Servidores participam de palestra sobre Nova Ortografia

Pela segunda vez, em 2013, mais de 200 funcionários municipais da Administração Direta, de todas as carreiras, compareceram para assistir à palestra “Nova Ortografia da Língua Portuguesa”, na Escola de Formação do Servidor Público Municipal. O objetivo era se aprofundar no conhecimento das mudanças feitas em diversos aspectos da nossa língua, importante meio de trabalho no dia a dia da Prefeitura.

A palestra foi conduzida pela professora Edleuza Ferreira da Silva, também uma agente geral de políticas públicas (AGPP) da Subprefeitura de Aricanduva, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo e graduada em Licenciatura em Língua Portuguesa, também pela USP. O objetivo, conforme Rosane Keppke, a diretora da Escola “Álvaro Guerra”, é fornecer subsídios para aprimorar o desempenho funcional do servidor quanto à escrita em Língua Portuguesa”.

A professora fez um breve histórico sobre as evoluções das mudanças feitas no nosso idioma, inclusive nos outros sete países onde se fala Português: Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste. Em termos de Brasil, são 21 as bases de mudanças trazidas pelo Novo Acordo Ortográfico, que entraria oficialmente em vigor dia 1º de janeiro de 2013, o que foi adiado por mais três anos, mas que, na prática, já é adotado largamente pelos brasileiros, inclusive pelos principais meios de comunicação de massa.

Desse volume de mudanças, a professora Edleuza concentrou a palestra em quatro mais significativas e que suscitam o maior número de dúvidas e, conseqüentemente, de incorreções em textos: o alfabeto (com a introdução do K, do W e do Y), o trema, a acentuação das paroxítonas e o hífen ou traço de união.

“Já está dito, e deve ser geralmente sabido, que, por motivos igualmente reconhecidos, raramente haverá trabalho literário que mais susceptível seja de correções e aditamentos do que o dicionário de uma língua“.

Essa citação de Cândido de Figueiredo, 4a ed. de seu Novo Dicionário da Língua Portuguesa (Lisboa, 1925) está na página da Academia Brasileira de Letras na Web que trata dos aditamentos e correções no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa ilustra bem as dificuldades que todos têm em redigir e falar nosso idioma de acordo com as determinações oficiais, frequentemente objeto de alterações.


Cuidados

Na prática, o acordo está valendo. Por isso, é importante saber algumas situações perigosas ao escrever um texto. O trema caiu, e o certo é: tranquilo, líquido, linguiça, cinquenta.

A palavra por, quando preposição, não leva circunflexo, mas se for verbo, escreve-se pôr. O mesmo não ocorre com para, sem acento quando for verbo ou preposição (situação idêntica para o substantivo e o verbo pelo).

No caso dos verbos ter e vir, há circunflexo na terceira pessoa do plural do indicativo: eles têm humor, eles vêm à festa. E algumas palavras muito usadas, terminadas em ditongos abertos tônicos, perderam acentuação: ideia, plateia, assembleia, estreia, diarreia, paranoia, jiboia, geleia, por exemplo.

O problema é que há vários casos desse tipo em que o acento permanece: fiéis, anéis, véu, céu, constrói, papéis, troféus, anzóis, heróis. Nos hiatos seguintes o circunflexo caiu: voo, enjoo, moo, perdoo, creem, deem, leem e veem.

O acordo ortográfico afetou também o uso do hífen, não mais usado em situações em que os prefixos encontram palavras iniciadas com “r” e “s” e agora passam a dobrar essas consoantes. Assim: antessala, minissaia, corresponsável, ultrassonografia.

Também não há hífen quando a vogal inicial do segundo termo é diferente daquela que termina o prefixo: infraestrutura, autoavaliação, extraoficial.

Mas, o também chamado traço de união continua quando houver os prefixos bem e mal seguidos de vogal, “h’ ou “l”: bem-vindo, bem-humorado, mal-limpo, mal-estar. Como sempre, há exceções: benfeitor, malcriado e malfeito.

Outras decisões constantes no acordo ortográfico: hífens em para-brisas, para-lamas e para-choques; mas, não em paraquedas e mandachuvas.


Consultas

Como é complicado saber todas essas regrinhas, sempre que surgir alguma dúvida, pode-se consultar o portal da PMSP. Entrar na página da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão e (na coluna à esquerda) Escola de Formação, para encontrar o arquivo com todo o conteúdo das mudanças ortográficas, preparado pela professora Edleuza Ferreira da Silva.