversos aspectos relacionados à percepção dos entrevistados quanto ao reconhecimento profissional, postura da chefia e quanto às propostas para o futuro. Os resultados dos relatórios mostram se a qualidade do clima, ou ambiente de trabalho, é boa ou não, e indicam as medidas a serem tomadas. “A humanização é um aspecto importante que gera mais respeito, solidariedade, cooperação e harmonia entre todos”, destaca.


A última palestra do Seminário abordou a “Ética da fragilidade humana”. Ana Cláudia de Lima Quintana Arantes, médica e especialista em Cuidados Paliativos, falou da importância de se refletir sobre a fraqueza humana extrema, o tempo na nossa vida e a morte. Segundo Ana, o paliativo, na nossa cultura, está relacionado a algo que não funciona, mas paliar não é deixar de cuidar. Cuidados paliativos são cuidados de proteção e cuidar bem do outro faz a pessoa viver mais. “A dor não deve ser tratada só com analgésicos. É preciso avaliar todas as dimensões; emocional, profissional, familiar, espiritual etc.” Nós todos somos servidores de seres humanos. Convido a todos para refletir sobre a importância do que cada um faz. A empatia pode ser uma grande ferramenta de trabalho”.

“Esperamos ter contribuído para que as pessoas busquem sempre um ambiente saudável no trabalho e no relacionamento entre si, o que traz maior realização tanto profissional, quanto pessoal”, concluiu Baccarin.